maio 30, 2006

Caros amigos e companheiros da Economia Solidária

Um dia depois do encerramento da I Conferência Estadual de Economia Solidária, só deu tempo de publicar as fotografias do primeiro dia do evento, coisa que fiz na manhã de segunda feira; em seguida viajei para Brasília.

Aqui estou na capital da república para participar do VI Encontro dos Coordenadores dos Programas de Saúde Mental que será encerrada no dia 31 de maio. Assim que retornar a Manaus estarei publicando as fotografias do segundo dia da conferência, que segundo informou o João foi uma das conferências estaduais mais tranquilas e harmoniosas das que foram realizadas em todo o país.

Torço para que os companheiros escolhidos como delegados para a Conferência Nacional de Economia Solidária nos representem com dignidade.

No futuro, penso que devemos rever a metologia de escuta e aprendizado de todas as experiências de economia solidária no estado do Amazonas, de modo que os companheiros de cada município amazonense conheçam melhor a realidade vivida em cada lugar, e que haja troca de informações que permita a socialização do conhecimento da realidade de cada lugar. Só assim nossos delegados estarão credenciados para defender todos os pontos de vista e todas as propostas aprovadas em plenário, sempre dentro do espírito "um por todos, todos por um".

Abraço fraterno e solidário,

do companheiro

Rogelio Casado

maio 29, 2006

I Conferência Estadual de Economia Solidária 13

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Hasteadas as faixas que representam a ocupação simbólica da futura sede da Economia Solidária do Amazonas. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 12

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006



















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Ato final da posse simbólica da futura sede da Economia Solidária do Amazonas. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 11

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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A Associação Chico Inácio foi acolhida na I Conferência Estadual de Economia Solidária, dando um passo importante na luta por uma sociedade sem manicômios e pela inclusão social do portador de sofrimento mental na cultura dos nossos tempos. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 10

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 26.05.2006













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O imóvel que servirá para abrigar a sede da Economia Solidária do Amazonas está situado na Av. Japurá, entre a Rua Silva Ramos e a Av. Joaquim Nabuco. Em frente da sede, funcionará a Feira de Economia Solidária, ocasião em que haverá apresentação de grupos musicais e culturais locais e regionais. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 9

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Lá vai João em direção ao interior do imóvel abandonado. Antes das obras de recuperação, está programado um ajuri para limpeza do lugar. No futuro, o lugar servirá, também, para abrigar os companheiros que vierem a Manaus para cursos de economia solidária. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 8

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Momento histórico da ocupação do imóvel público federal que servirá como sede da Economia Solidária do Amazonas. À frente, João, líder da organização da I Conferência Estadual de Economia Solidária e membro do Projeto de Economia Solidária da Comunidade da Vila da Felicidade em Manaus, financiada pela Petrobrás. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 7

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006












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Nivya Valente, delegada da Associação Chico Inácio, última à esquerda, entre outros companheiros da economia solidária. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 6

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Muitas mulheres estão à frente de projetos de economia solidária. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 5

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Detalhe da plenária no primeiro dia da conferência. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 4

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Detalhe da plenária no primeiro dia de conferência. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 3

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Plenária atenta. Ainda não fazia o calor próprio de quando mais de cem corpos estão reunidos no mesmo espaço. Na frente, de calça cor de vinho, o companheiro Domício, líder um empreendimento solidário. Posted by Picasa

I Conferência Estadual de Economia Solidária 2

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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No fundo a equipe de organização do evento, liderada por João (último à direita), que em 48 horas se virou para acolher todos os companheiros delegados, depois que a Escola Agrotécnica comunicou a existência de problemas técnicos para sediar a Conferência.
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I Conferência Estadual de Economia Solidária 1

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 27.05.2006













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Abertura da Conferência por representante da Economia Solidária de Brasília. Posted by Picasa

maio 28, 2006

Associação Chico Inácio e a Economia Solidária

Foto: Rogelio Casado - Futura sede da Economia Solidária do Amazonas,
Manaus, 27.08.2006
















Termina hoje a I Conferência Estadual de Economia Solidária. Em debate a "Economia Solidária como Estratégia e Política de Desenvolvimento". A Associação Chico Inácio - ONG que congrega familiares, usuários e técnicos em saúde mental está presente com uma delegada: Nivya Valente, psicóloga e secretária da entidade.

A Economia Solidária é fruto da organização de trabalhadores de trabalhadoras em busca da concretização e vivência de novas relações econômicas e sociais que, de imediato, propiciam a sobrevivência e a a melhoria da qualidade de vida de milhões de pessoas em diferentes partes do mundo. Trata-se de um movimento que se caracteriza por práticas fundadas em relações de colaboração solidária. Esta nova prática de produção e consumo privilegia a autogestão, a justiça social, o cuidado com o meio ambiente e a responsabilidade com gerações futuras.

A Conferência Estadual precede a Conferência Nacional de Economia Solidária no Brasil - CONAES - que será realizada em junho em Brasília. Presentes delegações de todo o estado do Amazonas. Em discussão as particularidades e necessidades do maior estado da federação, bem como popostas para o desenvolvimento da Economia Solidária e afirmação da mesma como modelo de desenvolvimento socioeconomico. Objetivo das Conferências: discutir a Economia Solidária como Estratégia e Política de Desenvolvimento Sustentável e Social Justo.

O evento acontece no Hotel Brasil, na Av. Getúlio Vargas - um hotel de arquitetura kitsch construído onde outrora foi o bangolô em que residia a família do escritor amazonense Milton Hatoum.

Ao final da tarde, os conferencistas foram em passeata tomar posse simbólica de um prédio público federal, em estado de abandono, situado na Rua Japurá. Avançadas negociações envolveram a Delegacia Regional do Trabalho, que estará entregando o referido imóvel para a Economia Solidária do Amazonas. Vitória do movimento. Posted by Picasa

maio 27, 2006

Queridos companheiros

Foto: Rogelio Casado - Rede de Amizade & Solidariedade, Manaus-AM, 1998











A partir da esq.: Sabichão, Nega Maluca, Rastafari, Canhão-poranga, Macaxeira e Bocó

Em 1997, ajudei a fundar a Rede de Amizade & Solidariedade às Pessoas com HIV/Aids. Fui seu primeiro coordenador por uma razão desconcertante: nenhum soropositivo queria mostrar o rosto e dar a cara para bater, afinal a questão era sobreviver dignamente, pois a pandemia estava em expansão há uma década no estado do Amazonas e ainda havia um clima de intolerância e preconceito. Um dos exemplos mais chocantes do início daquela década repercutiu nos corações e mentes das pessoas soropositivas em tratamento no SUS: jovem soropositiva morre e sua carteira de trabalho é incinerada. Nesse cenário, ninguém ousava se expor.

Conheci-os quando estava exilado no Instituto de Medicina Tropical entre 1993 a 1998. Havia sido excluído das minhas atividades no Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, no início dos anos 1990, por um movimento corporativista que, como tal, perdera os rumos da Reforma Psiquiátrica - reforma iniciada em 1980 a partir do único hospício público existente em Manaus. Estou certo de que a estagnação da referida reforma teve nesse movimento um fator fundamental: alienados numa falsa noção de coletivo, seus atores passaram a canibalizar os que representavam perigo aos seus interesses individuais, abrindo caminho para que administradores públicos descompromentidos com a Reforma Psiquiátrica os usassem para desmontar o espaço conquistado na cena política e social por Silvério Tundis e seus companheiros na luta por outra relação entre a sociedade e seus loucos. É bem verdade que no meio destes últimos haviam reformistas de araque que se acovardaram quando se fazia necessário enfrentar os desvios de rota que se anunciavam desde a greve de fome que fiz em 1987 no governo de Amazonino Mendes.

Inspirados no exemplo de Betinho - patrono da campanha contra a fome e o soropositivo mais atuante na cena política do Brasil dos anos 80/90 -, que recusou viver um segundo período de clandestinidade (o primeiro obrigado pela luta contra o regime militar, e o segundo pela intolerância social provocada por um vírus), eis que, em 1998, aqueles que estiveram sob meus cuidados tornaram-se meus companheiros na luta contra a intolerância e o preconceito ocupando a via pública para encenar minhas primeiras peças de teatro popular, que ensejou a criação da minha Companhia de Teatro de Repertório "Cururu de Tanga".

Mais do assumir o teatro como instrumento de mudança de mentalidade, assumiram integralmente as responsabilidades de direção da Rede de Amizade & Solidariedade. Hoje todos os cargos são ocupados por maioria de soropositivos. Ao longo da sua trajetória chegaram a representar o Brasil num encontro acontecido em Bangock, no continente asiático. É pra ficar babando de ver a cria indenpendente e autônoma, princípio que perseguimos desde sua fundação.

