setembro 30, 2009

O Amazonas participa da Marcha dos Usuários de Saúde Mental à Brasília

Marcha dos Usuários
Foto:
Rogelio Casado
Manaus - Amazonas - Brasil
Setembro - 2009
Márcio, Nivya, Francinete, Olinda e Michel
(Weber tinha tido ao banheiro)


Nota do blog: Ontem, às 14h40, enquanto os(as) companheiros(as) da Associação Chico Inácio (filiado à Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial) tomavam o avião em Manaus rumo a Brasília, em caravana liderada pela psicóloga Nivya Valente, para participar da Marcha dos Usuários, os estudantes de psicologia do Brasil faziam circular pela net o apoio à Luta por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. E vamo que vamo!

Estudantes de Psicologia na Luta por uma Reforma Psiquiátrica Antimanicomial
Brasília também vai ouvir a nossa voz!


Há cerca de vinte anos, profissionais de saúde, defensores dos Direitos Humanos, estudantes, usuários dos serviços de saúde mental e seus familiares, vêm se organizando para combater as arbitrariedades permitidas pelas práticas manicomiais e retirar a loucura dos domínios institucionais. Tal movimento resultou na lei 10.216/2001, também conhecida como “Lei Paulo Delgado”. A lei prevê a mudança das práticas de tratamento psiquiátrico para um modelo substitutivo, que priorize formas de tratamento mais humanizadas, como por exemplo: os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), hospitais-dias, ou mesmo, mais leitos psiquiátricos em hospitais gerais.

Mesmo com estes avanços, o que vemos é que o velho e arcaico modelo hospitalocêntrico ainda prevalece, tanto pela sua cristalização, como pelos interesses econômicos que resguarda. A classe médica, hegemônica nas equipes multiprofissionais de saúde, de forma geral, defende esse modelo com unhas e dentes, afinal, são os grandes empresários do ramo manicomial. Anexas a estes, estão as indústrias farmacêuticas, que agem no sentido de legitimar os diagnósticos para garantir a venda do seu produto, o medicamento. Em outra perspectiva há grupos que tentam compreender o ser humano em todas as suas dimensões, e portanto pensar práticas de saúde mais amplas e suplementares, bem como os próprios usuários, que têm seus direitos usurpados, e os familiares que sofrem também com a dura realidade do manicômio.

Mais do que discutir as questões estruturais, faz-se necessário também refletir acerca do plano ideológico do que diz respeito à loucura. O usuário com sofrimento psíquico grave carrega consigo o estigma da doença, que o coloca em situação de marginalização, em qualquer meio social em que esteja presente. O sistema capitalista lhe imputa a inaptidão para o mundo do trabalho. O usuário é apontado como um perigo iminente, e nem mesmo tem garantido os direitos mínimos à sua sobrevivência, como por exemplo: passe-livre, assistência previdenciária,entre outras coisas. O que está por trás de tudo, desde a consolidação do modelo manicomial até o estigma e o preconceito contra o louco, é uma pretensa manutenção da ordem social.

Portanto, a Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia (CONEP) defende os princípios e construção do Sistema Único de Saúde (SUS) pela sua importância no processo de Reforma Psiquiátrica e em defesa da saúde pública brasileira. Temos como diretrizes de nossa atuação a luta antimanicomial, a defesa pela autonomia e os direitos humanos dos usuários dos serviços de saúde mental, pautando a necessidade da construção de um diálogo contínuo com os movimentos sociais que defendem essa política. Acreditamos na possibilidade da construção de uma rede de atenção à saúde mental pública e territorializada, que tenha como base um controle social legitimamente popular. Discordamos de quaisquer práticas estigmatizantes e manicomiais.

Defendemos a construção coletiva dentro da Luta Antimanicomial - LAM, apresentando uma pauta de reivindicação polifônica dentre os diversos sujeitos que militam pela saúde mental, buscando a unificação de bandeiras de luta entre os diversos coletivos, sem que estes percam sua especificidade. Dentro disso, reafirmamos a necessidade da criação de espaços de protagonismo dos usuários, na formação política de novos sujeitos dentro da LAM. Também nos comprometemos a acompanhar e defender a reforma psiquiátrica e controle social junto às entidades de Psicologia do Brasil. Avancemos na luta, pela realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental, que não acontece há quase 10 anos, e por uma Sociedade Sem Manicômios.

Coordenação Nacional dos Estudantes de Psicologia – CONEP

http://www.coneponline.ning.com/
coneponline@gmail.com


Posted by Picasa

Nenhum comentário: