fevereiro 24, 2008

Cadernos CEAS: ação política-educativa para setores populares

Hidrelétrica de Balbina - Amazonas

Mau exemplo – Hidrelétricas alagam imensas áreas com vegetação terrestre, no mundo todo. Pior, as plantas submersas se decompõem e liberam para a nossa surrada atmosfera significativas quantidades de metano e gás carbônico, dois gases envolvidos no aquecimento global. Segundo a revista de divulgação científica da SBPC Ciência Hoje, n. 245, de jan/fev de 2008, no artigo intitulado As hidrelétricas e o aquecimento global , parte desses gases é liberada, por difusão ou ebulição, na superfície da água. Mas a encrenca ainda é maior: “Outra parte é liberada abaixo das barragens, na saída das turbinas, devido à queda da pressão hidrostática (assim como a parte do gás de um refrigerante sai logo que se abre a garrafa). Uma terceira parte á lançada na atmosfera lentamente, por difusão, ao longo do canal dos rios, abaixo das barragens”. Caramba! Em que este fato contribui para o aumento do calor na cidade de Manaus, além daquela provocada pela ocupação desordenada e a explosão demográfica após a criação da Zona Franca? Quem chega em Manaus tem a impressão que deixaram o aquecedor ligado. Sua-se à bica.

Balbina no País da Impunidade, o Vídeo – Quando, junto com a Associação dos Pesquisadores do INPA e a Associação dos Servidores do INPA, realizei o documentário sobre o impacto ambiental que se seguiu à construção da hidrelétrica de Balbina, essas informações ainda não circulavam no meio científico. Ao que parece o documentário continua atual (pode ser encontrado no Instituto Geográfico e Histórico do Estado do Amazonas). Por isso, vale a pena ler o alerta dos autores do artigo em pauta. Alexandre Kemenes – Experimento de Larga Escala da Biosfera-Atmosfera na Amazônia, Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA), Bruce Forsberg – Coordenação de Pesquisas em Ecologia, INPA, e John Melak – Bren School of Environmental Science and Management, University of California in Santa Barbara, alertam para o ambicioso plano da Eletrobrás em construir outras hidrelétricas, como a de Belo Monte, no rio Xingu, e Santo Antonio e Jirau, ambas no rio Madeira. Para esses pesquisadores: “A escolha das hidrelétricas a serem construídas deveria basear-se em uma rigorosa análise de custo e benefício, que contabilizasse, além das despesas de construção e manutenção, os custos ambientais – e a emissão de gases-estufa é um dos principais”.

Pergunta-se – Seria possível que os cavalheiros traduzissem em linguagem simples e acessível o que a construção de hidrelétrica no trópico úmido significa para o ambiente onde vivemos? Sabe-se que Balbina inundou uma área de 2.600 km2 para gerar 250 megawatts, enquanto Samuel alagou 550 km2 para gerar 216 MW. Ou seja, além dos atingidos pela barragem, obrigados a abandonar suas moradias, perdem os contribuintes brasileiros, que estão sendo lesados em todos os sentidos. E, perde, igualmente toda a humanidade, pois que os efeitos do desastre atinge o planeta em todas as suas latitudes. Caso esse singelo pedido seja aceito, recomenda-se o não uso do sociologuês, politiquês e economês habituais. O Caderno do CEAS pode dar uma grande contribuição; ele tem como missão o nobre dever de socializar a informação às camadas mais vulneráveis da sociedade. Mãos à obra, senhores!

Aproveite e conheça o INPA.

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CADERNOS DO CEAS
ISSN 0102-9711

PROGRAMAÇÃO 2008 E CHAMADA PARA ARTIGOS

1. O Centro de Estudos e Ação Social (CEAS)

O Centro de Estudos e Ação Social (CEAS) é uma entidade jurídica sem fins lucrativos fundada em 1967, que busca contribuir para a superação da miséria e da exclusão. Atuando em regiões do Nordeste marcadas por situações históricas de pobreza e de dominação, o CEAS tem como eixo unificador de sua prática o fortalecimento da autonomia e do protagonismo dos públicos que acompanha. Nosso objetivo principal é desenvolver o que chamamos de trabalho de base: um trabalho político-educativo com setores populares, buscando alcançar o público mais desassistido, os extratos de renda mais baixa. Procuramos favorecer e incentivar a tomada de iniciativas próprias e autônomas por arte dos grupos populares com os quais trabalhamos, contribuindo para contradizer a nossa história de exclusão social e autoritarismo, onde as elites querem sempre decidir pelo povo.

2. Os Cadernos do CEAS

Com uma diversidade de opiniões e de propostas de trabalho, a atuação do CEAS inclui, além do assessoramento direto a grupos urbanos e rurais, a publicação de uma revista, os Cadernos do CEAS, revista trimestral lida por grupos populares, estudantes de diferentes níveis, intelectuais e assessorias dos movimentos sociais de várias partes do Brasil. Através da reflexão interdisciplinar, os artigos publicados nos Cadernos do CEAS desde 1969 apresentam, analisam e comentam a realidade brasileira; aprofundam aspectos importantes, denunciam formas de opressão e desigualdades sociais e apontam a iniciativa das classes populares como caminho para a superação da miséria e da exploração, na direção de uma sociedade mais justa e humana, de real participação democrática.