Orgulho maior é tê-los como parceiros na luta contra um outro preconceito, secular, que depõe contra nossa humanidade: o preconceito contra os loucos, representantes de um dos saberes mais trágicos da condição humana. Na I e II Parada do Orgulho Louco e nas manifestações pelo Dia Nacional de Luta Antimanicomial lá estão eles cumprindo suas obrigações como cidadãos: criar uma sociedade aberta ao convívio com as diferenças. Sabem tudo de quando endurecer e quando manter a ternura, sem se entregar jamais aos vícios da acomodação.

Laurinha de Souza Brelaz é sua principal liderança. Através dela homenageio todos os companheiros que nos ajudaram a celebrar o dia 18 de maio - Dia Nacional de Luta Antimanicomial. Aproveito para publicar uma fotografia de 1998, quando a Rede de Amizade & Solidariedade encenou minha peça "A Aids não é mortal, mortal somos todos nós", a partir dessa frase de autoria do imortal e saudoso companheiro Betinho. Posted by Picasa

maio 25, 2006

Itacoatiara pronta para implantar um CAPS tipo I










Conselho Muncipal de Saúde e o CAPS de Itacoatiara

Hoje, dia 25 de maio, é um dia histórico na construção de uma sociedade sem manicômios para o município de Itacoatiara-AM. O Conselho Municipal de Saúde da Velha Serpa estará deliberando a implantação de um Centro de Atenção Psicossocial - CAPS do tipo I (composto por um médico especialista em saúde mental, uma enfermeira, três profissionais de nível superior das seguintes categorias: psicólogo, assistente social, terapeuta ocupacional, pedagogo ou outro profissional necessário ao projeto terapêutico).

O que é CAPS?

O CAPS é um serviço comunitário aberto, que compõe a rede de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico e seus ambulatórios, capaz de acolher com dignidade o portador de sofrimento mental, articulando uma "rede de apoio pessoal" que ajude a transformar a vida da cidade na relação com a loucura. Para a criação desta rede, a abordagem da crise e a inserção social do usuário de saúde mental são faces de uma mesma moeda.

Encontro com cuidadores de saúde mental

Entre os dias 19 e 20 de maio, a Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental, através dos médicos Jaime Benarrós e Rogelio Casado, esteve na cidade de Itacoatiara, localizada no lado esquerdo do Rio Amazonas, próximo à boca do rio Madeira, e que está ligada à capital Manaus pela estrada pavimentada AM-010 a 266 Km, por via fluvial a 108 milhas e por via aérea a 176 Km, que corresponde a 30 minutos de vôo.

Objetivo do encontro: dialogar com os futuros cuidadores de saúde mental. Em dois dias, num exercício coletivo, foi construído uma rede de atenção ao portador de sofrimento mental, desde o Programa Saúde da Família, passando por Secretarias Municipais afins, até o Hospital Geral de Itacoatiara, que deverá oferecer leitos psiquiátricos para algumas situações de crise.

Ao final do trabalho, por volta das 17:00 horas de sábado, não poderia haver maior gratificação: todos entenderam que é a cidade quem tem de assumir seus loucos. Estão contados os dias em que se enviava para tratamento em Manaus portadores de sofrimento mental em crise, até porque o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro está mudando sua função social, devendo dar lugar a um Hospital de Clínicas.

Vontade política

Ao Prefeito Mamud Amed Filho, nossos cumprimentos pela decisão política de colocar Itacoatiara no mapa da Reforma Psiquiátrica brasileira. À Secretária Municipal de Saúde Laene Conceição Gadelha Dias e sua equipe, os melhores votos de sucesso na trilha de um novo período na história da saúde pública de Itacoatiara.

O companheiro Jaime Benarrós estará representando a Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental nessa data tão especial para Itacoatiara e para o estado do Amazonas, o último estado a destravar a Reforma Psiquiátrica iniciada em 1980. Posted by Picasa

Um poema e uma carta de Anibal Beça sobre um certo imbróglio na cultura manaura

Turenko Beça, ©












O sono dos justos

Anibal Beça

Sob o mormaço
todos dormem a sesta
na pequenina vila.
Somente o louco da cidade
caminha ao sol sua desventura
e o jargão:

"Quando eu morrer
para que lado ficarão meus calcanhares?
Leste, Sul, Norte, Oeste?
Meu corpo em cruz
e a Rosa-dos-Ventos
tatuada em minha testa
e cada falange
uma lua azul em gravitação."

Estranha obsessão do louco da cidade:
para que lado ficarão seus calcanhares?
E nesse ir e vir
(deambulante vôo delirante)
enxerga o que não vê
e atira no que vê:

O suspiro da filha-de-Maria
por entre as barbas
do capuchinho confessor;

o açougueiro da esquina
que acaba de esquartejar
a paixão da sua vida;

a língua do pastor
– da 1ª Igreja Pentecostal –
umedecendo as coxas da mulher
(falando a linguagem dos homens)
e conferindo o dízimo do dia.

Mas é à noite
(sob o signo da lua)
que o louco da cidade
atira no que vê
e enxerga o que não vê:
o prefeito se esgueirando
pelas sombras
à procura dos seios
de dona Justina
que, entre outras coisas,
é presidente da Câmara Municipal
e mulher do seu melhor amigo.

*****

Amigo Rogelio,

Um pouco atrasado, mas compareço. Primeiro, para lhe parabenizar pela sua brilhante e combativa resistência empunhando a bandeira da luta antimanicomial, com ações que resultam em boa visibilidade - o que é importante, mexendo e chamando a cidade para o debate. Tudo de maneira inteligente, impactante, alegre, sem raivosidade, e tampouco se utilizando do manjado expediente dos famigerados chororôs habituais. Concordo e aplaudo. Como canta Cartola: "Alegria!!! Era o que faltava pra mim (...)"

O segundo motivo, me pegou de surpresa, pela carga de emoção. Não se esqueça que no dia 13 de setembro interio (como diz nosso caboclo) sessentinha. O que me enquadra na tchurma da "Terceira Idade". Já tomei até a vacina contra gripe. Traduzindo: emoçõs fortes, por que perigosas, nunca mais. C'est la vie.

O meu muito obrigado, querido Rogélio, por estampar e albergar esse episódio triste do Bafafá dialogado com o Chico Cardoso. Tomara que a cidade e os burocratas entendam, que o exercício do debate, e a formulação de críticas, é salutar. Mormente em nossa combalida Manaus, que há muito não se aplica nesse dever (que deveria ser regra natural). Dever de casa transparente, como deseja a vontade política do prefeito Serafim Corrrêa. Resta-nos esperar, na prática, pelo desenrolar dessa discussão mais que pertinente para o meio artístico e cultural. Se virá de maneira cosmopolita, antenada com a modernidade, ou se no vôo anacrônico, de ranço misoneísta, na forma paroquial e provinciana do tempo da Vila de São José da Barra do Rio Negro. Não creio. Seria um retrocesso atroz, um passo para trás, a entronização de um reino do atraso. É esperar pra ver.

Grande abraço

Anibal

PS- Recomendações à "Belíssima"(com todo o respeito), e um beijo no Juanito.

Nota 1: "Belíssima" é como o poeta se refere a Nivya Valente, mãe de Juan e o amor da minha vida.

Nota 2: Saiba mais sobre o poeta e sua obra nos seguintes endereços:

EM PORTUGUÊS

www.portalamazonia.com/anibal
http://br.geocities.com/abeca552002/CASA.html
http://www.secrel.com.br/jpoesia/abeca.html

EN ESPAÑOL

http://www.letras.s5.com/archivobeca.htm
http://www.felinia.org/f3/liter/liter32.htm
http://www.poeticas.com.ar/Biblioteca/Poemas_Beca/poemasframe.html

maio 24, 2006

Imbróglio

Anibal Beça, poeta
Rolou na orkut: imbróglio na cultura manaura. Chico Cardoso, artista e produtor cultural pôs a boca no trombone. Aníbal Beça, poeta, produtor e animador cultural meteu o dedo na ferida. Em causa os rumos da política de cultura do município de Manaus. Só o prefeito Serafim Corrêa foi poupado. Sobrou para o "comando gestor da administração e planejamento" da Prefeitura de Manaus. Leia o comentário do Chico e a resposta do Anibal.

IMBRÓGLIO


Chico: Grande Poeta. Eu não entendo como um homem inteligente como o Sarafa pode concordar com tanta cegueira em relação à cultura. Fui nomeado chefe do núcleo de artes cênicas, por causa da amizade com o Tony, mas fico na dúvida, porque só acredito na revolução cultural se caminharmos no sentido oposto ao do (...) Tô triste e cansado, mas ainda com as armas da criação em punho. Você e sua obra são minha inspiração. Não vamos desistir, Grande Poeta!

Amigos e amigas, está tudo no ORKUT, na página do Chico Cardoso. Para vcs. entenderem, dêem um pulo até à minha página.
Bom final de semana.

