junho 26, 2011

Marcha da Liberdade (Manaus): a dança como ritual de resistência

Enviado por  em 26/06/2011
O momento síntese da Marcha da Liberdade em Manaus teve em Letícia Seyeu sua maior expressão. Como se não bastasse a ousadia de usar o corpo como meio de comunicação (os seios cobertos por adesivos "SOS Florestas"), fez da dança um ritual de resistência. No contraponto da indumentária, sua dança traçou uma linha de fuga do erótico. Os movimentos do corpo não estavam fixados no desejo, mas no mais puro agenciamento dos novos tempos. Afinal resistir não é outra coisa do que voltar a ser, lançar-se na vida como devir. Sua manifestação através da dança expressa a mais pura vontade de potência. Com sua arte expôs-se, colocando-se fora de si, entrando em contato com a realidade do nosso tempo, resistindo à caretice e à intolerância. Ao som do maracatu, Letícia desvencilhou-se das emoções baratas e de qualquer pretensão de gerar uma narrativa por imagens, e, consciente da "gramática" do movimento nos convidou a resistir ao conformismo e ultrapassar a nós mesmos.

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