julho 05, 2011

"O papel de Wall Street no narcotráfico, negócio pujante", por Mike Whitney

PICICA: Temos insistido nos interesses geopolíticos norte-americanos disfarçados de "Guerra contra as drogas", único aspecto não abordado pelo Senador Jefferson Peres em artigo memorável publicado em "A Crítica", no qual ele defende a legalização de drogas leves. Saiba por que o Império tem interesse em manter a política da guerra contra as drogas como fonte de alimento da sua economia. Leia esse trecho, para entender por que não lhe convém a discussão sobre a legalização das drogas: "“Os benefícios da droga, no sentido mais básico, asseguram-se mediante a capacidade dos carteis de lavar e transferir milhares de milhons de dólares ao sistema bancário norte-americano. A escala e envergadura da aliança entre a banca norte-americana e os carteis da droga ultrapassa qualquer outra atividade do sistema da banca privada norte-americana. De acordo com os registos do Departamento de Justiça norte-americano, um banco só, o Wachovia Bank (propriedade hoje de Wells Fargo), lavou 378.300 milhons de dólares entre o 1 de maio de 2004 e o 31 de maio de 2007 (The Guardian, 11 de maio de 2011). Todos os bancos principais dos EUA figerom de sócios financeiros ativos dos carteis assassinos da droga."