Abraço

Anibal


Queridíssimo Chico: Seu scrap me deixou emocionado. Sei que comungamos pela mesma linha de pensamento, ações e afinidades. Há 60 anos (a fazer este ano no dia 13 de setembro), venho me dedicando à causa cultural. O anjo que me apareceu, quando nasci, não me disse que seria gauche pela vida, senão o que trilharia as curvas do caminho, um entortado, maudit, transgressor nato, que não viria para beber, mas imolar-se na sede. Jamais me locupletei com prebendas e sinecuras. Desde sempre, sou e estou filiado a dois partidos: o PP (que não é o do Maluf) Partido da Poesia, esta velha senhora que me acompanha há 40 anos, e ao PC (que não é o comunista) Partido da Cultura. O meu apoio ao Sarafa não foi somente nessa última eleição não. Acreditava que colocando um da nossa geração, teríamos, enfim, um projeto cultural sem assistencialismos populistas, sem cooptações, sem instrumentalização. E isto está consignado na cartilha de sua plataforma eleitoral..

Que, inclusive, tem a minha participação juntamente com o Epitácio Neto, meu querido Pita, e o meu irmãozinho poeta-jornalista Paulo José Cunha. Com a vitória, todos ansiávamos pelo prometido "choque gerencial", em todas as áreas. Mas, infelizmente - não por culpa do Sarafa, mas do comando gestor da administração e planejamento, que, simplesmente, acha que os artistas devem se transformar em micro-empresários, talvez um vezo rançoso do SEBRAE (Vide o "Pequenos projetos, grandes idéias"). Traduzindo: querendo valorar o produto do artista, a obra de arte, como qualquer mercadoria. Quanto custa um poema? Uma apresentação solo de um bailarino? E um espetáculo de teatro? E por aí vai num besteirol sem precedentes. O pior que foram buscar gente completamente alheia, sem nenhuma vivência e conhecimento do ambiente cultural da cidade. Como vc. disse: "pára-quedistas". Sem nenhuma afinidade com a administração, a animação da coisa cultural. Fiquei pasmo com essa invencionice de "corpos estáveis".

Quê que isso, minha gente!!! E pasmem: a idéia, saída e avalizada por pessoa da Academia, com mestrado e doutorado. Como criar corpos estáveis se o município sequer tem um teatro? Melhor seria batizá-lo de "Corpos perambulantes". A não ser que o pessoal integrante estacione junto aos burocratas da Secretaria de Cultura. Outra coisa: Como é que se extingue a Fundação Villa-Lobos, batalha saída do sonho do querido maestro Dirson Costa, sem nenhuma consulta à sociedade, às categorias artísticas organizadas, e o próprio Conselho Municipal de Cultura. Este, aliás, só Deus sabe... O mesmo vale para a criação da Secretaria de Cultura. Nenhum setor ou segmento artístico foi consultado. Propus um Fórum para discutir com os artistas, as universidades, o comércio, a indústria, enfim, a sociedade como um todo, pelo menos as linhas das políticas culturais a serem executadas. Remendando o que deveriam ter feito antes.

Parece até um retrocesso, antidemocrático. Nem no governo do Golpe, com Arthur Reis, isso ocorreu. Vc. Lembra muito bem do I SEMINÁRIO DE REVISÃO CRÍTICA DA CULTURA DO AMAZONAS, que, em ampla discussão, foi aprovada em plenária a criação da FUNDAÇÃO CULTURAL ao invés de uma secretaria de cultura, por que mais ágil, com maior liberdade, que este modelo autárquico oferece. Veja bem, não sou contra a criação da Secretaria de Cultura. Eu ficaria sozinho, vagando pelos nossos rios, se este projeto não fosse realizado. O que eu questiono é a maneira autocrática, de cima pra baixo, que as coisas têm sido feitas. Contrariando o que foi dito nos palanques e escrito na Plataforma Eleitoral. Sabe como a Cultura é tratada pelo primeiro escalão? Como varejo. E, isso, ficou bem claro na Mensagem que o prefeito Serafim Corrêa apresentou à Câmara Municipal. Não dedicou sequer uma linha, em seu discurso, para cultura. Estou completamente gessado, sem pessoal administrativo, sem direito a Internet.

Como vamos nos comunicar com o MINC, com outros conselhos e fundações? Agora mesmo estamos realizando a primeira versão dos PRÊMIOS LITERÁRIOS CIDADE DE MANAUS, um evento de caráter nacional, recebendo inscrições de todo o país, e as dúvidas e as consulta têm sido respondidas por mim, através do meu PC, pela minha linha particular da Vivax. O que me deixa triste, mas não desmotivado, ainda, é como se deixa de dar visibilidade para um projeto desses, de alcance nacional. Nenhuma vinheta, nenhum spot, e a imprensa escrita, principalmente, divulga timidamente. Não por culpa dela, mas por que sequer temos uma assessoria de comunicação. Pleito esperado desde março do ano passado, quando indicamos o nome da jornalista e escritora Leyla Leong, juntamente com mais dois nomes, e mesmo com a nossa insistência junto ao prefeito, até hoje não conseguimos. Por mais de 5 tentativas, o secretário de administração veta. Eu sei aonde ele quer chegar.

Não pense ele que a extinção do Fundo e do Conselho vai ser batalha fácil. Não estou sozinho nesta luta. Anseio de 30 e tantos anos, quando, vc. também participando à frente do Grupo Origem, nos instalamos na Assembléia Legislativa, para assegurar na Constituição Estadual a criação do Fundo Estadual de Cultura (que, felizmente, está se instalando). Foi um belo resultado. Comemoramos muito, lembra-se? Mesmo que só agora saia da letra fria da Constituição. Tardou, mas veio. E da maneira correta, discutida amplamente por mais de 3 meses. Também é motivo para comemorarmos. Pois bem, meu amigo, tem muito mais coisa. Vc. me conhece e sabe dos meus arquivos implacáveis. A paciência tibetana esgotou-se. Nunca imaginei que ganharia de presente, no ano em que comemoro 40 anos de atividade literária, 45 de música e 60 de idade, esse presente indigesto. Não sou eu que mereço respeito, mas todos os artistas, artesãos, literatos que vivem e produzem em Manaus. Ferido, magoado e indignado paro por aqui.

Anibal Beça Posted by Picasa

maio 21, 2006

Associação Chico Inácio comemora o Dia Nacional de Luta Antimanicomial

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 18.05.2006












O Dia Nacional de Luta Antimanicomial teve uma singela comemoração no Amazonas. Passavam das 10 horas da manhã quando, em frente da Catedral de N. S. da Conceição, após apresentação do Coral Viva Voz do Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro, sob a regência do musicoterapeuta Alvano Mutz, atores do grupo "The Positivus", da Rede de Amizade & Solidariedade às Pessoas com HIV/Aids, encenaram uma peça da Companhia de Teatro Cururu de Tanga (companhia de teatro de repertório), intitulada "Quero uma casa para morar".
Leia o texto da peça.


COMPANHIA DE TEATRO
“CURURU DE TANGA”

e
Companhia de Teatro
“The Positivus”
apresentam


Personagens:
Chico Inácio
Maria
Dona Cândida
Filho
Filha
Palhaço
Anjinho

MARIA: (canta) ♪ Se esta rua... se esta rua fosse minha... eu mandava... eu mandava ladrilhar... com pedrinhas... com pedrinhas de brilhantes... para o meu... para o meu amor passar... Se esta... (é interrompida bruscamente)

CHICO INÁCIO: Ei, psiu...! Psiu...!!! Para com essa cantoria. Tu tá ficando lesa, mulher? Quando é que tu vai aprender que parede de hospício ‘num’ tem orelha? Faz dez anos que tu canta a mesma música... e nunca ninguém parou pra te escutar, criatura...

MARIA: Deixa de ser mal educado, ‘seu’ coisa. Meu nome é Maria... Maria, ouviste?... Nome da mãe do homem que quiseram silenciar na cruz... Ficaram só no querer porque a palavra dele até hoje tá entre nós... O hospício pode ser minha cruz... mas meu canto é de liberdade... Ouviste, ‘seu’ coisa!

CHICO INÁCIO: Alto lá... eu também tenho nome, dona Maria?

MARIA: Então, desembucha, homem!!!

CHICO INÁCIO: Sou Chico Inácio... sou gente... ‘num’ tenho parente, nem aderente... quero uma casa pra morar...

MARIA: Viva! Viva!... Assim é que se fala, seu Chico Inácio... Nós também somos gente... queremos casa pra morar... trabalho pra viver... amigos pra conversar... Nós ‘num’ nascemos dentro do hospício... morrer aqui, nem pensar...

CHICO INÁCIO: Ah, dona Maria... morrer eu morro todos os dias aqui nesse hospício... devagar, devagarinho... Tu sabe, maninha, que eu nasci de uma estrela que caiu na beira de um lago lá em Itacoatiara... tchibuuuummm!!!... Era curimatá, tucunaré, jaraqui, bodó e pacú pra tudo que era lado...

MARIA: Seu Chico Inácio, bem que eu queria nascer uma outra vez?

