julho 08, 2013

"A cidade sou eu", para Regina Melo, Nonato Tavares, Otoni Mesquita e Suely Moss

PICICA: Enquanto aguardava o upload do vídeo abaixo, li dois comentários sobre o movimento de preservação da Praça N.S. de Nazaré. Um reduzia-o a um movimento ambiental, que ele não deixa de ser, mas é muito mais que isso; outro desviava o foco da ação, submetendo-o a interesses menores de supostos 'figurões da política local'. Daí resolvi escrever a seguinte advertência: "Cuidado! Ao se atacar autoridades, eventualmente beneficiadas pelo estacionamento que a Prefeitura quer fazer na Praça N. S. de Nazaré, perde-se a perspectiva das operações que estão em curso: interferências que visam por em dia a agenda da Copa. O projeto de mobilidade urbana - é disso que se trata - deve ser criticado e combatido vigorosamente, sobretudo porque não foi antecedido por uma consulta popular. A crítica de que a atual interferência atende 'apaniguados do poder' carece de melhor fundamentação e desloca o foco para interesses partidários. Nossa luta deve estar acima de interesses pessoais (no sentido privado da expressão) e partidários. É a cidade que está em causa. Queremos compartilhar das decisões que afetam a geografia, a história, a cultura e os bens materiais e imateriais da nossa cidade. Não precisamos de outros argumentos que permitam apropriação indébita de uma luta que é da cidadania. Com açúcar e com afeto."


A cidade não é a soma das individualidades que nela habitam. A cidade são as circunstâncias que constituem uma Pessoa. São as Pessoas em sua afinidades seletivas conectadas à rede que constituem a cidade. A cidade que me constitui é feita de memória afetiva, pela preferência em frequentar determinados lugares, pelas significações estabelecidas em determinados locais, pela geografia desenhada em minha necessidade de deslocamento diário... e pela ignorância de espaços que nunca fui. São as conexões entre as formações de cada um que recortam o mundo; de modo que as Pessoas são resultado da confluência das diferentes formações e articulações que a constituem como a cidade que ela é. Por isso, cada um pode dizer: "A cidade sou eu". Foi o que aprendi com a arquiteta e urbanista Rosane Araujo.

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