O papel de Wall Street no narcotráfico, negócio pujante




Mike Whitney
Imaginem qual seria a sua reaçom se o governo mexicano decidisse pagar 1.400 milhons de dólares a Barak Obama por despregar tropas norte-americanas e veículos blindados em Nova York, Los Angeles e Chicago para levar a cabo operaçons militares, estabelecer postos de controlo e se ver envolvido em tiroteios que acabem por causar a morte de 35.000 civis nas ruas de cidades norte-americanas.
Se o governo mexicano tratasse assim aos Estados Unidos, consideraria-no vocês amigo ou inimigo?
Assim é exatamente como tratam os EUA a México, e assim vem sendo desde 2006.
A política mexicana de norte-américa –a Iniciativa de Mérida– é um pesadelo. Minou a soberania mexicana, corrompeu o sistema político e tem militarizado o país. Tivo também como resultado a morte violenta de milhares de civis, pobres na sua maioria. Mas a Washington #importá-lhe bem pouco os “danos colaterais” enquanto poida vender mais armamento, fortalecer o seu regime de livre comércio e lavar mais benefícios das drogas nos seus grandes bancos.
Entom é todo do mais agradável.
Nom tem lugar a dignificar este talho a chamando “Guerra contra as drogas”?
Nom fai sentido. O que vemos é umha oportunidade descomunal de se fazer com poder por parte das grandes empresas, as altas finanças e os serviços de inteligência norte-americanos. O único que fai Obama é ocupar-se do leilom, razom pola qual –nom é de surpreender– as cousas se puserom bastante pior baixo a sua administraçom. Nom só incrementou Obama o financiamento do Plano México (também conhecido como Mérida) senom que despregou mais agentes norte-americanos para que trabalhem em segredo, enquanto avions nom tripulados levam a cabo labores de vigilância. O captam? Nom se trata de umha pequena redada antidroga, é outro capítulo da Guerra Norte-americana contra a Civilizaçom. Tenho aqui umha passagem de um artigo de CounterPunch escrito por Laura Carlsen que nos mostra algo da profundidade:
“A guerra contra as drogas converteu-se no veículo principal de militarizaçom da América Latina. Um veículo financiado e impulsionado polo governo norte-americano e alimentado por umha combinaçom de falsa moral, hipocrisia e muito de temor duro e frio. A chamada “guerra contra as drogas” constitui em realidade em umha guerra contra a gente, sobretodo contra os jovens, as mulheres, os povos indígenas e os dissidentes. A guerra contra as drogas converteu-se na forma principal do Pentágono de ocupar e controlar países a expensas de sociedades inteiras e de muitas, muitas vidas”.
“A militarizaçom em nome da guerra contra as drogas está a acontecer mais rápida e concienzudamente do que a maioria de nós provavelmente antecipou com a administraçom de Obama. O acordo para estabelecer bases na Colômbia, posteriormente suspendido, mostrou umha dos sinais da estratégia. E já vimos a extensom indefinida da Iniciativa de Mérida em México e América Central e inclusive, tristemente, as canhoneiras enviadas a Costa Rica, umha naçom com umha história de paz e sem exército…?
“A Iniciativa de Mérida financia interesses norte-americanos para treinar a forças de segurança, proporciona inteligência e tecnologia bélica, aconselha sobre as reformas da justiça e o sistema penal e a promoçom dos direitos humanos, todo isso em México”. (”The Drug War Can’t Bê Improved, It Can Only by Ended” ["Nom se pode melhorar a guerra contra as drogas, só se pode concluir"] Laura Carlsen, Counterpunch).
Se dá a impressom de que Obama está a fazer todo o que pode para converter México em umha ditadura militar, é porque é o que está a fazer. O Plano México é umha farsa que esconde os verdadeiros motivos da administraçom, que consiste em se assegurar de que os benefícios do tráfico de drogas acabem nos petos da gente adequada. Disso é do que se trata, de muitíssimo dinheiro. E é por isso que se disparou o número de vítimas, enquanto a credibilidade do governo mexicano caiu como nunca em décadas. a política norte-americana converteu grandes extensons do país em campos de morte e a cousa nom fai mais que piorar.
Veja-se esta entrevista com Charles Bowden, que descreve como é a vida da gente que vive na Zona Zero da guerra das drogas em México, Cidade Juárez:
“Isto acontece em umha cidade na que em ocasions a gente vive em caixas de cartão. No último ano fecharom dez mil negócios, atirando a toalha. De trinta a sessenta mil pessoas, sobretodo os ricos, mudarom-se ao Paso, ao outro lado do rio, por razons de segurança, entre eles o presidente da câmara municipal de Juárez, que prefere largar-se a dormir no Paso. O editor do diário local também vive no Paso. Entre 100.000 e 400.000 pessoas singelamente se marcharom da cidade. Boa parte do problema é económico, e nom simplesmente de violência. Durante esta recessom desaparecerom polo menos 100.000 empregos das empresas fronteiriças devido à concorrência asiática. As estimativas cifram as bandas de delinquentes entre 500 e 900″.