CHICO INÁCIO: Pois olhe, a segunda vez que eu nasci foi aqui no hospício!... Que saudade daquele tempo! Naquela época nós ‘plantava’ um montão de verduras... roçados e mais roçados... de milho, feijão, macaxeira... ‘criava’ um montão de porco... e ainda torrava farinha... de montão. Eta, vida paidégua!!!...

MARIA: Vige, santa! Conta mais seu Chico Inácio, conta mais, que eu tô besta com toda essa história. Agora me conta, por que acabou tudo isso, homem?

CHICO INÁCIO: Ah, dona Maria, ninguém liga mais pra gente... Até Deus esqueceu de nós.

Entram três personagens: dona Cândida e seus dois filhos.

DONA CÂNDIDA: Ô, seu Chico Inácio! O que que o senhor ainda faz dentro desse hospício, homem de Deus? Quando é que o senhor vai colocar na cabeça que gente não foi feito pra viver dentro de jaula?

CHICO INÁCIO: Mas eu tô em tratamento, dona Cândida.

DONA CÂNDIDA: Onde já se viu gente ser tratada em jaula, seu Chico. Nem bicho nasceu pra ser preso, homem de Deus. Filho meu não faz tratamento dentro de hospício, não!!! Gente... é pra ser tratada com o carinho dos governantes, dos amigos, da família, da vizinhança, em qualquer comunidade...

CHICO INÁCIO: A senhora fala isso porque os seus filhos têm sorte de ter uma mãe como a senhora... Coitado de mim que não tenho ninguém...

CÂNDIDA: Ora, ora, seu Chico... Claro que é sempre bom ter alguém perto da gente... mas, o senhor vai me desculpar... como é que depois de ter conhecido a liberdade... como é que o hospício continua enroscado na sua cabeça?... Aliás, tem muita gente por aí andando com o hospício na cabeça... Acredite no que tô lhe dizendo: o hospício tá na cabeça das pessoas... (sai apontando as pessoas) Tá na cabeça daquela criatura ali... tá na cabeça de quem você menos espera (aponta pra alguém que está muito comportado)... até nesse ‘toquinho da maldade’ a idéia de hospício tá tão encruada que o infeliz deixou até de sonhar... Vai ver que por isso o Ministério da Saúde adverte: HOSPÍCIO FAZ MAL PRA SAÚDE.

FILHA: É ‘mermo’, né, mamãe? Vamos mostrar pra essa cambada que em pleno século XXI ainda tem muita gente com a idéia de hospício no cabeção...

Junto com o irmão desarma e armam os muros do ‘hospício’ em torno de algumas pessoas do público.

FILHA e FILHO: O hospício tá aqui mamãe?...

DONA CÂNDIDA: Tá sim, meus filhos.

FILHO E FILHA: E aqui, mamãe... o hospício também taqui?

DONA CÂNDIDA: Infelizmente, taí também, meus filhos?

FILHO E FILHA: E aqui... será que o hospício taqui também, mamãe?

DONA CÂNDIDA: Tá sim, meus filhos... mas não vamos apavorar esse povo, não! O hospício tá em todos os lugares... mas, se você quiser... ele pode desaparecer... ♪ É só você querê... êh!! êh!!...

PALHAÇO: (personagem entra batendo entre as mãos duas tampas de panela) ...Então, a loucura vai acabar?...

ANJINHO: Que é isso minha, gente! A loucura não vai acabar nunca... mas, a gente pode diminuir o preconceito... pode diminuir o medo... pode diminuir a culpa... ♪ É só você querê... êh!! êh!!... Sabe por quê? Porque tá na minha mão... tá na sua mão...

DONA CÂNDIDA: Se tá na minha mão... tá na rua... Vamos lá, pessoal! ♪ Se esta rua... se esta rua fosse minha... eu mandava... eu mandava ladrilhar... com pedrinhas... com pedrinhas de brilhante... para o meu... para o meu amor passar... (Bis).

Os personagens dão as mãos com o público... cantam e dançam juntos.

E a vida continua...

Manaus, novembro de 2004.


Companhia de Teatro
"Cururu de Tanga"

Just for fun
(Só pra frescar)


Autor: Rogelio Casado
Médico Psiquiatra
Simpatizante de ONGs que atuam de modo independente dos poderes econômicos, religiosos e político-partidários
Dramaturgo amador da literatura picaresca

Trabalho coletivo: Idéia da Companhia de Teatro “The Positivus”; Diálogos da Companhia de Teatro “Cururu de Tanga”

Endereço para correspondência:
Rua dos Andradas, 229 - Sala 101 - Centro - CEP 69005-000 - Manaus-Amazonas-Brasil
Tel: (0--92) 3234-8121 E-mail:
rogeliocasado@uol.com.br

A Companhia de Teatro "Cururu de Tanga" foi fundada pela família Casado, no Ano da Graça de 2000, para atuar não importa onde: logradouro público ou impublicável, casa de tolerância ou de show brega, presídio, mocó ou palacete, escola ou arapuca de ensino, becos, quintais, hospitais, boate, cinema, rádio, teatro, livraria, hotéis urbanos e de selva, mercado, feira, cais de porto, terminal de ônibus, curral de boi, terreiro, flutuante, botequim, escola de samba, posto de saúde, sindicato, igrejas da salvação e da libertação (preferencialmente, o pessoal da Teologia da Libertação) e para os desbocados de um modo geral...

VOCÊ SABE!
O "CURURU DE TANGA"
NÃO ESCOLHE O BREJO PRA "CANTÁ"...,
... BASTA VOCÊ "TÁ" LÁ!

A FAVOR DO SEXO COM SAÚDE
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Manaus: comemoração do Dia Nacional de Luta Antimanicomial

Foto: Rogelio Casado, Manaus-AM, 18.maio.2006














Maio é um dos meses da estação das chuvas em Manaus. Quando chove, o sistema de transporte fica mais precário ainda. Muitos manauaras preferem ficar em suas redes a enfrentar o caos urbano. Ainda assim, éramos exatamente 50 teimosos sujeitos na frente da Catedral de N. S. da Conceição na manhã chuvosa do dia 18 de maio, dia em que se comemorou a data maior do movimento social por uma sociedade sem manicômios.

Tínhamos motivos para a comemoração, aliás uma dupla motivação. Nesta data, há dois anos a Associação Chico Inácio passou a existir juridicamente, depois uma trajetória que remonta o início do século XXI. E ela já nasceu em boa companhia. Antes do findar de 2004, filiou-se à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial. Por sinal, andar em boa companhia é uma condição para nossos militantes. Mais do que parcerias, prezamos as alianças com atores sociais e entidades da sociedade civil organizada que encarem o desafio civilizatório de fazer o louco caber na nossa cultura. Em nenhuma hipótese conciliamos com reformistas de araque.

A segunda motivação é um dos orgulhos da nossa coerência. Desde 2002 defendemos a criação de uma Lei de Saúde Mental para o Estado do Amazonas - uma lei que torne proibitiva o assanhamento dos que querem manter estruturas de confinamento dos portadores de sofrimento mental, contrários à lógica de criação de uma rede de atenção diária à saúde mental. Pois eis que o governador do Estado, Eduardo Braga, tomou a decisão política mais importante desde que a Reforma Psiquiátrica foi sendo tecida no Amazonas, lá no início de 1980. Além de entregar um Centro de Atenção Psicossocial no bairro de Santa Etelvina, em Manaus (que será repassado ao poder municipal em menos de um ano); de esvaziar o Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro para transformá-lo num Hospital de Clínicas, mantidos os leitos psiquiátricos para atendimento de cidadão em situação de crise; de criar 5 serviços residenciais terapêuticos para usuários de longa hospitalização e realizar o censo da população psiquiátrica para identificar as demandas por alocação de serviços substitutivos ao hospital psiquiátrico, finalmente teremos uma legislação que porá fim à lógica perversa dos hospitais psiquiátricos, que historicamente representam a anti-produção das relações entre os humanos.

Ainda este ano estaremos celebrando o fim de uma instituição cristalizada em práticas e valores que depõem contra a construção de uma rede de apoio social aos portadores de sofrimento mental. E, mais importante, estaremos celebrando o início de uma nova história onde não há espaço para a repressão e eliminação da subjetividade dos loucos, onde os projetos terapêuticos tenham como princípios a vida, a liberdade e invenção de novas maneiras de conviver com a loucura humana.

O Projeto de Lei, que em breve estará sendo enviada à Assembléia Legislativa pelo governador Eduardo Braga, foi pautado no debate público pela Associação Chico Inácio, chegou a tramitar na Assembléia Legislativa, esbarrou num parecer da Procuradoria: projetos semelhantes devem ser iniciativa do Executivo pois envolvem decisões sobre despesas que só a ele compete. Por isso a decisão de governo se reveste de importância, pelo seu caráter político e por responder aos anseios do movimento social. A todos aqueles que participaram e apoiaram esse projeto de interesse coletivo, nosso reconhecimento e gratidão. Posted by Picasa

maio 19, 2006

Manifesto de Goiás










MANIFESTO

18 de maio – Dia Nacional da Luta Antimanicomial. Dia de protestos e denúncias contra a violação aos direitos humanos dos portadores de sofrimento mental reclusos em hospitais psiquiátricos. Mas também é um dia de comemorações, pelos avanços conquistados na luta, pela superação do modelo hospitalocêntrico e manicomial de assistência em saúde mental.