3. Programação para 2008

Os Cadernos do CEAS em 2008 serão publicados em dois formatos: uma edição aberta e três edições temáticas.

3.1. Edição n.º 229

A primeira edição do ano será uma edição sem tema central, voltada para artigos inéditos, elaborados numa perspectiva crítica e que não se limitem a mera revisão bibliográfica, explicitando, portanto, a posição do(a) respectivo(a) Autor(a), focados na realidade brasileira ou na atuação de movimentos sociais de base brasileiros ou estrangeiros.

Os artigos para esta edição serão recebidos até o dia 19 de março de 2008, impreterivelmente.

3.2. Edição n.º 230: CIDADES

Nossa edição n.° 230 será dedicada à reflexão sobre as conseqüências da matriz capitalista de desenvolvimento das cidades, com os seguintes subtemas:

a) Análise crítica do desenvolvimento recente das cidades;

b) Crítica às políticas capitalistas de urbanização;c

) Surgimento e estabelecimento das cidades globais;

d) Vida e luta das comunidades de periferias urbanas;

e) Movimentos sociais urbanos (luta por moradia, por transporte, por saneamento básico, por infraestrutura de serviços públicos, e pela reforma urbana em geral);

f) Violência urbana;

g) Cultura urbana no meio popular;

h) Marco regulatório da urbanização: planos diretores, legislação urbanística e sua aplicação política.

Os artigos para esta edição serão recebidos até o dia 05 de junho de 2008, impreterivelmente.

3.3. Edição n.° 231: PROJETO DE DESENVOLVIMENTO E MATRIZ ENERGÉTICA

Nossa edição n.° 231 pretende, a partir da experiência brasileira, refletir sobre as possíveis conseqüências sócio-ambientais do desenvolvimento econômico baseado em matriz energética fundada nos agro-combustíveis como substitutos do combustíveis fósseis. Essa edição abordará, ainda, os seguintes subtemas:

a) Impactos agrários e agrícolas dos agro-combustíveis (soberania alimentar, estrutura de propriedade da terra, reforma agrária, agricultura camponesa);

b) Aquecimento global (combustíveis fósseis, pressão dos agro-combustíveis e desmatamento da Amazônia, Cerrado e Caatinga);

c) Hidroelétricas na Amazônia;

d) Energias poluentes versus energia limpa.A abordagem das várias questões enfatizará o papel dos Movimentos Sociais na resistência ao desenvolvimento social e ambientalmente destrutivo, bem como, o papel de sujeitos ativos, exercidos por eles, na concepção e ensaio de projetos alternativos de organização social e econômica, que contemplem a preservação dos bens naturais para a presente e futuras gerações.

Os artigos para esta edição serão recebidos até o dia 04 de setembro de 2008, impreterivelmente.

3.4. Edição n.º 232: ASSESSORIA A MOVIMENTOS POPULARES

Nossa edição n.º 232 pretende refletir sobre a experiência recente de assessoria a movimentos populares após o crescimento do assim chamado "terceiro setor", com os seguintes subtemas:

a) Assessoria e autonomia dos movimentos populares;

b) Metodologia do trabalho de assessoria a movimentos populares;

c) Papel das redes e articulações de entidades na atual conjuntura;d) Conjuntura da cooperação nacional e internacional;

e) Financiamento público: análises, críticas e experiências de caso;

f) O trabalho de assessoria a movimentos populares na América Latina: experiências e estudos de caso.

A abordagem das várias questões enfatizará o papel da autonomia dos Movimentos Sociais na construção e ensaio de projetos de desenvolvimento social e ambientalmente justos.

Os artigos para esta edição serão recebidos até o dia 04 de dezembro de 2008, impreterivelmente.

4. Normas para publicação

Os Cadernos do CEAS estão abertos à publicação de artigos inéditos, elaborados numa perspectiva crítica e que não se limitem a mera revisão bibliográfica, explicitando, portanto, a posição do(a) respectivo(a) Autor(a). Os artigos serão submetidos à apreciação da Equipe Editorial da Revista, que analisa, discute e decide, majoritariamente, sobre a sua publicação. A Equipe Editorial, quando necessário, poderá sugerir ao(à) Autor(a) alterações formais em seu texto, a fim de adequá-lo às exigências da Revista.

Os artigos enviados para publicação devem conter entre 10 e 25 páginas, espaço 1,5 e 70 toques, acompanhado de síntese de, no máximo, 8 linhas. As resenhas de livros não devem ultrapassar 4 páginas. As notas de rodapé devem ser limitadas ao mínimo necessário.

Pede-se enviar uma breve apresentação do(a) Autor(a) e seu endereço para correspondência. No caso de envio de artigos em disquetes, sugere-se que estes estejam acompanhados de cópia em papel; os originais não serão devolvidos ao(à) Autor(a), que terá direito a cinco (5) exemplares do Caderno em que foi publicado seu artigo.

Para maiores informações, envie e-mail para:

revista@ceas.com.br

ou faça contato com:

Cadernos do CEAS
Rua Aristides Novis, 101 - Federação
41210-630 Salvador, Bahia (Brasil)

Fone: +55 71 3247.1232 - Fax: +55 71 3332.0608

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