“De modo que o que temos som 10.000 soldados das tropas federais e agentes da polícia federal merodeando por ali. Umha cidade na que ninguém sai de noite, na que os pequenos negócios pagam todos extorsm, onde oficialmente se roubarom 20.000 carros no ano passado, no que oficialmente forom assassinadas mais de 2.600 pessoas no passado ano, onde ninguém segue o rastro da gente que foi sequestrada e nom regressa, em onde ninguém conta a gente enterrada em cemitérios secretos dos que, de forma indecorosa, parecem de quando em quando sair alguns escarbando. O que temos é um desastre e um milhom de pessoas, demasiado pobres para poder marchar-se, atrapadas nele. A cidade é isso”.
(Charles Bowden, Democracy Now)
Isto nom tem que ver com as drogas; trata-se de umha política exterior desquiciada que apoia a exércitos por delegaçom para impor a ordem por médio da repressom e militarizaçom do Estado policial. Trata-se de expandir o poder norte-americano e de que aumente, os benefícios de Wall Street.
Vejamos mais dados de fundo proporcionados por Lawrence M. Vance na Future of Freedom Foundation:
“Um número nom revelado de agentes da lei norte-americanos trabalham em México (…) A DEA tem mais de 60 agentes em México. A eles se somam 40 agentes de Imigraçom e Alfândegas, 20 ajudantes do Serviço de Comissários de Polícia e 18 Agentes de Álcool, Tabaco, Armas de Fogo e Explosivos, mais agentes do FBI, do Serviço de Cidadaos e Imigraçom, Alfândegas e Proteçom de Fronteiras, Serviço Secreto, Guarda-costas e Agência de Segurança no Transporte. O Departamento de Estado mantém também umha Secçom de Assuntos de Narcóticos. Os Estados Unidos também fornecerom helicópteros, cans antidroga e unidades de polígrafos para examinar a quem solicitam ingressar em organismos de aplicaçom das leis”.
“Os avions nom tripulados norte-americanos espiam os esconderijos dos cárteis e as balizas rastreadoras norte-americanas localizam com exatidom os carros e chamadas dos suspeitos. Agentes norte-americanos seguem os rastros, localizam chamadas telefónicas, lêem e-correios, estudam padrons de comportamento, seguem rotas de contrabando e processam dados sobre traficantes de droga, responsáveis pola lavagem de dinheiro e chefes dos cárteis. De acordo com um antigo fiscal anti-droga mexicano, os agentes norte-americanos nom estám limitados nas suas escuitas em México polas leis norte-americanas, enquanto nom se encontrem em território norte-americano e nom pinchen a cidadaos norte-americanos. (”Why Is the Ou.Séc. Fighting Mexico’s Drug War?” [ "Por que livram os Estados Unidos a Guerra contra as drogas de México?"] Laurence M. Vance, The Future of Freedom Foundation)
Isto nom é política exterior; é outra ocupaçom norte-americana. E adivinham quem fai caixa em grande estilo com esta pequena fraude sórdida? Wall Street. Isso é: os grandes bancos sacam-lhe um bico como fam sempre. Botemos um vistazo a este bilhete de um artigo de James Petras intitulado  “How Drug Profits saved Capitalism” ["Como os benefícios das  drogas salvarom ao capitalismo"] em Global Research. É um estupendo resumem dos objetivos que estám a configurar essa política:
“Enquanto o Pentágono arma ao governo mexicano e a DEA (Drug Enforcement Agency, a agência antidroga) norte-americana pom em prática a “soluçom militar”, os maiores bancos dos EUA recebem, lavam e transferem centos de milhares de milhons de dólares às contas dos senhores da droga, que compram assim armas modernas, pagam exércitos privados de assassinos e corrompem a um número indeterminado de servidores públicos encarregados de fazer cumprir as leis a ambos lados da fronteira…”
“Os benefícios da droga, no sentido mais básico, asseguram-se mediante a capacidade dos carteis de lavar e transferir milhares de milhons de dólares ao sistema bancário norte-americano. A escala e envergadura da aliança entre a banca norte-americana e os carteis da droga ultrapassa qualquer outra atividade do sistema da banca privada norte-americana. De acordo com os registos do Departamento de Justiça norte-americano, um banco só, o Wachovia Bank (propriedade hoje de Wells Fargo), lavou 378.300 milhons de dólares entre o 1 de maio de 2004 e o 31 de maio de 2007 (The Guardian, 11 de maio de 2011). Todos os bancos principais dos EUA figerom de sócios financeiros ativos dos carteis assassinos da droga.
“Se os principais bancos norte-americanos som os instrumentos financeiros que permitem operar aos impérios multimilionários da droga, a Casa Branca, o Congresso norte-americanos e os organismos de aplicaçom das leis som os protetores essenciais destes bancos (?) A lavagem de dinheiro da droga é umha da fonte mais lucrativas de benefícios para Wall Street, os bancos carregam avultadas comissons por transferências de benefícios da droga, que à sua vez prestam a instituiçons creditícias a taxas de interesse muito superiores às que pagam -se é que pagam- os depositantes dos traficantes de drogas. Inundados polos benefícios das drogas já desinfetados, estes titans norte-americanos das finanças mundiais podem comprar facilmente aos servidores públicos eleitos para que perpetuem o sistema. (”How Drug Profits saved Capitalism”, James Petras, Global Research)
Repitamo-lo: “Todos os bancos principais dos EUA figerom de sócios financeiros ativos dos carteis assassinos da droga…”
A Guerra contra as Drogas é umha fraude. Isto nom tem que ver com a proibiçom, tem que ver com o controlo. Washington pom a força para que os bancos poidam levar-se umha boa peça. Umha mao lava à outra, igual que com a Máfia.
Fonte: Primeira Linha

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