outubro 02, 2007

Che, além da imagem


A Revista Fórum deste mês de outubro está imperdível!!!

Edição 55 • outubro de 2007
Um olhar além do mito de Che Guevara, nos 40 anos de sua morte. A capa da edição 55 e dez páginas discutem o tema. Os 15 anos do massacre do Carandiru, a importância da política de redução de danos para usuários de drogas e a rotina dos cortadores de cana-de-açúcar são temas de reportagens especiais.

Che, além da imagem
Por Glauco Faria [Segunda-Feira, 1 de Outubro de 2007 às 18:52hs]

Mas como definir o humanismo de Che diante de alguém que, ao mesmo tempo, defende a “morte impiedosa do opressor”? Essa aparente contradição é feita reiteradas vezes principalmente por políticos ligados à direita que, em geral, vêem sentido em ditaduras alinhadas a sua postura política mas tratam do revolucionário como “terrorista”. Löwy não vê tal contradição já que, para o humanismo revolucionário, a guerra empreendida pelo povo é a única resposta necessária e a única possível dos oprimidos contra os opressores que patrocinam a violência institucionalizada.

“Na atual conjuntura latino-americana, a luta armada só interessa aos fabricantes de armas e à extrema direita. No entanto, como princípio, defendido por Santo Tomás de Aquino e o papa Paulo VI na encíclica Populorum Progresio, ela é legítima, desde que não reste ao povo outro recurso para demover o tirano senão a legítima defesa das armas. Essa é uma interpretação humanista da tradição judaico-cristã, incorporada pelo marxismo”, entende Frei Betto.

Peter McLaren tece uma consideração interessante a respeito de como a teoria revolucionária de Che foi absorvida inclusive por setores católicos na América Latina. “Figuras religiosas como Dom Helder Camara e Oscar Romero falaram de ‘trindade de sangue’, três níveis de violência: violência estrutural, violência revolucionária e, por fim, reacionária”, explica. “O primeiro nível, ou violência do ‘pai’, seria a opressão social, econômica, política, do sistema militar e de arranjos, codificada na lei e nos hábitos e que é responsável por dezenas de milhares de mortes de inocentes em todo mundo diariamente. A violência revolucionária, o segundo tipo, ou violência do ‘filho’, seria a resposta à violência de primeiro nível, a estrutural. A reacionária, ou ‘diabólica’, consistiria na resposta do Estado a atos de revolta contra a violência estrutural”, descreve.

Ainda segundo o professor, a revolucionária é a única violência que pode ser justificada, pelo menos teoricamente, como forma dos trabalhadores defenderem suas famílias da agressão exercia pelos representantes ricos da violência de primeiro e terceiro níveis. “Mesmo a figura de Jesus revela alguma simpatia com os objetivos da violência de segundo nível, já que ele era bastante simpático à insurreição contra a ocupação romana, embora tenha praticado a resistência da não-violência”, pontua.

A íntegra dessa matéria está na edição impressa. Reserve com seu jornaleiro!

Glauco Faria

Fonte: Revista Fórum

Nenhum comentário: