outubro 25, 2009

Ato de homenagem e carinho a Chrystian Paiva em Roraima

Chrystian Paiva
Acervo do Ogro Lunar


Não acreditamos no suicídio do anarquista Chrystian Paiva

Ato de homenagem e carinho a Chrystian Paiva em Roraima

Convidamos a todos e todas para participar de um ato de homenagem, companheirismo, amizade e carinho que será prestada a Chrystian Paiva, no dia 27 de outubro próximo, às 17h, na sede do SINTERR (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Roraima), Av. Santos Dumont, 2018 - Bairro 31 de Março, na cidade de Boa Vista, Roraima.

O professor Chrystian Paiva morreu no domingo, 18 de outubro, em condições muito suspeitas, dedicou boa parte da sua vida as idéias, práticas e lutas libertárias, em São Paulo, sua cidade de origem, como em Roraima, onde passou seus últimos dias de vida. Sempre fez da educação um instrumento para construir pessoas livres e felizes. Em Roraima mobilizou os professores do estado para lutar contra as más condições da educação, o autoritarismo implantado pelo Estado nas escolas e a política pelega e domesticadora do Sindicato dos Professores. Ele foi um dos criadores e animadores do Movimento de Organização dos Trabalhadores em Educação (MOTE): http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/

O convite se estende também aos familiares, amigos, amigas, companheiros e companheiras, que pela distância não poderão estar presentes, mas que, como achar oportuno, podem se manifestar enviando mensagens e dedicatórias que serão lidas no ato. Escritos para Adriana Gomes: pink.gms@hotmail.com

A seguir um dos últimos poemas feito pelo companheiro Chrystian Paiva:

Nem todos foram embora
Nem todos os amigos estão mortos
Mas quase todos se foram sem importar-se
Com sonhos e outras bobagens
Deram um jeito em suas culpas
Empregos, filhos, namoradas
E condescendência pura
A negação do último reduto de fé
A poesia e seus demônios
Então que vão aos infernos!
E procurem suas mortes simples
Suas respostas simples
Como estímulo:
A morte é certa!

Chrystian Paiva – 2009

agência de notícias anarquistas-ana

bater de asas
na coreografia
da natureza


António Barroso Cruz

***

Morte de Anarquista Paulista em Roraima envolve muitos mistérios

Não acreditamos no suicídio do anarquista Chrystian Paiva
Por Adriana Gomes 21/10/2009 às 09:05

Não acreditamos que o professor Chrystina Paiva tenha cometido suicídio.

Aproximadamente às 11h do dia 18 na Praia do bairro Caçarí, na cidade de Boa Vista Capital do Estado de Roraima o professor, poeta, escritor, musico, compositor, anarquista Chrystian Paiva foi bruscamente abordado por uma guarnição da Polícia Militar sob o comando do Subtenente Machado e sem nenhum indício anterior que tivesse intenção de cometer suicídio em um balneário movimentado, em plena luz do dia, a polícia em sua versão disse que o mesmo o cometeu. As testemunhas são controversas, Chrystian Paiva era destro a bala que perfurou sua cabeça entrou do lado esquerdo, a mão esquerda estava machucada, assim como estava com hematomas e arranhões no rosto. Tudo leva crê que não teve como se defender e se tivesse como se defender com uma arma de fogo não atiraria na própria cabeça na frente de policiais militares, não creditamos na versão oficial da imprensa e mídia de que Chrystian Paiva tenha cometido suicídio. O Professor Chrystian Paiva era anarquista aguerrido com dois anos em Roraima mobilizou os professores do estado para lutar contra as más condições da Educação, o coronelismo autoritário implantado pelo estado nas escolas e a política pelega do Sindicato dos professores. Passávamos noites junto com ele enviando e-mails, criou blog MOTE e como todo bom anarquista fazia ação direta. Colecionava um grande histórico de lutas de repercussão nacional empreendidas no estado onde nasceu São Paulo e era PUNK desde os 12 anos. Ficamos indignados de saber que um companheiro de luta tão importante para o movimento tenha sido vítima de uma ação de policiais truculentos e queremos vingança. Vamos lutar o mais que pudermos para responsabilizar os verdadeiros culpados, pedimos a ajuda de todos os amigos e companheiros de luta.

Email:: pink.gms@hotmail.com

Morreu um anarquista, ou...

"Nem o governo, nem pistoleiros, nem esses bandidos todos não vão conseguir acabar com a gente. Nosso povo nasceu índio, nasceu cheio de coragem, nasceu guerreiro!"

