setembro 23, 2006

Hospital Psiquiátrico reduz leitos, sobram funcionários, e a qualidade do atendimento não melhora
















"Durma-se com um barulho desse!"

Muita ociosidade

Queda de 85% no número de leitos não foi acompanhada da redução de funcionários; MP promete análise

ADRIANA MATIUZO
Gazeta de Ribeirão
adriana.matiuzo@gazetaderibeirao.com.br

O Hospital Santa Psiquiátrico Santa Tereza, que passa por processo de desospitalização desde 1992, está operando com quadro excessivo e má distribuição interna dos funcionários, o que tem gerado déficit em setores de assistência fundamental aos pacientes como as enfermarias.

O hospital, que chegou a ter 1.573 leitos na década de 70, hoje opera com 232, sendo que há ocupação de 209, de acordo com dados fornecidos pela Secretaria de Estado da Saúde. Apesar da redução de 85,3% no número de leitos, praticamente não foi alterado o número de funcionários, que permanece em torno de 582 desde aquela época.

A Gazeta apurou que faltam funcionários em setores importantes. Na ala de geriatria feminina, por exemplo, somente um funcionário realiza o atendimento no período noturno.

O Confen (Conselho Federal de Enfermagem) preconiza que nos casos de atendimentos de psiquiatria são necessários de 33% a 37% de enfermeiros-padrão com relação ao número de pacientes, ou seja, praticamente um enfermeiro para cada dois pacientes.

Por outro lado, existem 23 diretores no hospital com salários de R$ 5.800 cada.

Segundo o promotor da Cidadania de Ribeirão, Sebastião Sérgio da Silveira, há muitas denúncias sob investigação do Ministério Público envolvendo o hospital, mas nenhuma específica sobre excesso de funcionários. De acordo com ele, é possível, para os promotores, apurar o fato porque o excesso de funcionários fere o princípio da moralidade. O hospital, por ser público, teria que se adequar à nova realidade, realizando o remanejamento dos funcionários. "É uma situação até gritante se existir realmente excesso de funcionários no hospital. Quando falamos em saúde pública, sabemos da absoluta carência de profissionais", disse o promotor.

O Sindicato dos Funcionários da Saúde informou que não tinha informações precisas sobre o número de funcionários, mas confirmou que alguns setores têm deficiência de profissionais. De acordo com o órgão, já foram até remanejados temporariamente profissionais da portaria para ajudar no setor de lavanderia do hospital.

Representantes do Coren (Conselho Regional de Enfermagem) foram procurados nesta sexta-feira, mas não foram encontrados para comentar o assunto, mas uma fiscal confirmou que existem problemas com relação ao hospital sob apuração do órgão, que teriam sido constatados em visita junto com o Ministério Público ao hospital.

Desde 2004, a promotoria investiga deficiência no quadro de auxiliares de enfermagem e enfermarias inadequadas.

Direção do hospital não se manifesta

Desde a última terça-feira, quando iniciou a apuração sobre o hospital Santa Tereza, a reportagem tem buscado contato com a sua direção, por meio da assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Saúde, mas não teve sucesso, apesar da insistência.

Somente na última sexta-feira, foram feitas seis ligações para cobrar a assessoria sobre a promessa de uma entrevista com alguém da direção do hospital, mas não houve retorno até o início da noite, quando a reportagem concluída. Entre terça e quarta-feira foram mais de 30 telefonemas para a assessoria, que funciona em São Paulo. Os assessores apenas responderam que estavam providenciando o atendimento à solicitação feita pela Gazeta.

A diretora Amábile Manço não concede entrevistas sem o prévio contato com a assessoria de imprensa.

A Secretaria de Estado da Saúde apenas informou através de e-mail dados básicos solicitados pela reportagem como número de funcionários, de pacientes, de leitos, área do hospital e data de fundação. (Gazeta de Ribeirão) Posted by Picasa

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