Ao longo dos anos, avanços significativos vêm sendo alcançados, no que diz respeito à conquista de direitos e a oferta de cuidados às pessoas portadoras de transtorno mental. De acordo com dados do Ministério da Saúde, os 105.765 (cento e cinco mil e setecentos e sessenta e cinco) leitos psiquiátricos existentes em 1988 foram reduzidos ao longo dos últimos anos e atualmente ainda somam 42.076 (quarenta e dois mil e setenta e seis) leitos. Na busca de superação desse modelo de assistência em saúde mental, vários dispositivos de cuidados, substitutivos ao hospital psiquiátrico vem sendo implantados, respaldados pela Lei Federal da Reforma Psiquiátrica nº 10216 e numa série de outros dispositivos legais. Atualmente o país conta com 800 (oitocentos) Centros de Atenção Psicossocial – CAPS, 393 (trezentos e noventa e três) Residências Terapêuticas, além de Centros de Convivência e iniciativas de geração de renda.

No Estado de Goiás, a transformação do modelo de assistência em saúde mental caminha a passos lentos. Atualmente o estado conta com 16 (dezesseis) Centros de Atenção Psicossocial e 06 (seis) Residências Terapêuticas. Sendo que 07(sete) CAPS e 03 (três) Residências Terapêuticas encontram-se no Município de Goiânia. Ainda restam cerca de 1300 leitos psiquiátricos a serem substituídos, destes 599 estão concentrados em Goiânia.

Vale ressaltar, que desde 2005, o processo de reforma psiquiátrica em Goiânia encontra-se estagnado e caminha para o retrocesso. Nesse período nenhum serviço substitutivo ao hospital psiquiátrico foi implantado, nenhum leito psiquiátrico foi reduzido. Ao contrário, a atual administração municipal faz coro, com as vozes que clamam por aumento dos leitos psiquiátricos e das diárias hospitalares.

Pela implantação de CAPS 24h, Centros de Convivência, ampliação do número de Residências Terapêuticas. Pelo investimento em ações intersetoriais que viabilizem acesso à habitação, educação, cultura, esporte e lazer.

Pra frente é que se anda! Não ao retrocesso!

Fórum Goiano de Saúde Mental

Parceiros: Conselho Regional de Psicologia, Conselho Regional de Serviço Social, Sindicato dos Trabalhadores Federais em Saúde e Previdência – SINTFESP, SINDSAUDE, ANEPS, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa - Dep. Mauro Ruben, Presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal - Ver. Cidinha Siqueira. Posted by Picasa

maio 18, 2006

DIA NACIONAL DE LUTA ANTIMANICOMIAL - 18 de Maio



















Conheça a ONG que não deixa a peteca cair nas comemorações do Dia Nacional de Luta Antimanicomial no estado do Amazonas. Com sol ou sem sol, com chuva ou sem chuva, chova chuva ou canivete lá está ela com seus companheiros e aliados.

Com o Hospital Psiquiátrico sendo desativado para dar lugar a um Hospital de Clínicas, com a decisão política do governador Eduardo Braga em dotar o estado do Amazonas de uma Lei de Saúde Mental que impeça a construção de hospitais psiquiátricos e/ou unidades de saúde mental fora dos padrões definidos pelas portarias ministeriais e defendidos pela Reforma Psiquiátrica, estamos de alma lava. Tem um tijolinho nosso nessa construção.

A luta continua.

Conheça mais sobre a Associação Chico Inácio, filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

Associação Chico Inácio

Construindo a cidadania dos portadores de sofrimento mental

A Associação Chico Inácio acredita que para desmistificar a loucura e para um convívio mais saudável com aqueles sujeitos excluídos da vida social devido à experiência do sofrimento mental é necessário a construção de uma “rede de apoio social ”.

A Associação Chico Inácio criou um dispositivo de apoio ao portador de sofrimento mental para favorecer trocas e resolução de problemas comuns.

Por que construir uma rede apoio social ao portador de sofrimento mental?
(As informações abaixo são de interesse das famílias e dos portadores de transtorno mental que fazem tratamento nos serviços de saúde mental do Sistema Único de Saúde).

Porque a realidade só se constrói por meio da interação dos grupos sociais. Trabalhando em rede, através da organização de familiares, vizinhos, amigos e colaboradores, o portador de sofrimento mental terá uma chance concreta de viver em comunidade.

Portadores de sofrimento mental isolados sofrem mais, adoecem mais. Quanto menor a rede social de apoio maior é o sofrimento das famílias. Da qualidade da rede apoio social depende a qualidade da saúde e da criação de um novo mundo e de um novo sentido para a vida. Portadores de sofrimento mental: a união faz a força!!!

Como construir uma rede de apoio?

Criando alianças com outros movimentos sociais.

Entre os parceiros que respeitam nossa autonomia e nossa liberdade estão os Fóruns de Políticas Públicas e de Economia Solidária.

O que é a Associação Chico Inácio?

É uma organização, sem fins lucrativos, que atua, no campo da cidadania, por melhor atenção à saúde mental dos amazonenses. Fazemos parte da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial.

Somos 4 segmentos de associados: familiares, usuários, técnicos de saúde mental e cidadãos solidários. Unidos, somos mais fortes.

Prezamos a independência e a autonomia. Não temos vínculos com poderes políticos, religiosos e econômicos.

Desejamos a solidariedade de todos os que estão empenhados na luta pelos direitos humanos, civis e políticos das minorias.

Queremos uma sociedade sem hospícios. Lutamos por nossos direitos de cidadão.

O que tem feito a Associação Chico Inácio?

Participamos de 3 abraços simbólicos: na Assembléia Legislativa, no Teatro Amazonas e no Palácio Rio Negro; todos em 2003. No primeiro, entregamos ao Presidente da Assembléia Legislativa um Projeto de Lei para criação de outros serviços que substituam o hospício e que ofereçam Oficinas de Trabalho Protegido. No segundo, comemoramos o Dia Mundial de Saúde Mental, com recepção da Orquestra Filarmônica do Amazonas (veja foto). E, no terceiro, participamos da Campanha do Natal sem Fome. Além disso, fizemos 2 Paradas do Orgulho Louco, para reduzir o preconceito social.

Quais os projetos da Associação Chico Inácio?

A Associação Chico Inácio deseja criar “empresas sociais”: movidos pelo espírito da solidariedade, associados “normais” e “portadores de sofrimento mental” terão acesso a atividades geradoras de renda ou atividades de auto expressão. Através desse serviço, queremos construir a inclusão de portadores de sofrimento mental na vida da nossa querida Manaus.

· TRABALHO PARA OBTER RENDA
· AUTO EXPRESSÃO PARA DESENVOLVER O GOSTO PELA ARTE


ATENÇÃO: As Oficinas de Artesanato e Oficina de Costura podem lhe ajudar a aumentar sua renda. Venha você e sua família conhecer nossos projetos de economia solidária.

A Associação Chico Inácio reúne seus associados, em Assembléia Geral, no 2º. Sábado de cada mês no Sindicato dos Jornalistas, das 09:00 às 12:00 horas. Todos os sábados à tarde, a partir das 13 h., tem Oficina de Artesanato. Às segundas, quartas e sextas, a partir das 08:00 h tem Oficina de Costura. Venha nos conhecer!

Associação Chico Inácio
Fundada no dia 18 de maio de 2004

Local de reunião e sede provisória:
Sindicato Profissional dos Jornalistas
Praça Santos Dumont, 15
Manaus - AM
Tel.: (92) 9601-0625 - Tel-Fax: (92) 3613-7960
Site: www.picica.com.br
E-mail: chicoinacio2004@yahoo.com.br

Associação, sem fins lucrativos, em defesa dos direitos humanos, civis e políticos de cidadãos portadores de sofrimento mental Posted by Picasa

maio 17, 2006

Tribuna popular

Foto: Rogelio Casado, Câmara dos Vereadores, 2005
Solidariedade

O vereador José Ricardo Wendling (PT) propõe, a pedido da Associação Chico Inácio, tribuna popular em alusão ao Dia Nacional de Luta Antimanicomial, comemorado no dia 18 de maio.

O encontro acontece hoje, às 9h, no plenário Adriano Jorge, na Câmara Municipal de Manaus (CMM).

A Associação Chico Inácio, filiada à Rede Nacional Internúcleos de Luta Antimanicomial, é uma Organização Não-Governamental (ONG) sem fins lucrativos que intervém na cultura em busca de um novo lugar para o portador de transtorno mental, por meio da inclusão social.

