novembro 23, 2007

Quilombo dos Palmares: refúgio da liberdade

Zumbi dos Palmares
Quilombo dos Palmares: refúgio da liberdade

Escrito por Wilson Aparecido Lopes
21-Nov-2007

Ao comemorarmos o “Dia Nacional da Consciência Negra" urge salientar a importância deste salutar momento histórico para todo povo brasileiro: a herança de um povo que mesmo tendo sido feito escravo não aceitou passivamente a “canga” da escravidão sobre seu pescoço. Muito tem a nos ensinar o povo afro-descendente, muito temos o que aprender de Zumbi e muito mais ainda tem a nos revelar o Quilombo dos Palmares.

Resgatar a herança dos afro-descendentes é fazer emergir do profundo de nosso ser o sentimento de revolta, de rebeldia e de indignação. É deixar vir à tona a ira-santa frente a “qualquer injustiça provocada contra qualquer ser humano em qualquer lugar do mundo” (Che Guevara). É afirmar com Zumbi: “Não, não deponho as armas, enquanto houver um afro-descendente cativo, nenhum é livre!”.

Falar de Zumbi é falar dos afro-descendentes, falar dos afro-descendentes é falar de Zumbi, é falar do Quilombo dos Palmares. O grito de liberdade de Zumbi ainda hoje ecoa na humanidade. Foi sua ânsia pela liberdade que não lhe permitiu se render aos privilégios de que gozava sob a tutela do Padre Antonio Mello. Foi o amor pelo seu povo que o levou a não considerar justos os bons tratos destinados a ele somente, enquanto sua gente sofria sob o peso da opressão. Zumbi preferiu fugir dos privilégios a se deixar cooptar por eles. Preferiu a luta à resignação.

Foi a luta pela libertação de todo o seu povo que levou Zumbi a recusar em 1678 a oferta do então governador de Pernambuco, Pedro de Almeida, que propunha anistia e liberdade a todos os nascidos no Quilombo dos Palmares. Enquanto Ganga Zumba, então líder de Palmares, concordava com a trégua, Zumbi se colocava contra, por entender que o acordo favorecia a continuidade do regime de escravidão praticado nos engenhos. Foi este sentimento de “ou liberdade para todos ou a luta” que fez de Zumbi, a partir de então, o novo líder do seu povo.

O Quilombo dos Palmares se tornou então uma autêntica comunidade livre onde se criava gado, se plantava mandioca e cana-de-açúcar. O que sobrava da colheita era trocado com a vizinhança por sal, pólvora e armas de fogo. Garantindo assim a proteção do povo contra as inúmeras investidas dos colonizadores. Em pouco tempo, o Quilombo dos Palmares se transformou num verdadeiro “refúgio da liberdade”, acolhendo escravos fugidos, brancos-pobres e indígenas.

Nem mesmo a maior de todas as investidas desferidas pelo mercenário-bandeirante Domingos Jorge Velho, em 1694, conseguiu exterminar o Quilombo dos Palmares completamente. Muitos outros “Quilombos” surgiram. Pois não se pode destruir a memória e a liberdade de um povo. A prova é que, hoje, mais de duzentos municípios em todo o Brasil celebram a memória de Zumbi e a luta de um povo pela sua libertação, considerando este dia “feriado memorável”.

Zumbi continua a ensinar que só a luta nos faz livres e que nenhum líder deve se deixar corromper e cooptar pelos privilégios oferecidos. E que ninguém deve se considerar livre enquanto houver um só cativo. O Quilombo dos Palmares teima em nos deixar como legado o fato de ter sido um “refúgio de liberdade”. Este legado denuncia os mais diversos lugares que outrora nasceram para refugiar à liberdade, lugares que até ontem serviam de esconderijos para os mais “aguerridos lutadores do povo”, e que hoje se tornaram abrigo de uma “elite de privilegiados”, de “ajoelhados” ante os “neocolonizadores”, com seus bons empregos, fartos banquetes e vinhos finos, suas ricas amizades, mas que viraram as costas para a opressão de seu povo. Os afro-descendentes insistem em fazerem ecoar do seu âmago o grito pela libertação, ensinando-nos que nada, nada é mais importante e precioso na vida de um povo do que a sua liberdade.