Tumbalalá

De coração partido informamos que o companheiro e amigo Chrystian Paiva, que tive a oportunidade de conhecer em Santos (SP), em meados da década de 90, de conviver, trocar idéias, compartilhar sonhos e lutas, morreu neste domingo (18), aos 34 anos, sob circunstâncias mui suspeitas, num balneário na cidade de Boa Vista, em Roraima, estado onde a taxa de mortalidade por homicídio é uma das mais altas do Brasil. Deixou dois filhos, Lennon e Gaia. E vários companheiros e companheiras, amigos e amigas. Foi enterrado ontem (20) em São Paulo, na capital.

Segundo a versão da polícia divulgada nos jornais locais ele se suicidou. Mas sua companheira, Adriana Gomes, diz que não acredita na versão oficial de que Chrystian tenha cometido suicídio.

Hoje (21) pela manhã, por telefone, ela disse indignada e aos prantos: "Nós simplesmente saímos para nos divertir com uma amiga dele que havia vindo de São Paulo nos visitar. Saímos todos juntos (Chrystian, sua amiga e eu). Nenhuma de nós duas estávamos próximas dele [na hora da morte uma estava dormindo e a outra estava tomando banho no rio]. Entramos em estado de choque, fomos maltratadas [moralmente] pela polícia, ela mais do que eu, pois ela chegou antes de mim e ficou detida. Não dá para acreditar na versão da polícia e da imprensa. Tenho plena convicção de que eles próprios atiraram nele, ele estava machucado no rosto, a mão esquerda estava machucada também. As testemunhas falam coisa com coisa e ninguém diz o que aconteceu, outros falam que os policiais atiraram nele. Não sei direito o que fazer, eu morri junto com ele, tudo um grande desastre, mas queria que me ajudassem. Estou meio transtornada".

Em 15 de fevereiro de 2009, Chrystian comentou no blog do Movimento de Organização dos Trabalhadores em Educação (MOTE): "Componho e apoio o MOTE. Apesar de afastado por motivo de saúde, e não poder participar ativamente da luta. Tenho sofrido perseguição, desconto de salário indevido, humilhações, enfim, tudo aquilo que sofre um professor nesse estado. E tudo depois de ter lutado com unhas e dentes em uma greve que resultou nesse aumentozinho miserável e não mudou a estrutura do sistema em nada. Sinto vergonha quando encontro colegas do interior que me informam que a situação está pior, muito pior. Alguns me cobram, confundindo minha figura com a do sindicato - cansei de ouvir "vocês esqueceram-se da gente" e aquele monte de coisa, ar condicionado, melhoria das escolas, etc, etc... Um companheiro de Mucajaí recentemente afirmou que as escolas que fotografamos continuam na mesma, acrescido, agora, da infestação por ratos. Pois bem, as escolas de ficção continuam, a merenda ruim ou inexistente continua, o assédio moral continua, a ditadura dos diretores e sua incompetência continuam, as doenças do trabalho continuam, as salas com 45 graus continuam, as progressões mal pagas continuam. Até quando agüentaremos calados todo esse inferno? Será que lutar por mais 10 ou 15% é o que basta?".

Além da luta na educação, dos professores, eles também estavam envolvidos no movimento contra a implantação da indústria da cana-de-açúcar em Roraima, pela Biocapital, empresa paulista recém-instalada naquele estado e que deseja montar a maior usina de etanol da região amazônica. Esta empresa possui uma grande usina de biodiesel em Charqueada (SP), no interior paulista, que funciona exclusivamente com sebo bovino e tem sua cadeia produtiva manchada por crimes trabalhistas e ambientais.

Na floresta amazônica, terra cobiçada por grandes interesses obscuros e inescrupulosos - um conluio de fazendeiros, empresas e políticos -, há anos o poder promove a violência, reprime e assassina, indígenas, populares, trabalhadores sem terra, ecologistas, todos e todas que lutam incansavelmente pela Vida Plena. Há anos o capital explora e destrói a Natureza, a diversidade da Vida naquela região.

São anos de ganância, arrogância, humilhações, imposições, impunidades, injustiças... São tantos anos de "terrorismo" democráticodemercadomidiático!

. . .

A seguir um relato que a Adriana nos enviou. Não tenho mais palavras, só dor.

Até mais, companheiro!

Passe a voz... selvagem e afiada... no fazer e no andar.

