março 05, 2013

Ribeirinhos e Artistas juntos na Audiência sobre "O Polo Naval e as populações ribeirinhas tradicionais"? Por que não?

PICICA: A Caravana de Solidariedade aos Ribeirinhos Tradicionais detectou pelo menos duas estratégias tramadas para desmobilizar a Audiência Pública sobre a Desapropriação de Terras para a implantação do Polo Naval de Manaus. Uma no domingo passado, quando os pescadores foram convocados para uma reunião da Colônia de Pescadores; e outra conduzida pelo INCRA, que antecedeu em dia a Caravana para convidar os assentados do Assentamento Nazaré para uma reunião no dia 8 de Março, ou seja no dia da refererida Audiência. Diante de acontecimento que envolve a Cultura do Estado, resolvemos pedir apoio da classe artística. Saiba por que; veja o vídeo.

O discurso do Secretário de Estado de Cultura é a cara da tradição do sistema educacional e dos valores da classe média baré. Seu desejo de 'levar cultura' para o interior do Amazonas é a expressão desses valores, os quais são respaldados pela nostalgia de velhas artes que tanto encantam a pequena burguesia urbana. Esse ciclo vicioso está em pleno desgaste, menos pela exaustão do modelo que pela insatifação que se propõe a por fim à arriscada e patética passividade com que a classe artística vinha se comportado até então. A incessante trama dos negócios empreendidos em nome da Cultura - mais de 90 cargos comissionados e um generoso orçamento acabam de ser aprovados pela Assembleia Legislativa - geram, a cada dia, tensões que tendem a tomar corpo. O desabafo do cantor Célio Cruz é um deles. Vista sobre outro aspecto, essa cultura autoritária e elitista tem desdobramentos mais dramáticos. São discursos semelhantes ao do Secretário de Cultura que autorizam, por exemplo, a desapropriação de terras das comunidades tradicionais de ribeirinhos na zona rural de Manaus para a construção de um Polo Naval, desconsiderando os Direitos Econômicos, Sociais e Culturais dessas populações. Me insiro entre os que manifestam sua indignação em ambos os cenários. Oxalá a distância que separa esses dois segmentos - a classe artística e os ribeirinhos das comunidades tradicionais - não seja obstáculo para construir laços de solidariedade quanto ao que é comum. A propósito, dia 8 de Março, os ribeirinhos e os apoiadores da luta contra a desapropriação de suas terras convida a todos para a Audiência Pública sobre "O Polo Naval e as populações ribeirinhas tradicionais", a ser realizada às 10h00 na Assembléia Legislativa.

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