maio 28, 2011

"Do caso criativo", por Jorge Bichuetti

PICICA: "Se nos isolamos, ficamos mais vulneráveis... A partilha com o outro é continente." Em tempo: Quero compartilhar com meus leitores a leitura prazerosa do blog Utopia Ativa, de Jorge Bichuetti, doravante leitura obrigatória para mim, como é o Quadrado dos Loucos, de Bruno Cava. Um carinhoso abraço para vc, Jorge.

DO CAOS CRIATIVO À ANTIPRODUÇÃO

                                                           Jorge Bichuetti

A crise possui no seu âmago uma potência inovadora... Ela representa a falência da vida e do mundo instituído e, assim, a possibilidade de reinventar a vida e o mundo...
Não vivemos preparados para os redemoinhos de uma crise. Nela, emerge angústia, vazio, sensação de perda de sentido, depressão e surtos psicóticos. Nos organizamos e vivemos como se fôssemos permanentes, seres de identidade rígida, inalterável. toda crise dá a sensação que perdemos o chão... e o perdemos; porque nela há uma profunda desterritorialização, perdas dos territórios de referência que nos organizam como unidade imutável.
Vivemos permanentes crises... contudo, suaves e que acabam passando desapercebidas.
Uma crise intensa é extremamente agonizante; pois, atingimos uma desterritorialização tal que chegamos à fronteira... Lugar onde se pode produzir o novo, a mudança e um novo jeito de ser e existir; porém, também, um lugar que se não conseguimos uma reterritorialização criativa, a invenção de uma linha de fuga, um plano de novidade; nem sempre damos conta da velocidade e intensidade atingidas neste processo de desterritorialização do status quo.
É hora de profundo sofrimento, pede cuidado... agenciamentos de vida nova e acolhimento para as dores lancinantes que sofremos...
O caos é criativo: porém, representa perigos. que são:
1. a cronificação da crise com a repetição das dores e um funcionamento deficitário;
2. a captura pelas forças da reprodução da mesmice com um recuo, ossificando uma desvalia;
3. a ativação das forças de antiprodução que nos tatuam com as limitações da morte.
Como vencer os perigos da crise?
Se nos isolamos, ficamos mais vulneráveis... A partilha com o outro é continente.
Se mantemos em funcionamento aquilo que nos dá alegria e paz, podemos agenciar o novo fortalecidos por modo de viver onde não nos atolamos no lamaçal.
E se ousamos experimentar novos modos de viver que representam nossos desejos e sonhos, potencializamos a nossa capacidade saídas; pois recompomos a potência do nosso corpo.
E é neste sentido, que escutamos Guimarães Rosa: "Qualquer amor já é um cadinho de saúde, um descanso na loucura"
A arte é visivelmente um espaço de produção que mobiliza as forças criativas...
A solidariedade é uma potencialidade valorosa no impedimento da solidão que fragiliza e nos retrai.
E a esperança que nasce das utopias ativas podem e muito podem... são asas que nos permitem voar sobre abismos...

Um comentário:

Jorge Bichuetti - Utopia Ativa disse...

Rogelio, obrigado pelo carinho: gosto muito de vir aqui. E o faço sempre crescendoe ampliando meu olhar sobre a vida e o horizonte,
abraços com carinho, jorge bichuetti