julho 22, 2011

A Reforma Psiquiátrica em São Paulo está longe de ser antimanicomial. A de Manaus, caminha a passos de tartaruga.

PICICA: Não precisa fazer CPI para saber quem são os responsáveis pela tragédia que se abate sob os pacientes psiquiátricos de Sorocaba. A Reforma Psiquiátrica em São Paulo está longe de ser antimanicomial. O tucanato não deixa. É o Estado da federação que mais recorre a terceirização dos serviços. A IV Conferência Nacional de Saúde Mental condenou este tipo de procedimento. As OS não podem assumir responsabilidades que competem ao estado. Quanto aos manicômios, os militantes antimanicomiais não os querem, nem os privados, muito menos os estatais e/ou municipais. Em Manaus, mesmo com os atropelos da reforma psiquiátrica local (o município ainda deve à cidade uma rede de CAPS à altura dos seus 2 milhões de habitantes), foi anunciado a desativação do único hospício existente por aqui. Reduzir o atraso dessa iniciativa a mera falta de vontade política é pouco. Reformistas de araque, que, até pouco tempo, davam sustentação à manutenção do hospício, rapidamente estão a mudar de discurso. Vou adiantar aqui um argumento que eles podem acolher no seu repertório. Que tal cobrar agilidade do município em aumentar a oferta de CAPS? Seria suficiente deslocar o antendimento ambulatorial do velho hospício para nossas policlínicas? Não lhes parece que rapidamente eles ficarão sobrecarregados? Não correríamos o risco de ver as terapêuticas continuarem a ser reduzidas à sua vertente medicamentosa? E os usuários que demandam outras estratégias que só os CAPS oferecem? Que fique claro! Nada disso impede a louvável iniciativa de fechar o manicômio. Mas é preciso lembrar que um CAPS só não faz verão. Para ser fiel à nossa realidade, é preciso que se diga que temos dois CAPS: uma na zona norte (do Estado) e um na zona sul (do município). É pouco. Se esse questionamento for assumido por esses reformistas teremos uma "vontade política" poucas vezes praticada nesta cidade. Definitivamente, o atraso da Reforma Psiquiátrica no Amazonas, para além da falta de vontade política dos governantes, contou com o silêncio de quem se habituou a dormir em berço esplêndido. 
Enviado por  em 20/07/2011
Reportagem da TV Brasil (20/07/2011) mostra que em 2010 morreram mais pacientes do SUS nos 7 hospitais psiquiátricos da região de Sorocaba (104 óbitos) do que em todos os outros 19 do Estado de São Paulo com mais de 200 leitos (93 óbitos). O número de pacientes internados pelo SUS nos do restante do Estado é cerca do dobro dos internados em Sorocaba e região.

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