abril 22, 2013

PARA OS ARQUIVOS DO "MAU JORNALISMO": ATÉ A FOTOGRAFIA É "FAKE"

PICICA: Para os militantes do movimento socioambiental SOS Encontro das Águas, como o autor dessas 'mal-traçadas', presentes à audiência sobre o Polo Naval na Câmara dos Vereadores de Manaus, é lamentável a distorção da matéria abaixo. Nenhuma linha registra a insastisfação e a rejeição do projeto por nada menos do que 19 comunidades tradicionais de ribeirinhos, ali devidamente representadas. Até a fotografia é "fake". Para o observador mais atento, este é um sinal típico de mensagem com enderêço certo: 'nossas páginas estão prontas para a publicidade desse grandioso projeto'. Ora, façam o favor! Jornalismo crítico e investigativo deveria estar tratando de esmiuçar se temos cadeia produtiva para tanto, ou vamos repetir a montagem de produtos ao velho estilo "zona-franca", em que a maior parte dos componentes vem de fora do país? A que demandas atenderá o referido Polo Naval? A que mercados ele está destinado? Com que autoridade pretende-se substituir o modo de vida ribeirinho, cujas várzeas estão sujeitas historicamente a investimentos de uma timidez vergonhosa? A quem interessa dividir a opinião pública pondo na conta dos "atrasados" os percalços do desenvolvimento no Amazonas? Até quando a prática de racismo ambiental atingirá as famílias das comunidades ribeirinhas tradicionais em seus direitos econômicos, sociais e culturais? Quando este segmento da sociedade será incluído democraticamente no debate público que a matéria negou ao omitir as vozes da resistência?

Cerca de duas mil famílias devem ser beneficiadas pelo projeto do Polo Naval

Segundo a Seplan, na área onde efetivamente será construído o Polo Naval vivem, aproximadamente, 110 famílias, mas outras centenas de comunidades que vivem nas áreas adjacentes serão beneficiadas com serviços de infraestrutura,  criação de uma cidade operária, entre outras obras

Cerca de duas mil famílias devem ser beneficiadas pelo projeto do Polo Naval
Cerca de duas mil famílias devem ser beneficiadas pelo projeto do Polo Naval (Divulgação)
 

A Câmara Municipal de Manaus (CMM) realizou nesta sexta-feira (19), audiência pública para discutir a implantação da nova matriz econômica do Polo Naval na cidade e sua influência no novo Plano Diretor de Manaus. Cerca de 100 líderes comunitários participaram da reunião.
Cerca de duas mil famílias deverão ser beneficiadas pelo projeto do Polo Naval na área escolhida para a obra, o equivalente a 31 quilômetros na margem do Lago do Puraquequara, na Zona Rural de Manaus, próximo à comunidade de Jatuarana.
Segundo a Seplan, na área onde efetivamente será construído o Polo Naval vivem, aproximadamente, 110 famílias, mas outras centenas de comunidades que vivem nas áreas adjacentes serão beneficiadas com serviços de infraestrutura,  criação de uma cidade operária, entre outras obras. “Uma das nossas metas é manter a integridade e cultura tradicional das famílias. Nem todos serão obrigados a trabalhar na área operária, mas será uma alternativa de renda. Contudo, ainda estamos em fase de discussão e nada está definido”, observou o secretário executivo da Seplan, Roney Peixoto.
O vereador Everaldo Farias, que é o presidente da Comissão de Meio Ambiente da CMM, afirmou que ainda é muito cedo para dizer se é contrário ou favorável ao projeto do Polo Naval. “Eu sou a favor do desenvolvimento, mas com sustentabilidade e respeito às pessoas. Só não podemos ser radicais com um projeto que ainda estamos em fase de debate. Esse é o momento para questionarmos e apresentarmos soluções para a proposta que nasceu de uma necessidade econômica da cidade”, afirmou o parlamentar durante a audiência pública.
Pelo projeto do Polo Naval, todas as empresas que constroem  ou fazem manutenção de embarcações serão obrigadas a deixar a orla da cidade para se instalarem exclusivamente no local onde está previsto o projeto dentro das normais legais de preservação ao meio ambiente. “Acredito que devemos ponderar sobre os pros e contras dessa obra, mas atentando sempre para as necessidades das famílias e a preservação ao meio ambiente”, afirmou.
No ano passado, o segmento do Polo Naval registrou um faturamento de US$ 800 milhões. O setor emprega, atualmente, 14 mil trabalhadores, entre empregos diretos e indiretos. Com a construção do novo polo, os postos de trabalho devem chegar a pelo menos 30 mil vagas. Ao final da audiência pública, representantes de órgãos públicos e líderes comunitários escreveram uma carta que será enviada às instituições responsáveis pelo projeto do Polo Naval.
*Com informações da assessoria de imprensa.

Fonte: A Crítica

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