Zumbi, Quilombo dos Palmares e os Afro-descendentes não nos deixam esquecer que a luta de hoje não é diferente da luta de ontem. Que a escravidão hoje é global. Que os Domingos Jorge Velho de hoje são a Rede Globo e sua cruzada desmoralizadora contra os remanescentes quilombolas, que os colonizadores ainda são os latifundiários e sua ganância ambiciosa pela grilagem de mais terras, e que os “grilhões” e o “pelourinho” de hoje continuam sendo a discriminação e o racismo. Exemplificam isto as recentes declarações de James Watson, descobridor da estrutura molecular do DNA, ao afirmar que testes de QI demonstraram que os africanos são menos inteligentes que os ocidentais.

Quantos ainda devem morrer na luta pela liberdade? Tantos quantos forem necessários para mostrar que: ou a liberdade ou a morte. Enquanto houver quem ouse escravizar um povo haverá sempre quem não tema derramar seu sangue em defesa de sua libertação. Zumbi preferiu perder a vida, mas não a liberdade. Traído por Antônio Soares, um de seus comandantes, Zumbi foi capturado no dia 20 de novembro de 1695. Morto, teve seu corpo esquartejado e sua cabeça exposta em praça pública na cidade de Olinda, Pernambuco. Quase 100 anos depois, outro “revolucionário” teve o mesmo tratamento dispensado pelos “algozes da colonização”. No dia 21 de abril de 1792, Tiradentes foi enforcado no Largo da Lampadosa, Rio de Janeiro. Sua casa foi arrasada e seus descendentes declarados infames. Seu corpo foi esquartejado, sua cabeça erguida em um poste em Vila Rica e seus restos mortais distribuídos ao longo do Caminho Novo: Cebolas, Varginha do Lourenço, Barbacena e Queluz, antiga Carijós, lugares onde Tiradentes fizera seus discursos revolucionários. A semelhança da morte tanto de Zumbi como de Tiradentes faz destes lugares os nascedouros dos “novos Quilombos dos Palmares”, dos “novos refúgios de liberdade”.

Zumbi dos Palmares, Tiradentes e tantos outros “revolucionários”, “heróis da liberdade”, demonstram que um povo só é povo sendo livre. Por isso, enquanto os afro-descendentes forem discriminados e tratados indignamente, os brancos-pobres oprimidos pela miséria e massacrados pela injustiça e os indígenas tocados de suas terras e tratados como indigentes, Zumbi vive. E com ele a memória de todos os revolucionários. Enquanto a liberdade não for liberdade para os afro-descendentes, para os pobres e para os indígenas outros “Quilombos dos Palmares” surgirão e neles outros “Zumbis” nascerão.

Fonte: Correio da Cidadania

3 comentários:

Anônimo disse...

Curiosidades==
*Os sobreviventes do quilombo afirmavam que Zumbi havia virado um [[inseto]] e que, quando ocorria uma injustiça, ele voltava para fazer [[justiça]].

quilombonnq disse...

1. REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
A COMUNIDADE NEGRA AFRO-LATINA BRASILEIRA
A FAVOR DAS COTAS RACIAIS E
APOIA É SOLIDARIA AO POVO PALESTINO. VIVA A PALESTINA!
Viva! Chávez! Viva Che!Viva! Simon Bolívar! Viva! Zumbi!
Movimento Chàvista Brasileiro
Manifesto em solidariedade, liberdade e desenvolvimento dos povos afro-ameríndio latinos, no dia 01 de maio dia do trabalhador foi lançado o manifesto da Revolução Quilombolivariana fruto de inúmeras discussões que questionavam a situação dos negros, índios da América Latina, que apesar de estarmos no 3º milênio em pleno avanço tecnológico, o nosso coletivo se encontra a margem e marginalizados de todos de todos os benefícios da sociedade capitalista euro-americano, que em pese que esse grupo de países a pirâmide do topo da sociedade mundial e que ditam o que e certo e o que é errado, determinando as linhas de comportamento dos povos comandando pelo imperialismo norte-americano, que decide quem é do bem e quem do mal, quem é aliado e quem é inimigo, sendo que essas diretrizes da colonização do 3º Mundo, Ásia, África e em nosso caso América Latina, tendo como exemplo o nosso Brasil, que alias é uma força de expressão, pois quem nos domina é a elite associada à elite mundial é de conhecimento que no Brasil que hoje nos temos mais de 30 bilionários, sendo que a alguns destes dessas fortunas foram formadas como um passe de mágica em menos de trinta anos, e até casos de em menos de 10 anos, sendo que algumas dessas fortunas vieram do tempo da escravidão, e outras pessoas que fugidas do nazismo que vieram para cá sem nada, e hoje são donos deste país, ocupando posições estratégicas na sociedade civil e pública, tomando para si todos os canais de comunicação uma das mais perversas mediáticas do Mundo. A exclusão dos negros e a usurpação das terras indígenas criaram-se mais e 100 milhões de brasileiros sendo estes afro-ameríndios descendentes vivendo num patamar de escravidão, vivendo no desemprego e no subemprego com um dos piores salários mínimos do Mundo, e milhões vivendo abaixo da linha de pobreza, sendo as maiores vitimas da violência social, o sucateamento da saúde publica e o péssimo sistema de ensino, onde milhões de alunos tem dificuldades de uma simples soma ou leitura, dando argumentos demagógicos de sustentação a vários políticos que o problema do Brasil e a educação, sendo que na realidade o problema do Brasil são as péssimas condições de vida das dezenas de milhões dos excluídos e alienados pelo sistema capitalista oligárquico que faz da elite do Brasil tão poderosa quantos as do 1º Mundo. É inadmissível o salário dos professores, dos assistentes de saúde, até mesmo da policia e os trabalhadores de uma forma geral, vemos o surrealismo de dezenas de salários pagos pelos sistemas de televisão Globo, SBT e outros aos seus artistas, jornalistas, apresentadores e diretores e etc.O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br

quilombonnq disse...

2. REVOLUÇÃO QUILOMBOLIVARIANA!
.
Manifesto da Revolução Quilombolivariana vem ocupar os nossos direito e anseios com os movimentos negros afro-ameríndios e simpatizantes para a grande tomada da conscientização que este país e os países irmãos não podem mais viver no inferno, sustentando o paraíso da elite dominante este manifesto Quilombolivariano é a unificação e redenção dos ideais do grande líder Zumbi do Quilombo dos Palmares a 1º Republica feita por negros e índios iguais, sentimento este do grande líder libertador e construí dor Simon Bolívar que em sua luta de liberdade e justiça das Américas se tornou um mártir vivo dentro desses ideais e princípios vamos lutar pelos nossos direitos e resgatar a história dos nossos heróis mártires como Che Guevara, o Gigante Osvaldão líder da Guerrilha do Araguaia. São dezenas de histórias que o Imperialismo e Ditadura esconderam. Há mais de 160 anos houve o Massacre de Porongos os lanceiros negros da Farroupilha o que aconteceu com as mulheres da praça de 1º de maio? O que aconteceu com diversos povos indígenas da nossa América Latina, o que aconteceu com tantos homens e mulheres que foram martirizados, por desejarem liberdade e justiça? Existem muitas barreiras uma ocultas e outras declaradamente que nos excluem dos conhecimentos gerais infelizmente o negro brasileiro não conhece a riqueza cultural social de um irmão Colombiano, Uruguaio, Venezuelano, Argentino, Porto-Riquenho ou Cubano. Há uma presença física e espiritual em nossa história os mesmos que nos cerceiam de nossos valores são os mesmos que atacam os estadistas Hugo Chávez e Evo Morales Ayma,Rafael Correa, Fernando Lugo não admitem que esses lideres de origem nativa e afro-descendente busquem e tomem a autonomia para seus iguais, são esses mesmos que no discriminam e que nos oprime de nossa liberdade de nossas expressões que não seculares, e sim milenares. Neste 1º de maio de diversas capitais e centenas de cidades e milhares de pessoas em sua maioria jovem afro-ameríndio descendente e simpatizante leram o manifesto Revolução Quilombolivariana e bradaram Viva a,Viva Simon Bolívar Viva Zumbi, Viva Che,Viva MalcolnX ,Martin Luther King, Viva Osvaldão, Viva Fidel,Viva Mandela, Viva Chávez, Viva Evo Ayma, Viva a União dos Povos Latinos afro-ameríndios, Viva 1º de maio, Viva os Trabalhadores e Trabalhadoras dos Brasil e de todos os povos irmanados.
O.N.N.QUILOMBO –FUNDAÇÃO 20/11/1970
quilombonnq@bol.com.br