julho 22, 2007

Reencontrando os companheiros

Foto: Rogelio Casado - Marcus Vinicius chegando no campus da UFMG, BH-MG, jul/2006

Encontro Nacional de Saúde Mental
13 a 16 de julho/2006
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte - Minas Gerais
Não encontrei Milton Nascimento no café da manhã no restaurante do hotel em que me hospedei. Em compensação, tomei café na companhia do imortal Marcus Vinicius de Oliveira Silva, Vice-presidente do Conselheiro Federal de Psicologia, um dos fundadores da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomail, à qual é filiada a Associação Chico Inácio - ong que atua no campo da defesa dos direitos civis e políticos dos portadores de transtorno mental do estado do Amazonas - ong que ajudei a fundar entre 2002-2004.

Marcus Vinicius é filho de Belo Horizonte, mas reside em Salvador, onde é docente da Universidade Federal da Bahia. Doutor em Psicologia, prefere apresentar-se como militante da luta antimanicomial. Tem um currículo invejável: como psicólogo integrou a Comissão Organizadora do II Congresso Nacional de Trabalhadores de Saúde Mental (dez/1987, Baurú-São Paulo); integrou a Coordenação Executiva Nacional do Movimento Nacional da Luta Antimanicomial (de 1987 até 1989); foi um dos articuladores da Reunião de Rearticulação/Reorganização do Movimento Antimanicomial (1990, Salvador-Bahia); foi coordenador da realização do I Encontro Nacional da Luta Antimanicomial (set/1993, Salvador-Bahia); foi o primeiro representante do Movimento Antimanicomial na Comissão Nacionalde Reforma Psiquiátrica do Conselho Nacional de Saúde - CNS (1994-1995); esteve no II, IV e V Encontro Nacional de Entidades de Usuários e Familiares; esteve presente em todos os cinco Encontros Nacionais do Movimento da Luta Antimanicomial.

Apesar dessa intensa participação, o meu considerado Marcus Vinicius recusa os estereótipos do dinossauro e da capa preta, mantendo a perspectiva igualitária, companheira e solidária, na paixão comum pela causa da luta antimanicomial, como afirma num texto escrito em 2001 e reescrito em outubro de 2002, intitulado "O Movimento da Luta Antimanicomial e o Movimento dos Usuários e Familiares", publicado no livro "Loucura, Ética e Política: escritos militantes" (Casa do Psicólogo, 2003).

A advertência de Marcus Vinicius tinha endereço certo: os que comprometeram a organização nacional do movimento antimanicomial no quinto e último encontro em Miguel Pereira, Rio de Janeiro. Ali, a paranóia e a selvageria destruiram a ética em que foi assentada a luta antimanicomial no país. Pelo menos um dos antecedentes dessa história pode ser visto na próxima postagem, na visão bem-humorada do chargista Roca.

Enquanto isto, o meu considerado Marcus Vinicius está sendo processado por agentes da psiquiatria conservadora pela publicação do livro "A Instituição Sinistra: Mortes Violentas em Hospitais Psiquiátricos no Brasil", publicado pelo Conselho Federal de Psicologia, em 2001. O livro é um alerta para toda a sociedade sobre a realidade vivida por sete profissionais dentro dessas instituições. Além de denunciar a falência do Hospital Psiquiátrico enquanto recurso assistencial, desvela ainda seu caráter violador dos Direitos Humanos, os altos custos financeiros da sua manutenção e sua ineficência assistencial.

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