junho 24, 2010

Um dia sem Globo?... Apoiamos essa idéia.

Tenho a impressão que a blogosfera, ou pelo menos a comunidade deste blog, pôs o pé no freio, em virtude da Copa do Mundo. Eu mesmo estou acompanhando quase todos os jogos. Esse tipo de evento é muito absorvente para aposentados, blogueiros e ociosos em geral. Ontem pela manhã cheguei ao cúmulo de assistir à coletiva de Kaká. Mas o país não pára e mesmo a Copa agora ganhou ares de disputa política. Ou de barraco, o que às vezes é quase a mesma coisa. Kaká ousou soltar o verbo contra o jornalista Juca Kfouri, por quem ele se diz atingido.

O Globo não perdoou. Vem hoje com uma resposta dura:


É mentira. Kaká não atacou. Foi muito polido e apenas se defendeu de ataques que, segundo ele, sofre há tempos do jornalista. Segundo o jogador, Kfouri tem dito que suas lesões não o deixarão jogar, o que obviamente deve soar como intolerável rogação de praga para um esportista, um jovem que trabalha duro para superar seus problemas. Disse ainda que Kfouri o discrimina por sua religião. Kaká afirmou que respeita o ateísmo, exigindo que se lhe respeitasse a fé em Jesus da mesma maneira. 

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E os platinados continuam batendo no Dunga:




O cartunista Chico tem sido um dos mais competentes editorialistas do jornal.  Seguindo a lição do evangelista Paulo, não o julgo para não ser julgado. É um empregado e obedece quem tem juízo. O que é triste é ver profissionais de imprensa (e incluo o chargista nesse rol) perdendo cada vez mais suas liberdades. Compreendo a razão de ser do estatuto que o Globo divulgou para todos seus empregados, tolhendo-lhes as mínimas liberdades políticas. Não podem tuitar, manifestarem-se em nenhuma rede social. O que é muito coerente. Ali Kamel sabe o que faz. Espanta-me, porém, essa enorme ironia, de ver os mesmos grupos que defendem a liberdade de imprensa com sangue na boca, desprezarem solenemente a liberdade de expressão dos jornalistas. Pobre profissão. À exceção do estrelato, ganham pouco, não recebem horas extras e costumam ser severamente discriminados quando ousam ter atuação sindical. O próprio fato da Globo ser uma das poucas empresas que pagam um pouco melhor (só um pouco), num universo de trabalho cada vez mais restrito, pressiona os jornalistas a agarrarem-se a seus empregos com uma espécie de fanatismo religioso.

A Globo tornou-se a Pérsia Antiga, dominada por uma autoridade divina cercada de eunucos.  As coisas melhoraram, com certeza; os eunucos de ontem não tinham colhões, os de hoje não podem ter opinião própria. Assim como o império persa, a Globo é violenta, rica, luxuosa, totalitária. Em oposição a uma blogosfera democrática, laica, fragmentada em cidades-Estado (cada blogueiro é um país), de hábitos simples, mas orgulhosa de sua independência, e coligada estrategicamente para enfrentar esse novo Xerxes. A pobreza da blogosfera converte-se em força, pois não tem custos. Veremos se a história se repetirá e esta nova Grécia, representante da liberdade, triunfará sobre o misticismo ditatorial das organizações midiáticas.

(Aliás, a grita constante dos grupos midiáticos contra "ditaduras" e "autoritarismo" não seria uma defesa psicológica ou mesmo semi-deliberada para lançar fumaça sobre a opressão ideológica dentro das redações?) 
 



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