setembro 09, 2007

Plebiscito Popular recebeu ameaças em região de atividade da Vale


Em região de atividade da Vale, Plebiscito Popular recebe ameaças

As organizações sociais de Paragominas vão ser obrigadas a cancelar o Plebiscito Popular. Nesta cidade, localizada no sudeste do estado do Pará (PA), os militantes não vão poder sair com as urnas para as ruas. O motivo? Pressão e ameaças da prefeitura e de elites locais contra a Igreja, que apóia o Plebiscito no município.

O Pará é o grande palco das atividades da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD). O estado também é marcado pela repressão das elites locais. Desta vez, as ameaças se iniciaram durante o 3º encontro estadual da juventude do campo e da cidade, organizado pela Consulta Popular, Pastoral da Juventude, Cáritas, entre outros 60 movimentos sociais e entidades. Participaram do encontro 450 jovens. Uma das bandeiras era o Plebiscito Popular, que exige a nulidade da venda da Vale do Rio Doce, ocorrida em 1997.

No segundo dia de encontro, uma caminhada dos jovens até a praça de Paragominas foi marcada por agentes de trânsito impedindo a passagem dos manifestantes. Pouco depois, a prefeitura do PSDB intimou a Cáritas, a Pastoral da Juventude e a Igreja Católica para retirarem todos os panfletos, cartazes e material do Plebiscito das ruas, nas próximas 24 horas – ainda que o material da campanha tenha sido distribuído em todo o país e não contenha a assinatura específica de nenhuma organização.

“Um grupo interno, do conselho administrativo da igreja, formado por empresários, do ramo da serraria, está pressionando a Igreja para que o plebiscito silencie. Não admitem qualquer ato contra a privatização da Vale do Rio Doce e argumentam que a Igreja prejudica a Vale, a principal parceira da prefeitura”, acusa José Alves, membro de uma organização presente no encontro de juventude.

A prefeitura ainda divulgou uma nota no canal de televisão local (cujo proprietário é o próprio prefeito), na qual busca tirar a legitimidade do Plebiscito Popular. Alves completa: “Estão fazendo uma inquisição, buscando as lideranças do movimento para acabar com qualquer ação do Plebiscito”.

No dia 22 de agosto, a Companhia Vale do Rio Doce revelou a sua influência sobre as autoridades no estado de Minas Gerais. Em Belo Horizonte (MG), durante a ocupação pacífica da Ferrovia Centro Atlântica (FCA), realizada por movimentos sociais, a companhia exigiu uma “punição exemplar” aos manifestantes, o que resultou na prisão de 5 pessoas, além de outros 136 jovens algemados e levados para a delegacia. Dentre eles, 27 eram menores de idade.

À medida que o Plebiscito Popular encontra eco na população, multiplica as urnas e as suas vozes, a estratégia da diretoria da Vale caminha para a repressão?

por Pedro Carrano, repórter do jornal Brasil de Fato

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