janeiro 17, 2009

Bernardo Carneiro Horta, Nise da Silveira e a "Emoção de Lidar"

Reprodução do Portal Literal
Bernardo Carneiro Horta O Arqueólogo de Nise

Ramon Mello, Araruama (RJ) · 14/11/2008 ·

Por Ramon Mello

“Pára de escrever, rapaz. Você é jornalista, oportunista, burro e ignorante. Sou contra o culto à personalidade! Biografia minha, não! Sai fora que você não tem chance, não vou admitir”. Foram frases desse tipo que Bernardo Carneiro Horta ouviu de Dra. Nise da Silveira enquanto tentava registrar a história de “uma das mulheres mais extraordinárias não só na cultura brasileira”.

No entanto, a persistência do autor, que durante mais de 10 anos freqüentou o Grupo de Estudos C.G.Jung, resultou num livro especial: Nise – Arqueóloga dos Mares. Para convencer Nise da Silveira sobre a idéia de manter sua memória no papel, Bernardo Horta recorreu à literatura, uma das grandes paixões da psiquiatra que foi amiga de Graciliano Ramos, Manuel Bandeira, Ferreira Gullar, Rachel de Queiroz e mais uma constelação de escritores, artistas e intelectuais.

Utilizando o conceito de “biografemas”, de Roland Barthes, Bernardo Horta escava a vida de Nise da Silveira como um arqueólogo e revela intimidades, com o aval de amigas íntimas de Nise como Martha Pires Ferreira, Zoé Chagas Freitas e Márcia Leitão da Cunha. O autor, que é formado em teatro e jornalismo, pontua a dramaticidade da psiquiatra que foi apaixonada por gatos e que muitas vezes preferia a companhia dos animais a dos seres humanos.

A leitura deste livro é um mergulho profundo no universo niseano; o leitor que se permitir levar pelos fragmentos de memória terá uma oportunidade única de conhecer a simplicidade da renomada psiquiatra brasileira, aluna de Carl Jung. O intenso amor de Nise pelos loucos gera uma reflexão sobre os nossos valores. Perguntas, muitas perguntas, surgem durante a leitura. Talvez a mais freqüente seja: “Nise planejou a vida que teve?”

A entrevista com Bernardo Carneiro Horta – testemunhada pelo músico e estudante de psicologia Felipe Grillo e pelo fotógrafo Tomás Rangel –, em Copacabana, começou no bar da Modern Sound e terminou no Cafeína, devido a infinidade de histórias que surgiram de uma simples pergunta. E, mesmo assim, a sensação é que muitas outras perguntas interessantes ficaram sem respostas. Em 2009 completam-se 10 anos da morte de Nise da Silveira, e desejo que o livro Nise – Arqueóloga dos Mares ganhe uma segunda edição à altura do seu conteúdo. Nise merece.

Leia a entrevista na íntegra no Portal Literal
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