setembro 27, 2008

Óleo do Diabo, diretamente da Lapa

Rio de Janeiro - Lapa - Estrela da Noite
Oleo do Diabo

Rio Mon Amour (pout pourri de assuntos)

Posted: 26 Sep 2008 05:01 PM CDT

*Hoje - até o momento - li apenas o Estadão, e anotei algumas observações que gostaria de fazer aqui.

Número 1. É infantil o que eles fazem com o Mangabeira Unger. Qualquer matéria envolvendo seu nome traz sempre o seguinte aposto: "Mangabeira Unger, que uma vez afirmou que o governo Lula era o mais corrupto da história". Outro dia li uma matéria que trazia a informação duas vezes, no mesmo parágrafo! Se fossem honestos, podiam agregar a explicação que Unger já deu várias vezes sobre o motivo de ter feito um julgamento tão leviano e apressado: estava no estrangeiro e apenas lia os jornais de São Paulo! Número

2. O Estadão traz um editorial intitulado: "Está na hora de perder a paciência", no qual tenta pressionar o governo Lula a agir com dureza contra o Equador, por conta dos problemas enfrentados lá pela empresa brasileira Odebrecht. Ora, pintar a Odebrecht como coitadinha é ridículo. É uma das empresas que mais cresceu sob o governo Lula, tanto por conta do aumento dos investimentos privados como das grandes obras públicas que o governo vem realizando. A Odebrecth sabe se virar sozinha e o governo não tem que fazer guerra contra o Equador por conta dos erros da empresa naquele país. O mais absurdo, no entanto, é a miopia do Estadão e de seus missivistas otários. Falam que Lula não estaria contemplando os interesses nacionais com sua atitude "paternalista" para com Equador, Bolívia, Paraguai, entre outros hermanos. Ora, o jornal se dispusesse a estudar as estatísticas de comércio exterior, veria que a postura "gentil" e "generosa" de Lula colaborou para que as exportações brasileiras para os países da América do Sul registrassem um salto impressionante. Eu me pergunto: o que são os interesses brasileiros, segundo o Estadão? É do interesse brasileiro criar atritos diplomáticos com países que oferecem um potencial tão grande como parceiros comerciais? Por que o Estadão e seus missivistas otários estão sempre querendo que o Brasil faça guerra contra nossos instáveis e frágeis hermanos, e ao mesmo tempo instam constantemente para que o país se curve aos interesses norte-americanos, como foi o caso da campanha babaca que fizeram para o Brasil entrar na Alca? Aliás, que lembrança boa a minha: Alca. Lembram da Alca? FHC e mídia fizeram uma campanha maciça para o Brasil entrar na Alca. Diante da atual crise americana, vocês podem imaginar que maravilha seria se o Brasil estivesse umbilical e servilmente ligado aos EUA como eles queriam? Estaríamos, com perdão da palavra, literalmente fodidos.

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*Eu disse que ia falar de cinema. Esperem um pouco. O Festival do Rio começa hoje. Mas quero falar de um filme que assisti esta semana: Que viva México! do grande Eisenstein. É um filme incompleto. Eisenstein não conseguiu terminá-lo, por falta de verba. O filme foi feito no México com uma equipe de apenas 3 pessoas! O russo contou com a ajuda intelectual de gigantes mexicanos como Diogo Rivera, Orozco e Siqueros, representantes de uma época em que o gênio da arte flertava com o gênio da revolução. Entretanto, mesmo incompleto, trata-se de uma obra-prima magnífica. As cenas são tão bonitas que parecem canções visuais. Esse filme influenciou fortemente a obra de Glauber Rocha. Há cenas que se parecem muito com partes de Deus e Diabo na Terra do Sol. Glauber admitia essa influência.

*Ontem rolou a festa de abertura do Festival do Rio. Eu não fui. Fiquei na Lapa, nos bares de sempre. Com os amigos de sempre. E foi ótimo. Sinto-me como um Emile Zola: convivo apenas com artistas plásticos, quase não falo com outros escritores. Aliás um dia eu conto pra vocês a história da amizade entre Emile Zola e Cezanne. Meu consultor de artes, o Juliano Guilherme, me dizia ontem que o maneirismo está de volta às artes plásticas. Na história da arte, o maneirismo sempre aparece após épocas de crise profunda. O manerismo seria uma espécie de virtuosismo ou tecnicismo. Os artistas maneiristas dominam determinadas fórmulas e técnicas e permanecem nelas. O Juliano explicava que há maneiristas brilhantes no Brasil. Há, por exemplo (aí sou eu que digo), a Beatriz Milhazes, que acaba de vender um quadro por mais de 1 milhão de dólares em Londres, com seus lindos e enfadonhos arranjos florais. Ela é boa no que faz. Mas é sempre aquilo. As mesmas florzinhas de sempre. O problema do maneirismo é seu cinismo e frieza, que empobrecem sua densidade estética. Arte, para mim, precisa ser autêntica e apaixonada. É uma concepção pessoal, um tanto simplória. Sei que há outras concepções mais sofisticadas. Mas, neste caso, prefiro meu pão com manteiga do que me intoxicar com lagostas fora do prazo de validade. Há sempre algo de melancólico, falso e oportunista no maneirismo.

*Descobri um lance manero. Há um projeto no Rio de shows de blues ao vivo, grátis, no centro da cidade. Amanhã, 27, vai rolar mais uma edição, a partir das 20:00 até tarde da noite, na Avenida Rio Branco 311, Cinelândia, perto do Consulado Americano. Mais informações nesse blog.

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