junho 15, 2006

Altas horas, altos papos... altos furos















NO ALTAS HORAS, ALTOS PAPOS, ALTOS FUROS!!!!

Neste último sábado, no programa Altas Horas, seu diretor e apresentador SG pautou como tema a violência da invasão na Câmara Federal, durante a semana. Convidados para debater e vender o próprio peixe, o Grupo Rapa (representado por Falcão, seu líder e vocalista); o compositor Nando Reis e, por último, um casal de jovens atores da Tevê Globo (desculpem-nos, não conseguimos gravar seus nomes).

Comecemos por Falcão: depois de condenar timidamente a violência da invasão, disse tratar-se de uma situação corriqueira, onde as instituições vigentes não conseguem atender a demanda social. Falcão está errado, ouviu essa frase de efeito em algum canto e não compreendeu a complexidade do que estamos vivendo no Brasil hoje. Em seguida, se diz decepcionado com Lula, de quem gosta tanto, mas que não consegue ver como o atual presidente possa ajudar. Falcão continua errado, outra frase de efeito e acaba fazendo coro a uma campanha reacionária que têm objetivos explícitos - derrubar e desacreditar o atual Governo. Em seguida, falou Nando Reis que, na condição de astro nacional, arriscou dizer que tudo está de fato muito ruim, “um desrespeito geral, por parte dos políticos...”. Outra frase de efeito, mas prometeu uma reação em outubro. O que ele quer dizer? Está legitimando o pleito no segundo semestre? Quer dizer que elegeremos representantes mais honestos e competentes? Faltou dizer onde estão e quem são esses novos representantes do povo!!!

Para finalizar, falou o jovem casal de atores que, pelo visto, sabe bem menos do que aquela platéia jovem e sedenta de informação. Não usaram nenhuma frase de efeito, mas não conseguiram dizer coisa alguma. Não há como ligar esse casal de atores à mesma categoria que eu e meus companheiros artistas pertencemos. De fato, eles habitam um universo e anseios que nada tem a ver com a maioria dos artistas brasileiros. Não vejo neles nenhuma má fé, mas por outro lado também não vejo neles outra intenção que não seja a própria realização pessoal. Sendo assim, seria melhor que ficassem calados, pois a confusão pode aumentar ainda mais.

Não é a primeira nem será a última vez que o bordão se repete - disseminando o caos, a desesperança, para implantar o embuste. Nesta tarde de domingo, o candidato da oposição ao Governo Federal, que em São Paulo é governo, diz que se ganhar a eleição, em outubro, vai fazer uma devassa. Mas, em São Paulo ele é governo, portanto não distante dos reclamos da população em pânico. Ele prega também uma devassa no Governo Estadual? Essa afirmação, mais uma, produzida pelos seus assessores, nada mais é que uma frase de efeito e a senha para compreender a farsa montada. Nenhum dos opositores ao governo federal, nem os governadores de Estado, como o Rio de Janeiro, Minas, Rio Grande de Sul e São Paulo apresentaram alternativas que, de fato, possam resolver os grandes problemas da Nação brasileira. Ninguém falou de redistribuição de renda, justiça social ou coisa parecida. Esse é um tema proibido para o status quo. Além de exigir perda de privilégios, reivindicar distribuição de renda e justiça social deixaria descoberto o que de há muito se procura encobrir. Os temas como corrupção e malversação do dinheiro público é tão vago como incentivar a juventude a sair às ruas para protestar, sem causa. Um governo reacionário não pode e não encontrará na juventude do auditório do SG e do JS eco para seus acenos. Talvez, por isso mesmo esses jovens - Falcão, Nando Reis e o casal de atores da Globo não tenham o que propor, a não ser ‘que devemos nos unir’. Em torno de quem, meus amigos???
Jair Alves - dramaturgo - São Paulo Posted by Picasa

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