março 20, 2010

Cuidado com a mensagem subliminar (o daime, o doido e o crime)

Nota do blog: O tom da matéria é sensacionalista. Salta aos olhos na manchete. Um ato de violência ganha repercussão por ter num dos vértices uma substância que está na mira da intolerância religiosa, travestida de jornalismo. Longe de ser tratado como enigma, a natureza do ato, a ação dos personagens está elucidada. Todas as pistas levam aos culpados. Uma família que negligencia sinais de desordem mental, uma religião indiferente aos conflitos existenciais de um jovem de 24 anos. A interpretação lógico-linguística das declarações de alguns sujeitos desse drama urbano tem uma função ideológica: estabelecer o que é crime, o que é aceitável na ordem social e o que esperar do sistema judiciário. A revista nos trata como se fóssemos movidos pelo espírito de rebanho, desprovidos de inteligência. Bem faria a "Época" se não apelasse para o estímulo ao imaginário, que tratasse de lidar mais com nossa inteligência do que com a exarcebação das nossas emoções. Partir da emoção para criar a narrativa encanta os leitores afeitos às superfícies da vida social, mas não os que desejam a revelação da espessura existencial do drama que tirou a vida de Glauco, em todas as suas dimensões.

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