outubro 26, 2011

Tiroteio no Jatuarana: coronel falta com a verdade e jornal incorre em erro

PICICA: O coronel responsável pelo Cigs falta com a verdade em entrevista ao jornal A Crítica. Basta recorrer à memória do próprio jornal e teremos a data exata do início da invasão das terras dos ribeirinhos para a prática de "Guerra na Selva". Ou ele pensa que a opinião pública esqueceu da malsucedida tentativa de transferir os ribeirinhos para o rio Cueiras, no Rio Negro, a fim de se livrar do imbróglio criado pelo próprio Exército? A propósito, o jornal desinforma quando afirma que as terras estão em litígio há quarenta anos. Até as pedras sabem que a comunidade tradicional de ribeirinhos do Jatuarana tinha uma vida tranquila até meados dos anos 1990, quando o Exército, arbitrariamente, estendeu os treinamentos militares para terras que não lhes pertencem. O que está por atrás da intimidação desta madrugada? Anote aí na sua agenda. Brevemente cairá por terra o falso argumento do Exército, reproduzidos na legenda explicativa da fotografia abaixo. A Cartografia Social Amazônica tornará público um rigoroso trabalho que identifica os limites reais da propriedade do Exército desde que o governo Areosa, no anos 1970, doou aos militares terras da união "cobertas por florestas", até 5 km antes da margem do rio Amazonas. O resto é conversa pra boi dormir. Mas não se iludam. Até o pronunciamento decisivo da Justiça, as intimidações não irão cessar.

Treinamento do Cigs realizado de madrugada assusta moradores de comunidade rural

Moradores relatam que ouviram próximo de suas casas estouro de granadas e disparo de balas de festim




Jatuarana é uma área disputada pelo Cigs e por moradores ribeirinhos há mais de 40 anos (Euzivaldo Queiroz)

Um treinamento inesperado realizado na madrugada desta quarta-feira (26) na área do Centro de Instrução de Guerra na Selva (Cigs) com duração de pouco mais de duas horas surpreendeu e assustou moradores da comunidade rural Jatuarana, à margem do rio Amazonas, a 8 quilômetros de Manaus.

A moradora Maria José Amaral da Cunha conta que foram encontradas balas de festim a 50 metros de sua casa, próximo de um cemitério da comunidade. Ela disse que ouviu cinco estouros de bombas nas imediações de sua casa.

Maria José afirmou que nos 35 anos morando em Jatuarana, foi a primeira vez que nao houve comunicação aos moradores por parte do Cigs para a realização do treinamento.

Ela acredita que, por conta da situação de conflito fundiário que já se arrasta há vários anos entre os moradores e o Cigs, a estratégia de não avisar antecipadamente a ação foi uma espécie de “pressão psicológica” contra os ribeirinhos.

“Moro aqui há 35 anos. Meu marido nasceu e foi criado aqui. Quando eles fazem treinamento, nos avisam antes. Quando isso não acontece, a gente já sabe que vai acontecer porque a gente vê soldados circularem por aqui. Esta foi a primeira vez que aconteceu de madrugada e que não fomos comunicados. Desta vez eles chegaram silenciosamente”, disse ela.

Maria José afirmou que conseguiu olhar por uma fresta de sua janela e viu que muitos soldados utilizaram metralhadores e fuzis. “A gente ficou muito assustada com o forte estrondo. O chão tremia. Fiquei com medo da minha casa ser afetada”, afirmou.

Ela lembrou que o último treinamento promovido pelo Cigs aconteceu há dois meses, em uma área distante das casas dos moradores.

Jatuarana é uma das quatro comunidades na margem do rio Amazonas onde também são realizadas operações de treinamento do Cigs. O local é alvo de disputa entre moradores e militares desde o início dos anos 70, quando a área foi doada pelo governo do Estado ao Exército.

Moradores que vivem na área, contudo, alegam que possuem título de terra antes mesmo desta doação. O caso já foi abordado em várias audiências entre moradores e Cigs, com intermediação do Ministério Público Federal, mas até o momento ainda não recebeu uma solução definitiva.