A data em que se comemora a luta dessa classe foi instituída no ano de 1987, como expressão do desejo de usuários, familiares e técnicos de saúde mental em viver em uma sociedade sem manicômios.

Nota publicada no Jornal Amazonas em Tempo na Coluna Bom Dia - 17.05.2006 Posted by Picasa

Fonte da notícia

NOTA: Imagens como essa costumam associar criminalidade ao efeito direto da pobreza, do desemprego ou de qualquer outra situação de injustiça social. Deixem os pobres em paz. Segundo o Professor Eduardo Campos Coelho (1939-2001), é essa visão míope que dificulta a formulação de políticas de segurança pública. Para ele, apenas uma fração ínfima dos pobres desempregados escolhe a aternativa criminosa. E diz mais: "A hipótese mais provável é a de que um componente importante das altas taxas de crimes está representado por um número relativamente reduzido de criminosos mais ativos que, por permanecerem impunes, intensificam sua atividade". No dia 14 de maio, um grupo liderado por um criminoso parou São Paulo, porque tardam medidas enérgicas proibitivas para o uso do celular no interior dos presídios. Liberdade de comunicação é outra coisa, senhores! (Rogelio Casado)

SÃO PAULO, O MAPA DO CRIME

Nas últimas 72 horas o crime organizado começou a mostrar suas garras e, com ele, um outro tipo de crime da mesma natureza - o crime da consciência. O cidadão mediano, com todo direito à informação, está atordoado com a incompetência e má fé do jornalismo diário, em alguns casos, que a essa altura do ano já poderia ter sugerido pautas de discussão com a população que poderiam preencher páginas e edições inteiras, propondo soluções para os graves problemas que o país atravessa hoje, dentre eles a violência organizada do crime. Com toda certeza, os veículos de comunicação, mais precisamente os jornais impressos e as tevês, seriam importantes fóruns para a população manifestar suas preocupações. Ao contrário disso, o que assistimos ao longo de quase um ano foi uma sucessão de mentiras e denúncias, coladas a objetivos partidários claros. Daí veio a hecatombe desse final de semana e, junto com ele, a ferida aberta. Melhor ir aos fatos:

1- Na noite desse domingo o jornalista Pedro Bial, respeitado pela sua imparcialidade e competência, comandou um show melodramático no programa Fantástico, exibido pela tevê Globo, onde não faltou criança de cinco anos, chorando pela morte do pai, um policial morto. Somos irrestritamente solidários à família desse soldado e também àqueles que nada têm a ver com o conflito, mas que estavam na linha de fogo, porém esse melodrama não resolve, só prega uma sensação de impotência, nada mais. Tudo bem que Pedro Bial seja apenas um apresentador e que a decisão sobre pautas e enfoque são daqueles que estão atrás das câmeras, mas ele continua sendo uma referência para a população, daí a preocupação;

2- Nessa mesma noite, o Governo Estadual, através de sua Secretaria de Segurança, com sua costumeira arrogância, diz que “a situação está sob controle e que a polícia do Estado virou o jogo”. Ficamos imaginando, aqui com nossos botões, o quê mais precisa acontecer para que esses senhores tenham a humildade de reconhecer que falharam, ou que não conseguiram controlar o crime e suas manifestações mais nefastas. Nenhuma pista, ainda, do que realmente estava acontecendo;

3- Chega a segunda-feira, vem o que mais ou menos se esperava, ou seja, a responsabilização do Governo Federal pelo ocorrido, por parte de uma parcela da imprensa. Um dos bloguistas da Folha de São Paulo, atuante crítico do governo federal, é claro, publica a seguinte matéria, cujo título é, “GOVERNO FEDERAL DIMINUI A VERBA PARA A SEGURANÇA EM 2005”. Na opinião do jornalista, foi encontrado um culpado pelos motins e caos instalados, na cidade de São Paulo, desde a última sexta-feira. O mesmo havia acontecido, por ocasião da crise financeira da Varig, do gás da Bolívia e, agora, da segurança no Estado de São Paulo. Ao ler a notícia, o desavisado leitor encontrou num dos itens dessa matéria, o informe de que o dinheiro reduzido era destinado para projetos especiais, só isso. Mas, o jornalista responsável pela matéria, não dá pistas para o leitor entender que essa diminuição de verba nada tem a ver com os tumultos, ainda em pleno andamento. Ele não explica, por desconhecimento ou má fé, que a verba citada trata-se de um Fundo e não de uma dotação Orçamentária, portanto o seu fluxo de caixa não depende de restrição anual, e sim de programação e execução. Este fundo não serve, por exemplo, para pagar melhores salários, pois os mesmos são pagos com Orçamentos dos Estados. Por outra, o jornalista nada fala sobre o que está acontecendo em São Paulo, como resultado de uma política carcerária criticada, inclusive, pelos seus parceiros de governo (Chefe do Combate ao Crime Organizado). Não diz, também, que a falta de controle do que acontece dentro das prisões não é necessariamente falta de verbas. Sem contar que o corte, ou redução dessas verbas do orçamento anual, em última análise, é votado pelo Congresso Nacional, que todos sabemos está abaixo do rabo de cachorro, se depender da opinião da população. Mas não é só isso. A coisa começa a feder na matéria-manifesto, quando se vê que essas informações foram capturadas por outro jornalista bloguista, do mesmo jornal, que pescou as mesmas num site de uma ONG, denominada CONTAS ABERTAS. Começa aí o crime contra nossas consciências.


“GATO ESCALDADO TEM MEDO DE ÁGUA FRIA” e, portanto, o melhor a fazer é checar as informações. Ao procurar na Internet, logo encontramos o site da referida ONG, CONTAS ABERTAS, com sede em Brasília, Estatuto votado em setembro de 2005 e objetivos da mesma, os mais genéricos. Já informações sobre seu corpo diretivo, nenhuma. Ai foi só ter um pouco mais de paciência para descobrir, na própria Internet, numa dessas notícias plantadas para promover seus criadores, o nome do seu presidente, Augusto Carvalho. Sendo um nome tão comum poderíamos encontrar centenas de Augustos Carvalhos, mas mesmo assim arriscamos, só que dessa vez colocando o nome do Presidente da ONG, CONTAS ABERTAS e, BINGO! Trata-se, pasmem, do Deputado Federal, Augusto Carvalho, pelo PPS, ou seja, ONG criada para sentar o pau no governo brasileiro e dar suporte à campanha do mesmo, em 2006. Esta é a é imprensa eficaz e moderna que se faz hoje em dia.

O noticiário diário está salpicado de eventos como esses. ONGs, criadas do dia para a noite, entrando e saindo do noticiário nacional e, o que é pior, deixando um rastro de problemas que absorvem somas financeiras consideráveis da administração pública. Pouco se fala a respeito, mas esses organismos híbridos exigem que o Estado aumente de tamanho para a sua regularização e fiscalização. São milhares de ONGs criadas anualmente, geralmente com tributação zero. São leis que favorecem o surgimento de mecanismos anônimos que, ao final, não responsabilizam ninguém pelos seus feitos. No caso da ONG Contas Abertas, quem são seus diretores, além do deputado já citado acima? Há um ano ela nem existia, no entanto passa a ser a única fonte para que a Folha conclua que “o culpado pelos distúrbios na capital paulista é o governo federal”. Mas, esses mesmos jornalistas, especializados em blogues, não contextualizam os tumultos desse final de semana no cenário internacional, nem os interesses de países como os EUA e outros que se sentem ameaçados pela crescente independência da econômica brasileira. Com o costumeiro provincianismo e ufanismo, reproduzem capas dos jornais internacionais, sobre esses eventos escandalosos. Nenhuma linha sobre o que mantém o tráfico de drogas, que sustentam as organizações criminosas.

Para finalizar, na tarde dessa segunda-feira, esse mesmo jornal publica a seguinte manchete, sobre a reunião do Presidente da República com seu conselho político: “LULA DESCARTA INTERVENÇÃO EM SÃO PAULO”. O presidente não descarta nada, ele, constitucionalmente não determina que forças federais venham a assumir o controle do policiamento em São Paulo, como também em nenhum outro Estado, a não ser que o governador o peça. Para o governo de São Paulo pedir ajuda federal significaria assumir a incompetência para governar, demonstrada desde de há muito. Na paródia, podemos perguntar, o presidente Lula tem outra saída? Quem sabe rasgar a constituição, imitando Bush que invadiu o Iraque, sem autorização do Conselho de Segurança da ONU. Mas aí é discutir geopolítica internacional, e isso está muito longe do alcance dos jornalistas, bloguistas, da Folha, Estadão, Veja, Isto É, etc.

