janeiro 07, 2008

CFP repudia matéria publicada no jornal O Globo

Foto: Rogelio Casado - Arte de usuário; Congresso Brasileiro de CAPS, SP - 2004

No dia do encerramento dos 20 Anos de Luta Antimanicomial, realizado em Bauru-SP, entre os dias 6 a 9 de dezembro de 2007, o jornal O Globo publicou uma matéria tendenciosa. Seria demais dizer que ela, a matéria, não tinha pé nem cabeça. Tinha. Tinha a cabecinha de uma jornalista pronta para receber informação falsa e sensacionalista e o pezinho fincado em interesses corporativos muito semelhantes ao conteúdo da carta da lavra do ex-Presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria, publicada nas mesmas páginas de O Globo, em meados de julho de 2006, dias depois do encerramento da Encontro Nacional de Saúde Mental, realizado em Belo Horizonte, entre os dias 11 a 16 de julho de 2006. Coincidência? Fala sério!!! A psiquiatria conservadora não dorme de touca.

CFP repudia matéria publicada no jornal O Globo


A matéria "Sem hospício, morrem mais doentes mentais" do Jornal O Globo do dia 09 de dezembro de 2007, da jornalista Soraya Aggege, é tendenciosa e parcial e vai contra o direito básico da população de obter informação verídica e imparcial dos fatos. A chamada da matéria é, particularmente, ofensiva por oferecer informação falsa e sensacionalista, desprovida de qualquer fundamentação. Em nossa opinião, tal matéria coloca em questão a responsabilidade ética do jornal e da repórter por oferecer uma visão que privilegiou a opinião dos interesses econômicos, corporativos e acadêmicos que se beneficiaram historicamente da manutenção do modelo manicomial. A matéria ignora solenemente os benefícios obtidos por milhões de brasileiros, outrora desassistidos e condenados às internações prolongadas e impedidos de viver em sociedade e que, atualmente, contam com a possibilidade da sua reinserção social através das novas unidades comunitárias. Sem dúvidas ainda existem deficiências e limitações na prestação dos serviços de saúde mental através do SUS, mas certamente os benefícios da nova política são imensamente maiores do que as suas deficiências.

O hospital psiquiátrico foi e tem sido uma instituição enganosa que vende uma imagem como lugar de tratamento, mas oculta dimensões inóspitas, perigosas e violentas, em função do predomínio de uma indignificante dimensão do seu mandato social, comprometida fundamentalmente com a exclusão dos doentes mentais.

Faz parte da nova proposta promover mudanças na visão preconceituosa da sociedade em relação a este tema e, aparentemente, devemos começar com os que são formadores de opinião, para evitar deturpações como as que ora colocamos em questão.

Atenciosamente,

Ana Bahia Bock

Presidente do CFP

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