Treinamento

Procurada pelo portal acrítica.com, a assessoria de imprensa disse que a ação desta madrugada consistiu na realização de duas categorias do curso de operações na selva que está andamento. Segundo a assessoria, a fase atual é de simulação de combate, quando são utilizadas munição de festim.

O comandante do Cigs, Coronel Edmundo Palaia Neto, confirmou a ação e disse que quando ela é realizada os moradores são avisados.

Questionado sobre a informação repassada por Maria José Amaral da Cunha de que desta vez não houve comunicado antecipado, o Coronel afirmou que iria se informar melhor para responder à reportagem.

Ele disse, contudo, que a ação aconteceu em uma “casa de um soldado”, uma espécie de base de Cigs.

“Eles fizeram uma patrulha na casa que pertence ao quartel. Uma casa onde mora um soldado que toma conta de Jatuarana. Foi dentro do meu quintal. Esses treinamentos ocorrem há 47 anos. Nunca ninguém reclamou. Mas vou verificar sobre a reclamação de que os moradores não foram avisados”, disse.

Conforme o Coronel Palaia Neto, embora a área ainda esteja em conflito entre o Cigs e os moradores, enquanto a situação não se resolver, ela pertence ao Exército.

Ele afirmou ainda que as munições utilizadas foram balas de festim e granadas de efeito moral que se dissolvem, faz um estrondo mas que não oferecem risco às pessoas.

Fonte: A Crítica

4 comentários:

Anônimo disse...

Enquanto esses militares sem noção brincam de assustar ribeirinhos com seus tiroteios inúteis e caros ao dinheiro público, as fronteiras estão entregues aos narcotraficantes. É lá, nas fronteiras, que esses coronéis de araque devem mostrar sua bravura e fazer algo que pelo menos não seja tão sádico e vergonhoso como essas malfadadas instruções de guerra na "selva" dentro de cemitério, em meio às casas dos ribeirinhos, etc. Isso é no mínimo o cúmulo da vergonha nacional! Já está na hora do Ministério do Exército por um ponto final nesta bandalheira do CIGS. Isso é o desabafo de alguém que também é militar e se sente envergonhado com essa total falta de respeito à Cidadania por parte desses militares sem honra.

Anônimo disse...

Realmente. Não tem mais polícia! Era só o que faltava, os nossos habitantes do beiradão, gente simples e batalhadora, desprezada pelo poder público, ainda ter que suportar esses adeptos do Ritler, isso não pode continuar, será que esses arcáicos não sabem que a famigerada ditadura militar já foi pro saco há muito tempo? Tá na hora da sociedade amazonense se impor contra essas arbitrariedades, já que os governantes são todos coniventes com esses malfeitores fantasiados de homens da lei. Aí vai o meu carinho à todas essas vítimas e o meu repúdio à esses projetos de exterminadores de povos tradicionais.

Anônimo disse...

Faço minhas as palavras do internauta que fez o comentário anterior. Eu acessei o saite da Nova Carografia Social da Amazônia, para entender melhor essa confusão criada pelo Exército em comunidades ribeirinhas Confesso que meu sangue ferveu quando assisti aquele militar, indivíduo rústico, sem nenhum preparo, humilhando, ameaçando e coagindo aquela humilde família em seu próprio chão; sentí muita revolta ao constatar que esses fara da lei são mantidos com o dinheiro de nossos impostos. Espero que esse documento sirva para ajudar a expurgar, evacuar esses inimigos públicos dessas comunidades para que seus habitantes possam viver em paz.

Anônimo disse...

Sou assistente social e quero dar uma sugestão ao Governo do Estado do Amazonas e à Prefeitura de Manaus. Pela omissão e negligência dos governantes para com essas comunidades, por ter deixado esses habitantes abandonados nas mãos desses que se acham acima do bem e do mal, pela total precariedade em que eles vivem, os governantes têm que recompensá-los de alguma maneira; que tal construirem nestas comunidades casas, mas, casas boas, de alvenaria p/ essas pessoas que durante décadas sofreram todo tipo de desconforto. Obrigada.