novembro 30, 2011

"Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR" (PSOL Curitiba)

PICICA: Tenho alguns velhos companheiros que deixaram o PT e migraram para o PSOL. Mantemos relações fraternas, como deveria ser entre o povo que circula à esquerda no cenário político, não fosse o canibalismo fratricida que campeia do norte ao sul do Brasil. Em nome dessa velha camaradagem eles me perguntam o que ainda faço  no PT. "Sou teimoso", respondo. Não ajudei a fundar um partido para migrar para outro qualquer, mesmo porque a decadência da prática política é ampla, geral e irrestrita. Razão pela qual cresce o meu respeito por aqueles que afirmam que os partidos já não os representam. No entanto, esse diálogo ainda não cessou, embora no horizonte já se divise o papel da Multidão no novo cenário mundial. Quem sabe consigamos levantar outras bandeiras por sobre a velha e surrada bandeira da ética, que os partidos contribuíram para que ela chafurdasse da lama. Em todos os níveis a ética partidária foi esfrangalhada. Alguém, por exemplo, viu o PT do Amazonas levantar a bandeira da luta antimanicomial. Junto com alguns companheiros, temos tentado manter a coerência no mar de letargia que abrange, lamentalvelmente, não só o PT como vários segmentos da Saúde Mental no Amazonas. Até hoje, parlamentares e militantes se omitem - exceções de praxe -; conselhos de classe, idem. Mato a cobra e mostro o pau. Um usuário da Saúde Mental foi internado no Hospital Psiquiátrico no início deste século devido ao abuso de álcool - prática não recomendada; alcoolistas devem ser internados para desintoxicação em hospitais gerais. Em 24 horas sairia de lá morto, queimado por um outro interno. E ainda teve uma "ilustre personalidade" - pasmem! - do campo da luta antimanicomial dos contrários (os amazonenses nomeiam assim os integrantes do "boi" adversário - Caprichoso e Garantido) que tentou inibir manifestações de repúdio, alegando que esse tipo de ocorrência é corriqueira nos manicômios. O episódio fez parte de uma deslavada tentativa de cooptação dos profissionais que trabalhavam no velho hospício para cerrar fileiras num dos segmentos surgidos com a divisão do movimento antimanicomial. Não deu certo. Venceu a cultura da letargia. A mesma que impede que o Partido dos Trabalhadores tenha seu próprio veículo de comunicação para abrigar as lutas sociais dos companheiros que dão a cara pra bater, sem nenhuma proteção institucional ou política partidária. Depois reclamam da coerência dos companheiros do aguerrido PSOL, que, além de manter um canal de comunicação com o mundo, abre espaço para as bandeiras da luta antimanicomial, como a terrível notícia sobre mais uma vítima dos manicômios brasileiros. Em tempo: (1) Continuarei no PT, como um "parlamentar" sem tribuna; e aqui, a mensagem não tem terceiras intenções, pois tenho tudo o quero nesta tribuna eletrônica. (2) O hospital psiquiátrico abaixo denunciado é o mesmo manicômio denunciado por Austregésilo Carrano Bueno ("Presente!") em sua obra "Canto dos Malditos", que inspirou o filme "Bicho de 7 Cabeças", dirigido por Laís Bodanzky. Carrano foi processado por calúnia e difamação pela família do Sr. Guimarães Ticoulat, diretor clínico daquele manicômio por mais de trinta anos. Resumo da história: Carrano, que morreria em 2008, foi proibido judicialmente de manifestar-se publicamente sobre os maus tratos e tortura que ali sofreu. Só eletrochoques foram 32, se não me falha a memória. Carrano vive.
Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR

O PSOL Curitiba levanta as bandeiras da luta antimanicomial e da Reforma Psiquiátrica, fortalecendo o SUS e defendendo atenção psicossocial a todos e todas. Lutamos por um tratamento humanizado àqueles que sofrem transtornos mentais.
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Amarrado, paciente morre queimado em hospital psiquiátrico no PR
Um paciente do Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro, de Curitiba (PR), morreu depois de ser vítima de um incêndio na madrugada deste domingo. Segundo a polícia, o paciente estava sedado e amarrado, quando, por volta das 2h, outros internos do andar superior sentiram o cheiro de fumaça e verificaram que havia um incêndio no quarto. O paciente foi encontrado em chamas e não resistiu às queimaduras.
Segundo o delegado Rubens Recalcatti, da Delegacia de Homicídios, o paciente foi conduzido pela Fundação de Ação Social (FAS), órgão responsável pela gestão da assistência social no município, ao hospital psiquiátrico por ser considerado violento. Na noite anterior, a vítima teria apresentado comportamento agressivo.
“Ele deu um soco no nariz de outro paciente, por isso, foi sedado e amarrado. Mesmo medicado, conseguiu desamarrar as mãos duas ou três vezes”, conta o delegado. O procedimento é tido como normal quando acontecem episódios com pacientes agressivos.
A polícia investiga o caso e trabalha com três hipóteses para descobrir a causa do incêndio: a de curto-circuito no quarto, a de incêndio criminoso (na qual alguém teria ateado fogo no paciente), e a de que o próprio paciente, de alguma maneira, teria se incendiado. Na segunda-feira, as testemunhas começarão a ser ouvidas.
Procurado pelo Terra, o Hospital Espírita de Psiquiatria Bom Retiro disse que entraria em contato para se pronunciar a respeito do incêndio quando fosse possível.
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Polícia solicita nova perícia para apurar morte de paciente em quarto do Hospital Psiquiátrico do Bom RetiroVítima tinha esquizofrenia e segundo funcionários teve surto e foi amarrada na cama
A polícia quer uma nova perícia no quarto 211 do Hospital Psiquiátrico Bom Retiro em Curitiba. Desta vez, peritos do Instituto de Criminalísticas especializados em incêndio foram solicitados para fazer o trabalho.
O objetivo será descobrir se o incêndio que matou Luiz Carlos Moscaleski dos Reis, 31 anos, foi provocado por um acidente ou se foi criminoso.
“Uma lâmpada foi encontrada em cima da cama, mas ainda não temos indícios suficientes para apontar o que realmente aconteceu naquele quarto na madrugada de domingo”, disse o delegado Rubens Recalcatti da Delegacia de Homicídios da capital.
Reis estava internado no hospital desde o dia 20 de novembro. Usuário de drogas, ele sofria de esquizofrenia e segundo funcionários, teve surtos psicóticos na tarde de sábado (26), em função da crise de abstinência. Resolveram sedá-lo e amarrá-lo na cama porque estava muito agitado; teria quebrado o nariz de outro paciente numa briga.
Na madrugada, enfermeiros viram fumaça saindo por baixo da porta do quarto onde Reis e encontraram a cama em chamas. Tentaram apagar o incêndio com extintores, mas já era tarde, o paciente havia morrido.
Investigações – “Estamos investigando a vida da vítima e aguardando o outro paciente, envolvido na briga, se recuperar para interrogá-lo”, explicou Recalcatti.
Enfermeiros afirmaram a polícia que o fogo começou depois de um curto-circuito, mas a polícia não descarta a possibilidade de crime. “Pouco pode ser afirmado, mas não descartamos nenhuma possibilidade neste caso”, concluiu o delegado.
Reis era morador de rua e foi encaminhado ao hospital através da FAS (Fundação de Ação Social) de Curitiba;o corpo permanece no IML da capital. A direção do hospital informou que não vai se pronunciar sobre o caso.

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