setembro 10, 2009

Com quantos caquinhos se faz uma história?

Amazônia indígena em caquinhos
Foto:
Rogelio Casado
Urucurituba - Amazonas - Brasil
1982
Nota do blog: A programação de hoje do Museu Amazônico - MUSA, sobre a Ocupação da Amazônia pré-colonial, me fez lembrar da primeira vez que me deparei com um cemitério indígena. Foi em 1982. Sobre ele foi construída uma cidade: Urucurituba. Cidade localizada no médio Amazonas, terra natal do meu saudoso amigo Silvério Tundis (um dos organizadores do livro Cidadania e Loucura, editada pela Vozes, clássico da literatura da Reforma Psiquiátrica brasileira). Chegando de barco via-se, em toda a orla do barranco, uma imensa faixa de terra preta, típica dos lugares sagrados onde os indígenas enterram seus mortos. Quando fotografei essas crianças, estava em curso o resgate da história dos povos indígenas. Repare que elas seguram os caquinhos da história da Amazônia Indígena, quase inteiramente destruída pelo capitalismo selvagem. Que curiosa inversão de papéis! Afinal, dizia-se do outro uma certa condição selvagem. Selvagem quem, cara-pálida? Eram tantos os caquinhos pelo caminho público que os visitantes da cidade costumavam levá-los aos montes como souvenir. Taí o ex-deputado federal pelo Amazonas João Thomé Mestrinho que não me deixa mentir. Aonde estarão esses meninos? Acaso estão frequentando o curso de licenciatura indígena criada pela Universidade do Estado do Amazonas? Oxalá! Essa iniciativa que pretende desaguar na criação da Universidade Indígena, atualmente envolve cinquenta e dois munícípios, com mais de 2.600 alunos. Estou certo de que ela contribuirá para que não deixemos que a história volte a virar caquinho.
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