novembro 07, 2006

Funasa nega epidemia de malária em população yanomami

CCPY - Comissão Pró-Yanomami

Comunicado URIHI Urgente - 06/11/2006

FUNASA tenta desmentir os próprios dados sobre epidemia de malária entre os Yanomami

Consideramos extremamente preocupantes as recentes declarações do Dr. Oneron Abreu Pithan, gerente técnico de endemias da Fundação Nacional de Saúde-RR, em matéria publicada na Folha de Boa Vista em 04/11/2006 sob o título: “Funasa nega epidemia de malária entre povos da reserva Yanomami”. Apesar de na reportagem confirmar que houve um aumento de 470% no número de casos da doença no Distrito Sanitário Yanomami (DSY) no primeiro semestre de 2006, o Dr. Oneron em espantosa contradição ao seu próprio relatório técnico, tenta agora negar na imprensa a grave epidemia de malária que assola novamente a população yanomami:

“Oneron de Abreu Pithan afirmou que a Funasa desconhece a gravidade de epidemia de malária, mas ao mesmo tempo afirmou reconhecer que houve um crescimento significativo no gráfico.”

Este auto-desmentido público seria apenas constrangedor se não representassem mais um obstáculo para a necessária mobilização de todos para a restauração da qualidade da assistência à saúde no DSY. Desde o final de 2004 as lideranças yanomami vêem reiteradamente denunciando a degradação de sua assistência e o aumento das doenças, em particular a malária na Terra Indígena Yanomami. Como conseqüência da amplamente divulgada crise de gestão do DSY, visitas das equipes da FUNASA às aldeias foram se tornando escassas e as de mais difícil acesso foram simplesmente abandonadas.

Para encurtar a pseudo-polêmica se há ou não epidemia basta reproduzir a parte do relatório da FUNASA que claramente reconhece o fato:

“De acordo com o diagrama de controle abaixo, pela primeira vez desde o início desta década que a incidência da doença ultrapassa os limites endêmicos da malária nos yanomami, situação característica de curva ascendente epidêmica.”

Em contraste com o seu inexplicável e decepcionante esforço de minimizar o problema para a opinião pública, a análise do gráfico contido no relatório, que reproduzimos abaixo, mostra uma curva fortemente ascendente no número de casos da malária no primeiro semestre de 2006 e permite, sim, afirmar que, caso mudanças fundamentais na gestão do DSY não sejam implantadas imediatamente, a incidência da doença pode, até o final do ano, superar os piores índices da década de 90.










Por último estranhamos a obscurantista preocupação da FUNASA quanto à divulgação “não autorizada” de seu relatório técnico, em confronto com a esperada e essencial transparência de qualquer instituição pública, em regime democrático, no que se refere a informações de interesse público para o devido controle social previsto, inclusive, nos fundamentos do Sistema Único de Saúde.

Urihi-Saúde Yanomami
06 de Novembro de 2006 Posted by Picasa

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