junho 06, 2006

Manifesto internacional contra a propaganda de bebidas alcoólicas














BRASIL É CONTRA A POLÍTICA MUNDIAL SOBRE ÁLCOOL E FIFA É PRESSIONADA PARA ELIMINAR A PROPAGANDA DE ÁLCOOL NOS JOGOS DA COPA


No final de abril deste ano, a Organização Mundial de Saúde – OMS reuniu, em Genebra, mais de 25 Organizações Não-Governamentais de todo o mundo para discutir uma política mundial sobre o álcool, e formas de implementar e coordenar o envolvimento da sociedade, dos profissionais de saúde e as organizações profissionais. O Dr. Ronaldo Laranjeira, coordenador do Dep. de Dependência Química da Associação Brasileira de Psiquiatria, e o Dr. Sérgio de Paula Ramos, presidente da Associação Brasileira de Álcool e Outras Drogas – ABEAD representaram a América Latina.

As resoluções da OMS, nos últimos 20 anos, contribuíram para transformar a política mundial sobre o fumo, diminuindo o consumo, e o Brasil teve importância na articulação política, para a construção técnica das medidas. Mas em relação ao álcool, a equipe do governo brasileiro articulou-se contra o aumento no preço das bebidas alcoólicas, medida importante para conter o consumo. Segundo os representantes das ONGs na OMS, o Brasil é um dos países que mais tem obstaculizado a criação de uma grande estratégia mundial contra o álcool, defendendo sempre os interesses das indústrias do ramo.

Sendo assim, as organizações presentes à reunião da OMS, em defesa da saúde da população, decidiram:

1. Manter vivo o debate sobre o álcool e sua relação com a saúde pública, nas atividades e publicações;

2. Manter distantes das discussões da saúde pública os interesses das indústrias do álcool;

3. Informar a população sobre os problemas de saúde decorrentes do uso do álcool;

4. Informar a população sobre melhores opções políticas sobre o álcool;

5. Criar uma rede de ONGs que defendam as melhores opções políticas sobre o álcool.

6. Pressionar o governo para criar uma prioridade sobre políticas públicas sobre o álcool;

7. Fazer pressão para que tanto a indústria do álcool assim como o governo escutem o setor de saúde e seus profissionais.

A próxima reunião da Secretaria Executiva (Executive Board) da OMS será em janeiro de 2007. As ações acima mencionadas visam impedir que o Brasil “não seja mais uma vez um obstáculo à implementação de uma política mundial sobre o álcool, que seja baseada em evidências científicas e que tenham como referencial a saúde pública e não os interesses da indústria do álcool”, dizem Ronaldo Laranjeira e Sérgio Ramos.

Durante a reunião da OMS foi elaborada uma carta de protesto contra o patrocínio do álcool nos eventos da Copa do Mundo. George Hacker, diretor do Alcohol Policies Project, do Centro para Ciência do Interesse Público, está articulando organizações de todo o mundo para chamar a atenção da mídia alemã sobre a “Resolução Global para o Fim da Promoção do álcool nos Eventos da Copa”. Ele convida as organizações de todos os países que participem, pressionando a FIFA para diminuir e eliminar a propaganda do álcool nas futuras competições da Copa do Mundo.

As transmissões da Copa atingem milhões de jovens, e vinculam impropriamente as bebidas com os esportes. Os esportes fornecem modelos de socialização, desenvolvimento da saúde, condicionamento físico, trabalho de equipe, valores da competição, intercâmbio cultural, e os atletas dos times são idolatrados como heróis pelos jovens. Em 2002, uma audiência de 28 bilhões de pessoas, em 213 países, assistiram mais de 41.000 horas de cobertura esportiva pela TV, incluindo mais de um bilhão de espectadores na partida final da Copa. As propagandas de álcool dos jogos deturpam os valores esportivos dos jovens e aumenta a probabilidade de que crianças bebam e façam consumo pesado. O relatório da OMS de 2002 indicou que 4% das doenças e 3,2% das mortes no mundo foram atribuídas ao álcool. Além das doenças, o álcool é a principal causa de ofensas, violência doméstica contra mulheres e crianças, mutilação, problemas sociais e mortes prematuras, e ainda está associada a doenças mentais. O álcool não afeta apenas a pessoa que o consome, mas a família, a comunidade e a sociedade como um todo.

A “Resolução Global para o Fim do Patrocínio do álcool nos Eventos da Copa do Mundo” cobra da FIFA seu papel de promover mensagens para erradicar doenças, e melhorar a saúde de crianças. A FIFA estabeleceu alianças estratégias com a OMS, UNICEF e outras organizações empenhadas em fazer um mundo melhor. Em 1986, a essa Federação apontou para a eliminação do tabaco em todos os seus torneios e agora precisa examinar o papel do patrocínio e da propaganda do álcool nas competições internacionais, visando a diminuição e a eliminação do álcool nos jogos da Copa do Mundo.

O manifesto das organizações será entregue para a FIFA no dia 6 de junho, e os interessados em participar do apoio internacional poderão acessar o documento na referência abaixo, fazendo o envio para jhelund@cspinet.org. O manifesto solicita o nome da organização, o nome do assinante autorizado, o endereço, e-mail, telefone, fax e website.

O manifesto traduzido para o português encontra-se disponível em:
Aliança Cidadã pelo Controle do Álcool – ACCA, Boletim Eletrônico, edição 53, sexta-feira, 02 de junho, disponível em: http://by112fd.bay112.hotmail.msn.com/cgi-bin/getmsg=8E82860a-3054-44d38-8...

O manifesto internacional em inglês está no site: www.beerfresports.org
Outras informações: www.propagandasembebida.org.br
E-mail: acca.coordenaçao@uniad.org.br Posted by Picasa

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