Mas nem tudo está perdido. No final do jornal Nacional dessa segunda-feira fatídica o jornalista Willian Boner, transmitindo da rua, em São Paulo, entrevistou o atual governador do Estado, Cláudio Lembo, direto e ao vivo do Palácio dos Bandeirantes. Sem ser grosseiro, este jornalista encostou o dirigente máximo paulista na parede, com três perguntas que, ao final, ficaram sem respostas convincentes:

a) Se a rebelião era do conhecimento do governo paulista, por que não foram tomadas medidas para impedir a tragédia que aconteceu?
b) Por que o governo paulista recusou a ajuda federal para diminuir o tamanho dessa tragédia? Pior, por que o governo continua a se negar a receber ajuda, quando já se conhece a conseqüência de uma nova e possível rebelião?
c) O Governo de São Paulo negociou o fim da rebelião com os presos?

As respostas não convenceram, ou melhor, a quem convenceram?

Cai o pano!

Jair Alves - dramaturgo - São Paulo

maio 16, 2006

Diga não ao uso do eletrochoque

Direitos Humanos - 07.10.2004

Não à utilização de Eletrochoques (ECT) no tratamento de portadores de sofrimento mental

Os usuários de saúde mental, ao definirem a Carta de Direitos e Deveres dos Usuários, em 1993, posicionam-se contra o uso do eletrochoque.

Também a III Conferência Nacional de Saúde Mental aprovou Moção exigindo o fim do uso do ECT em portadores de sofrimento mental.

A despeito disso, ainda permeia, no discurso psiquiátrico, a tentativa de reabilitação desta prática desumana, com base em preceitos meramente técnicos.

A discussão preponderante, no entanto, é : esta não é uma questão técnica, mas ética!

Os usuários não querem mais esta técnica, não a aceitam de forma alguma!

Cabe à Psiquiatria pesquisar e encontrar recursos e técnicas eficazes e humanas de tratamento do sofrimento psíquico!
Os usuários de saúde mental estão convencidos e estão gritando para a sociedade que o eletrochoque é um método obsoleto, retrógrado, violento e indesejável. A Psiquiatria, ao enfatizar o uso do ECT , retroage a métodos, secularmente ultrapassados, de tratamento comprovadamente violentos, que remontam aos tratos com a saúde de princípios do século passado: a evolução desejada dos métodos, deve ser aliada à ética; ciência sem ética mata! O ECT é violento e indesejável.

Eletrochoque?! Não, obrigado!
... imagine na sua cabeça!

Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios / BA
Movimento dos Usuários da Saúde Mental / BA
Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial
Apoio: Comissão Nacional de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia


NOTA

Às vésperas da comemoração do Dia Nacional da Luta Antimanicomial - dia 18 de maio -, quando a Associação Chico Inácio (ONG filiada à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial, que congrega familiares, usuários e cuidadores em saúde mental) em parceira com a Coordenação do Programa Estadual de Saúde Mental, e com o apoio de várias outras ONGs, estará realizando uma manifestação cultural (concentração na Igreja da Matriz de N.S. da Conceição às 8:00, caminhada pela Av. Eduardo Ribeiro às 9:00 h e ato público cultural na Praça São Sebastião às 10:00h), este blog dá sua contribuição publicando uma carta contrária ao uso de eletrochoque em portadores de sofrimento mental, publicada na coluna de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia. No Amazonas, essa prática foi abandonada há mais de duas décadas. Fica o alerta.

maio 15, 2006

Passa em branco a data maior do povo negro

Nestor Nascimento
Houve um tempo em que a libertação dos escravos era comemorada com várias manifestações públicas, especialmente na cidade do Rio de Janeiro onde se concentrou o maior contigente de cativos no mundo desde a queda do Império Romano.

Com o fim do regime militar e a redemocratização do país, finalmente foi reconhecida a importância histórica dos líderes negros, como Zumbi. Os festejos do dia 13 de maio - dia da libertação do cativeiro - ganharam um novo sentido histórico. Ao recuperar a história dos seus líderes, o movimento negro tinha motivação para comemoração.

Talvez porque os novos tempos são de afirmação da negritude é que a data vem perdendo seu caráter simbólico, o que parece um contra-senso, afinal, quando se fala em exclusão social, a maioria da população negra é visivelmente a mais penalizada.

No último país a abolir a escravatura, o Amazonas contribuiu para essa vergonha internacional com a presença de 979 escravos em seu território, segundo o Censo de de 1872, representando 1,7% da população da província e 0,06% no total de escravos do Império.

Muitos deles participaram da construção do maior ícone da cultura amazonense: o Teatro Amazonas. Tinham no bairro da Praça 14 de Janeiro seu local de moradia.

Neste bairro nasceu e morou o saudoso companheiro Nestor Nascimento, melhor dizer camarada Nestor, ou simplesmente Nego Nestor, como era chamado carinhosamente pelos mais íntimos. Tinha orgulho do seu passado no Partido Comunista Brasileiro. Teve curta passagem no Partido dos Trabalhadores. Durante a repressão a uma manifestação contra o regime militar no Rio de Janeiro, onde estudava, teve dois dentes da arcada superior quebrados. Recusou usar qualquer tipo de prótese. Optou por dizer não à violência ostentando sua marca no próprio corpo, numa espécie de didática da não-violência.

Advogado por formação, participou da luta pelos direitos humanos, como militante e como dirigente. Em 1998, acompanhado pelo Human Rights, recebi-o na condição de dirigente do Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico de Manaus - lugar onde cumpriam medidas de segurança os loucos infratores. Fui o único dirigente a ficar na sala onde se ouvia o depoimento dos presos submetidos à violência carcerária, tal era a confiança que merecia do velho companheiro.

Estou certo de que hoje Nestor estaria participando da luta pela construção de uma sociedade sem manicômios e não teria perdido uma Parada do Orgulho Louco, tampouco a comemoração do Dia Nacional de Luta Antimanicomial, que é festejada todo dia 18 de maio.

Saudades, companheiro. Posted by Picasa

maio 14, 2006

Alô, Santos... Alô, Baixada Santista!

Conselho Regional de Psicologia de São Paulo

Eventos preparatórios para o I Fórum Nacional de Psicologia e Saúde Pública: contribuições técnicas e políticas para avançar o SUS

INOVANDO O CAMPO DA SAÚDE MENTAL

O PSICÓLOGO COMO PROTAGONISTA DE NOVAS PRÁTICAS INSTITUCIONAIS E TERRITORIAIS

15 a 19 de maio de 2006
Santos SP

As transformações que ocorreram na assistência e nas instituições de Saúde Mental nos últimos 20 anos -Santos tem o privilégio de ser a primeira cidade do país a provocar este movimento - desencadeadas pelo processo da Reforma Psiquiátrica e das políticas de Saúde implantadas pelo SUS, propiciaram uma grande ampliação e renovação no campo de trabalho do psicólogo.
Integrante das equipes de Saúde Mental nos diversos serviços que compõem a rede de cuidados, o psicólogo vem participando ativamente do desafio de criar novas respostas à demanda presente na atenção básica ao sujeito com sofrimento mental.
Com esse objetivo, o Conselho Federal e os Regionais de Psicologia convidam você a participar desse nosso II Encontro preparatório ao I Fórum Regional de Psicologia e Saúde Pública, trazendo contribuições de sua experiência e de sua prática profissional para o debate. Posteriormente ao I Fórum Regional, as teses discutidas pelo CRP SP serão encaminhadas ao I Fórum Nacional de Psicologia e Saúde Pública.

PROGRAMAÇÃO

Dia 15/05/06

Local: UNIP – Campus Rangel - R. Rangel Pestana, 147 – Vila Mathias – Santos – SP

19h – Abertura – Carla Bertuol

Psicóloga. Mestra e doutoranda em Psicologia Social (PUC/SP). Membro do Núcleo “Por Uma Sociedade sem Manicômios” Baixada Santista, integrante da Rede Internúcleos do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial. Professora e Supervisora da UNISANTOS. Membro da Comissão Gestora do CRP–06 Subsede Baixada Santista e Vale do Ribeira.

Performance do Grupo Biruta

Mesa-redonda: Luta Antimanicomial – Reforma Psiquiátrica
Brás Geraldo Peixoto
Familiar. Membro do Núcleo “Por Uma Sociedade sem Manicômios” Baixada Santista, integrante da Rede Internúcleos do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial.

Fernanda Nicácio
Terapeuta Ocupacional. Doutora em Saúde Coletiva (UNICAMP). Mestra em Ciências Sociais (PUC/SP). Especialista em Saúde Mental e Saúde Pública (USP/SP). Professora da Universidade de São Paulo.

José Gonçalo
Usuário. Membro do Núcleo “Por Uma Sociedade sem Manicômios” Baixada Santista, integrante da Rede Internúcleos do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial.

Suzana Campos Robortella
Psiquiatra e Generalista. Mestra em Saúde Coletiva (UNICAMP). Especialista em Saúde Mental Coletiva (ENSP - Escola Nacional de Saúde Pública/FIOCRUZ/RJ). Psiquiatra do CAPS Davi Capistrano da Costa Filho (Campinas) e Coordenadora do CAPS de Diadema.

