junho 21, 2008

Homofobia mata! Por um Estado Laico de fato.

Foto : Rogelio Casado - Parada GAY - Manaus-Am, 2004

Homofobia Mata!

“Homofobia Mata! Por um Estado Laico de fato”. Este foi o tema da 12ª Parada do Orgulho Gay que aconteceu recentemente na cidade de São Paulo. Na ocasião, aproximadamente 3,5 milhões de pessoas compareceram na manifestação que teve entre seus objetivos, pedir o fim do preconceito e garantias de mais direitos para os gays dentro da Constituição brasileira.

O destaque nas reivindicações foi para a aprovação do Projeto de Lei 5003/2001 (PL), da Câmara dos Deputados. O PL criminaliza a homofobia e pune quem discriminar homossexuais em espaços públicos ou privados, no ambiente de trabalho, e também quem impedir a expressão de afetividade entre pessoas do mesmo sexo.

Em entrevista para a Radioagência NP, o presidente da Associação da Parada do Orgulho GLBT de São Paulo (APOGLBT-SP), Alexandre Santos, comenta que o PL já foi aprovado na Câmara, mas teve a votação adiada no Senado por pressão de líderes religiosos. Para ele “muitos políticos usam o espaço do senado como espaço de igreja e com isso deixam de lado os direitos da população”. Alexandre também destaca os avanços políticos conquistados dentro destes 12 anos de manifestações.

Radioagência NP – Alexandre, pelo terceiro ano consecutivo a Parada Gay veio com o tema homofobia. Quais são os desafios em relação a este tema?

Alexandre Santos - Estamos com esse tema principalmente para tentar aprovar a Lei que criminaliza a homofobia. O Projeto de Lei da ex-deputada federal Lara Bernardi (PT/SP) mesmo aprovado no Congresso, está parado no Senado. O PL não foi aprovado por questões religiosas, o Senado tem uma bancada religiosa muito grande. Estamos pedindo um Estado Laico porque nosso país é regido por leis e não por religiões. Alguns senadores estão usando o púlpito do senado como púlpito de igreja. Queremos deixar claro que as leis são para cidadãos, independente de raça ,cor, crença ou orientação sexual.

RNP – Isso significa que os representantes do povo estão agindo de maneira preconceituosa com os cidadãos gays?

AS -
Isso é fato. Não é somente na questão GLBT, existe na questão do aborto também. As leis existem para crédulos e incrédulos. Você pode optar por sua religião, mas as leis não, as leis são para todos. Os homens que ditam leis devem deixar de lado a religião e ver que pessoas estão morrendo. A homofobia não mata somente com tiros ou facadas, a homofobia mata sonhos, auto-estima e esperança. Essa separação das leis da religião é uma questão que deve ser muito bem pensada.

RNP - E o caráter político da manifestação, esse foi perdido durante as 12 edições ou continua crescendo diante da proposta inicial?

AS -
Se pegar o cronograma da Parada é visível que há um crescimento gigantesco. Em uma pesquisa realizada ficou constatado que aproximadamente 17% das pessoas vão para a Parada com intuito político, intuito de reivindicar direitos. Isso é um avanço! Cresceu muito? Cresceu! O presidente [Lula] chamou uma conferência nacional GLBT, isso é um grande avanço. Esperamos que isso seja o início de grandes conquistas para o movimento. O preconceito está enraizado em algumas pessoas, mas por outro lado, muitas pessoas estão vendo o outro lado da história. Digo isso quando vemos muitas famílias na Parada, quando vemos pais, mães e filhos andando com nossa bandeira. As cabeças das pessoas estão mudando. Somos seres humanos, cidadãos de direitos. Temos uma prática sexual, mas essa prática acontece dentro de quatro paredes e fora delas somos pessoas comuns.

RNP - Sabemos que o grande ato do orgulho gay é a Parada que acontece durante todo um dia. Pós-parada quais são as ações que a Associação realiza?

AS -
Trabalhamos com saúde, prevenção e direitos humanos. Temos o projeto Rede Cidadã que nós recolhemos denúncias de discriminação e encaminhamos as denúncias para os órgãos responsáveis. Temos projetos de prevenção para homens que fazem sexo com homens. Criamos um documento de União Estável Homofetiva – declaração de união - esse documento garante alguns direitos patrimoniais. Ele é registrado no cartório de títulos e documentos, mensalmente fazemos todos esses trabalhos.

De São Paulo, da Radioagência NP, Danilo Augusto.

03/06/08

Fonte: Radioagência do Planalto

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