abril 25, 2010

A mídia que desinforma

MALHAÇÃO E O CRACK

Para a Globo,o crack é o capeta. “Crack nem pensar”, é o slogan deles, lembram-se né? Não há o que se discutir, simplesmente fique longe dessa coisa maligna, e de quem está envolvido com ela. MAS… não custa nada usá-lo para ganhar uma audiência, e uma graninha. A novelinha teen Malhação (que parece que agora chama “Malhação ID”) tentou entrar nessa recentemente,como aponta matéria do Terra : “Diante de uma audiência cada vez mais insatisfatória, a Globo agora tenta reerguer a trama adolescente explorando a atual epidemia do crack entre os jovens”. Ok, não vamos discutir se há de fato uma “epidemia” de uso de crack, nem perguntar qual a fonte para tal afirmação, vamos em frente.

Foi inserido um personagem na trama, pra pagar de nóia. Seus amigos (brancos) de classe média-alta ficaram aterrorizados, e passaram a segui-lo, fuçar na sua mala, enfim, todo tipo de conduta pedagógica implícita em campanhas como “nem pensar” sobre algo ou que apregoam internação compulsória de pessoas. Confira dois exemplos da abordagem nos vídeos a seguir, nos quais o personagem interpretado pelo filho do Fábio Jr. tenta “ajudar” seu amigo antes que ele “acabe com a sua vida”.

Vídeo 1 – “Bernardo arranca mochila de João à força”



Vídeo 2 – “Bernardo corre atrás de João” (que ia se matar)



Bom, e não é que não deu audiência? A saída nesse caso foi a mesma que em todas as novelas, matar o personagem. Ele estava alucinado e morre atropelado (vídeo aqui). Não sem antes uma mensagem, dada em discurso na missa de sétimo dia do falecido: “O cara era legal, o crack transformou ele totalmente. Nunca, NUNCA cheguem perto dessa droga do crack”. (vídeo aqui, preparem os lencinhos, com versão melosa de Me Chama do Lobão no fundo). É isso, não experimente, se sim, abraço, está morto, não há o que fazer (a menina até fala pro Júnior do Júnior “não fica triste, a gente fez o que podia”). O negócio é cortar o “mal” pela raiz, não buscar trabalhar com a questão de uma maneira minimamente menos medieval (nesses casos a estratégia não se sustenta nem ao clássico “método E se?”: “E se as pessoas experimentarem?”; “E se não tivesse crack, taria tudo bem?” . Obrigado, Globo.

Fonte: http://coletivodar.wordpress.com/2010/04/23/malhacao-e-o-crack/

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