Coordenadora: Daniella Stazack de Araújo
Dia 16/05/06
Local: Conselho Regional de Psicologia SP - Subsede Baixada Santista e Vale do Ribeira
10h – Oficina com usuários dos Serviços de Saúde Mental da região.
Coordenador: Haroldo Tuyoshi Sato

Dia 16/05/06

Local: UNIP – Campus Rangel - R. Rangel Pestana, 147 – Vila Mathias – Santos – SP

19h – Mesa-redonda: A implantação da Reforma Psiquiátrica nos municípios: situações de internações, processo de implementação de cooperativas de trabalho, composição de equipes interdisciplinares / retaguarda das emergências psiquiátricas.


Tania Lomas - Coordenadora de Saúde Mental da DIR XIX; Alexandre da Silva Cruz - Coordenador de Saúde Mental de Bertioga; Daniella Stazack de Araújo - Coordenadora de Saúde Mental de Itanhaém; Dorian Rojas - Coordenadora de Saúde Mental de Praia Grande; Maria de Fátima Luz Rodrigues - Coordenadora de Saúde Mental de Cubatão; Maria Regina Ramos Borges - Coordenadora de Saúde Mental de São Vicente; Paula Covas Borges Calipo - Coordenadora de Saúde Mental de Santos; Tereza Neuman V.P. Pires - Coordenadora de Saúde Mental de Guarujá

Coordenadora: Patrícia Garcia de Souza

Dia 17/05/06

Local: UNIP – Campus Rangel - R. Rangel Pestana, 147 – Vila Mathias – Santos – SP

9hPalestra: A importância e os desafios da Saúde Mental na atenção básica.

Décio Alves
Psicólogo. Especialista em Saúde Mental Pública (FIOCRUZ/RJ) e Gestão de Saúde (Fac. Medicina do ABC). Coordenador do Programa de Saúde Mental da Prefeitura de Santo André/SP.

Coordenadora: Beatriz Belluzzo Brando Cunha

Dia 17/05/06

Local: UNISANTOS – Campus Dom Idílio - Av. Conselheiro Nébias, 300 – Santos – SP

119h – Mesa-redonda: Psicologia e Saúde Mental: saúde do trabalhador e trabalhador da saúde.

Andréia De Conto Garbin
Psicóloga. Especialista em Saúde do Trabalhador e Psicologia Social. Conselheira do CRP SP. Subcoordenadora do CRP SP – Subsede Grande ABC.
Armando Farias de Macedo Filho
Psicólogo. Mestre em Saúde Coletiva (UNISANTOS). Especialista em Psicologia Clínica e Psicologia do Trabalho. Diretor do Núcleo de Estudos e Pesquisas Existenciais da Condição Humana. Coordenador do Curso de Psicologia da UNIP/Santos.

Haroldo Tuyoshi Sato
Psicólogo. Mestre e doutorando em Psicologia Clínica (USP/SP). Professor da UNIP/Santos. Psicólogo do CAPS Saquaré de São Vicente.

Coordenadora: Zuleika Fatima Vitoriano Olivan
Dia 18/05/06

Local: UNISANTOS – Campus Dom Idílio - Av. Conselheiro Nébias, 300 – Santos – SP
9h – Mesa-redonda: Enfrentando a violência sexual contra a criança e o adolescente.

Adriana Marcassa Tucci
Psicóloga. Doutora em Psicobiologia (UNIFESP/SP). Mestra em Saúde Mental (USP/FMRP). Professora do curso de Psicologia da UNIFESP/Baixada Santista.

Marcelo Neumann
Psicólogo. Doutor em Serviço Social (PUC/SP). Mestre em Psicologia Social (PUC/SP). Especialista em Violência Doméstica (LACRI/IPUSP). Professor da Universidade Presbiteriana Mackenzie/SP.

Verônica Maria Teresi
Advogada. Mestra em Direito Internacional (UNISANTOS/Santos). Especialista em Violência Doméstica (IP/USP). Especialista em Sociologia Jurídica (Universidad de Buenos Aires, U.B.A., Argentina). Presidente da Comissão de Enfrentamento à Violência Sexual Infanto-Juvenil de Santos – CEVVIS.

Coordenadora: Lumena Celi Teixeira

Dia 18/05/06

Local: UNISANTOS – Campus Dom Idílio - Av. Conselheiro Nébias, 300 – Santos – SP
19h – Mesa-redonda: Psicologia e Saúde Mental: uma reflexão sobre os serviços
Elisa Zaneratto Rosa
Psicóloga. Mestra em Psicologia Social (PUC/SP). Aprimoramento em Saúde Mental multiprofissional (CAPS/USP). Profa. do Departamento de Psicologia Social da PUC/ SP. Conselheira tesoureira do CRP SP. Membro do subnúcleo de Saúde Mental do CRP SP.

Roberto Tykanori Kinoshita
Médico Psiquiatra. Doutor em Saúde Coletiva (UNICAMP/CAMP). Professor Adjunto da UNIFESP/Baixada Santista. Coordenador de Saúde Mental de Santos - 1989/1996. Conselheiro da OMS para Moçambique - 2001/2002.

Coordenadora: Carla Bertuol
Dia 19/05/06

Local: Conselho Regional de Psicologia SP - Subsede Baixada Santista e Vale do Ribeira

15h – Mesa-redonda: Controle social: a importância da representação
Marcus Vinícius de Oliveira
Vice-Presidente do Conselho Federal de Psicologia

Comentador: Jorge Viana da Silva
Usuário. Membro do Núcleo “Por Uma Sociedade sem Manicômios” Baixada Santista, integrante da Rede Internúcleos do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial.
Coordenadora: Beatriz Belluzzo Brando Cunha
Dia 19/05/06

Local: UNIP – Campus Rangel - R. Rangel Pestana, 147 – Vila Mathias – Santos – SP
19h – Palestra: Psicologia e Saúde Mental: pressupostos para a formação

Marcus Vinícius de Oliveira
Psicólogo. Doutor em Saúde Coletiva (IMS/UERJ). Mestre em Saúde Coletiva (ISC/UFBA). Especialista em Saúde Mental (FIOCRUZ/RJ). Fundador e integrante do NESM – Núcleo de Estudos pela Superação dos Manicômios da Bahia. Coordenador do I Encontro Nacional do Movimento da Luta Antimanicomial em Salvador/1993. Coordenador do livro: “A Instituição Sinistra: mortes violentas em hospitais psiquiátricos brasileiros”. Prof. do Departamento de Psicologia da FFCH/UFBA.

Coordenadora: Zuleika Fatima Vitoriano Olivan

Comissão Organizadora:

Beatriz Belluzzo Brando Cunha, Carla Alessandra Sartorelli, Carla Bertuol, Daniella Stazack de Araújo, Lumena Celi Teixeira, Tania Lomas, Zuleika Fatima Vitoriano Olivan

Promoção e Realização:

Direção Regional de Saúde – DIR XIX / Secretaria do Estado da Saúde / Núcleo Por Uma Sociedade sem Manicômios / Rede Internúcleos do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial
Apoio:

UNIP - Universidade Paulista / UNISANTOS - Universidade Católica de Santos
Evento Gratuito
Inscrições no local
Informações pelo telefone
: (13) 3235-2324 ou e-mail: crpsto@crpsp.org.br

O CAPS Silvério Tundis e a arte

Foto: Michael Dantas, Manaus/AM, 2006
Inaugurado o primeiro CAPS da cidade de Manaus, o movimento social por uma sociedade sem manicômios espera, com ansiedade, o primeiro Centro de Convivência e Reabilitação Psicossocial. Nele há um espaço especial para a arte.

Ainda que nos CAPS a arte esteja presente nas oficinas terapêuticas para propiciar ao portador de sofrimento mental uma nova perspectiva de re-inserção social, é no Centro de Convivência da Saúde Mental que ela se desenvolve.

Segundo Edna Assis, artista plástica, professora da Escola de Belas Artes da UFMG, monitora de oficinas terapêuticas da Secretaria Municipal de Belo Horizonte/MG, o "fazer artístico" pode ser o primeiro passo para o auto-descobrimento, levando muitos portadores de sofrimento mental a se reconhecer com habilidades nunca antes percebidas. O benefício para quem está acostumado a ser desacreditado no convívio social é extraordinário.

O importante é que tais oficinas terapêuticas despertem nos usuários do CAPS o interesse pela sua criatividade e pelo "fazer artístico". Por isso, antes mesmo da implantação de um Centro de Convivência da Saúde Mental, Cristovão Coutinho, artista plástico, curador da galeria do Centro de Artes da Universidade Federal do Amazonas, está disposto a colaborar com o CAPS Silvério Tundis para potencializar os recursos técnicos e humanos ali existentes, e assim possibilitar a circulação do portador de sofrimento mental no ambiente cultural da cidade. Posted by Picasa