Moésio Rebouças

:: Não acreditamos que o professor Chrystian Paiva tenha cometido suicídio ::

Meu nome é Adriana Gomes, sou Professora efetiva do Estado de Roraima, e era companheira do historiador formado pela Universidade de São Paulo (USP), professor, poeta, escritor, musico, compositor e anarquista Chrystian Paiva. Desde fevereiro de 2009, durante os quase dois anos que esteve no Estado de Roraima lutamos juntos no Sindicato dos Professores (SINTERR).

No dia 17 de outubro, sábado, saímos com uma amiga libertária que veio do estado de São Paulo nos visitar, e fomos ao balneário Caçarí que fica um pouco isolado na cidade de Boa Vista, capital do Estado de Roraima. Tínhamos uma arma utilizada para nos defendermos, levamos para o passeio dentro de uma mochila, o estado é isolado e o poder está nas mãos dos latifundiários, as relações são coronelistas, e esses coronéis fazem suas próprias leis, eles são a lei, então usávamos a arma como precaução e auto-defesa. Passamos a noite do dia 17 e quando amanheceu, domingo (18), percebemos que havíamos trancado a chave dentro do carro e começamos a pedir ajuda. Enquanto esperávamos ajuda conversávamos com várias pessoas e o Chrystian estava bem, aproximadamente às 10h me afastei alguns metros do local e deitei embaixo de uma árvore a fim de descansar e dormi.

Aproximadamente às 11h, o Chrystian foi bruscamente abordado por uma guarnição da Polícia Militar, sob o comando do Subtenente Machado, e sem nenhum indício anterior que tivesse intenção de cometer suicídio em um balneário movimentado, em plena luz do dia. A polícia em sua versão disse que o mesmo cometeu suicídio. As testemunhas são controversas, Chrystian era destro e a bala que perfurou a sua cabeça entrou do lado esquerdo, a mão esquerda estava machucada, assim como estava com hematomas e arranhões no rosto. Tudo leva a crer que não teve como se defender, e se tivesse como se defender com uma arma de fogo não atiraria na própria cabeça na frente de policiais militares. Não acreditamos na versão oficial da imprensa e da polícia de que Chrystian tenha cometido suicídio.

O Professor Chrystian era anarquista aguerrido, com quase dois anos residindo em Roraima mobilizou os professores do Estado para lutar contra as más condições da Educação, o coronelismo autoritário implantado pelo Estado nas escolas e a política pelega do Sindicato dos Professores.

Passávamos noites juntos com ele enviando e-mails, criamos o MOTE (http://greveprofessoresrr.blog.terra.com.br/), e como todo bom anarquista era apaixonado pelos seus ideais e ação direta. Colecionava um grande histórico de lutas de repercussão nacional e internacional empreendida no estado onde nasceu, São Paulo, e era punk desde os 12 anos. Ficamos indignados em saber que um companheiro de luta tão importante para o movimento tenha sido vítima de uma ação de policiais truculentos, e queremos vingança.

Vamos lutar o mais que pudermos para responsabilizar os verdadeiros culpados, pedimos a ajuda de todos os amigos e companheiros de luta para divulgação regional, nacional e internacional do ocorrido.

Adriana Gomes (Professora formada na Universidade Federal de Roraima (UFRR), especialista em História Regional)

Quarta-feira, 21 de outubro de 2009, Boa Vista, Roraima, Brasil

:: Quando morre um anarquista ::

Se quebra uma lança

Uma flor seca

Choram os homens íntegros

...

Quando morre um anarquista

Algo se apaga

O ar desaparece

Se reúnem as estrelas

E o acompanham

Na última viagem

...

Quando morre um anarquista

A liberdade perde força

A justiça se afasta

A poesia se quebra

Adoece a esperança.

...

Quando morre um anarquista

Todos os párias do mundo

Morrem um pouco

A. Jimenez

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agência de notícias anarquistas

Rosas

Umas rosas distantes

Nasciam pelo concreto

E como erva - dano se perdiam

A um tempo em que se esbanjavam os dias

... Estas flores, mortas de há muito

Cuidam de estar vivas, moribundas

Em determinado lugar defunto

Que nada sabe sobre tempo

...

Ontem apaguei certas luzes,

Definitivamente,

E elas vieram atrás de mim,

Ignorantes,

Não sabiam que eu não mais era jovem ...

As luzes se apagaram de vez

As rosas se retorceram secas

O tempo tornou ao seu lugar

E busco incrédulo crer

Que rosas defuntas não vivem

Assim como luzes queimadas

Não se acendem
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