maio 23, 2014

Boletim Notícias da Terra e da Água ed 08 (CPT Assessoria de Comunicação): Dom Tomás Balduíno fez a sua páscoa; Bispos aprovam documento sobre a Questão Agrária; Semana da Terra Padre Josimo é encerrada com caminhada dos mártires


Ano 27 - Goiânia, Goiás.                Edição nº. 08 de 2014 – De 21 de maio a 4 de junho. 

Veja nesta edição:
- Dom Tomás Balduino fez a sua páscoa
- Dom Celso Pereira nos deixou
- Assentada e filha são encontradas mortas
- Bispos aprovam documento sobre a Questão Agrária
- Fórum Social Temático sobre energia é lançado em Brasília
- Encontro reúne integrantes de povos e comunidades tradicionais de todo Brasil, em Luziânia
- Pescadores protestam contra Belo Monte e fecham Transamazônica
- Munduruku são atacados com rojões por garimpeiros, comerciantes e prefeitura de Jacareacanga (PA)
- Sociedade civil encaminha representação contra relator do novo marco da mineração
- Fazendeiro e capataz são condenados a 130 anos de prisão
- Trabalhadores do MST são assassinados no Rio Grande do Norte
- Líder de assentamento do MST no Paraná é morto a tiros
- Semana da Terra Padre Josimo é encerrada com caminhada dos mártires
- Líder terena é baleado em Mato Grosso do Sul

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Dom Tomás Balduino fez a sua páscoa

Aos 91 anos, Dom Tomás Balduino, bispo emérito da cidade de Goiás (GO) e um dos fundadores da CPT e do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), faleceu na noite do dia 2 de maio, em decorrência de uma trombo embolia pulmonar. O adeus a Dom Tomás começou na Igreja São Judas Tadeu, em Goiânia – espaço dominicano que acolheu o religioso após se tornar bispo emérito. No dia 4, a missa de corpo presente foi marcada por diversas mensagens e histórias relatadas por pessoas que conviveram com Dom Tomás e o tem como mestre. Bandeiras de movimentos sociais coloriram a celebração. Após isso, seu corpo foi levado para a cidade que por muitos anos o teve como bispo, Goiás. Ao chegar à Catedral de Nossa Senhora de Santana, onde o corpo foi velado e enterrado, Dom Tomás foi recebido por cerca de 40 indígenas dos povos Apinajé, Krahô, Krahô-Kanela, Xerente, Tapuia e Karajá. Os índios pintaram o rosto de Dom Tomás, dançaram e falaram da sua importância na luta deles e dos demais povos. Ao longo dos três dias de despedida, foram muitas as homenagens, poemas, textos e falas que ressaltaram a figura de Dom Tomás. A notícia de sua morte correu o mundo, e aí, mais uma vez, foram várias as demonstrações de agradecimento e sentimento pela partida do dominicano. (Fonte: CPT Nacional)

 Dom Celso Pereira nos deixou

A CPT está mais uma vez marcada por sentimentos de saudade e pela esperança diante da Páscoa de Dom Celso Pereira de Almeida, que faleceu no dia 11 de maio, em Goiânia. Dom Celso foi fiel servidor do Deus dos pobres e dos pobres da terra. Quando bispo de Porto Nacional, no Tocantins, durante 22 anos, sempre esteve atento e solidário com os posseiros e outros trabalhadores e trabalhadoras do campo em situação de conflito pela posse da terra. Desde o início, esteve sempre ao lado da CPT Araguaia-Tocantins, da qual foi bispo acompanhante por anos. Que Dom Celso, de braços dados com Dom Tomás e Dom Moreira, possa permanecer na nossa memória como fonte silenciosa e corajosa da vocação solidária, profética e subversiva da CPT. (Fonte: CPT Nacional)

 Assentada e filha são encontradas mortas

Carmen Gilcilene Paes Pereira, de 44 anos, foi espancada e assassinada no dia 15 de maio, no assentamento Zumbi dos Palmares, em Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro. A filha dela, de 10 anos, que estava desaparecida desde a morte da mãe, foi encontrada morta no dia 19. A menina, segundo a polícia, tinha marcas de facadas e pauladas no corpo. O assentamento registra vários casos de assassinatos, sendo: Cícero Guedes dos Santos, Regina dos Santos Pinho e Carlos Eduardo Cabral Francisco. Gilcilane vivia na área desde o início do assentamento, há 17 anos. Ela morava e produzia no lote da família. Segundo a agente da CPT no estado, Carolina Abreu, a região vem sendo disputada por grupo(s) que têm interesse de arrendamento de lotes e negociações. Ela manifesta preocupação com a coordenadora da CPT Campos, Viviane Ramiro e seu marido Alcimaro, agente da CPT, que são vizinhos na área onde ocorreram os três últimos crimes. (Fontes: CPT Nacional e MST) 

 Bispos aprovam documento sobre a Questão Agrária

O plenário da 52ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou no dia 7 de maio o Documento sobre a visão da Igreja em relação à Questão Agrária Brasileira no século XXI. O processo de construção começou há 5 anos. Em 2010, um documento de estudos com o mesmo nome do documento foi publicado pela CNBB. Este documento serviu de base para a elaboração do documento agora aprovado. O Documento  está dividido em três partes. Na primeira, faz uma contextualização da situação agrária atual. A segunda parte traz o olhar dos bispos sobre a atual questão agrária, abordando a posse e o uso da terra à luz da Sagrada Escritura e dos Documentos da Igreja. Já na terceira parte, surgem os compromissos pastorais diante da questão. A parte final do Documento apresenta os desafios diante de realidades bem concretas: trabalho escravo, defesa da natureza, cuidado com a água, produção de energia sustentável. O episcopado também cobra do poder público uma posição sobre esta realidade. (Fonte: CNBB)

 Fórum Social Temático sobre energia é lançado em Brasília

Foi lançado no dia 15 de maio, na Câmara dos Deputados, em Brasília, o Fórum Social Temático Energia, que traz como tema central “Energia: para quê? Para quem? Como?”. O evento ocorrerá entre 7 e 10 de agosto desse ano, na Universidade Nacional de Brasília (UNB). No lançamento, estiveram presentes o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), a equipe de facilitação para a realização do Fórum, militantes, apoiadores e representantes de movimentos e organizações sociais e de comunidades tradicionais. Chico Whitaker, ativista social e membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz, destacou, durante o ato de lançamento, o perigo do uso de energia nuclear, defendida pelo governo brasileiro, e a crescente construção de usinas hidrelétricas no Brasil, em detrimento dos direitos dos povos tradicionais presentes nas áreas em que elas serão instaladas.

 Encontro reúne integrantes de povos e comunidades tradicionais de todo Brasil, em Luziânia

O Encontro Ampliado da Articulação das Comunidades e Povos Tradicionais ocorreu entre os dias 14 e 16 de maio, no Centro de Formação Vicente Cañas, em Luziânia, Goiás. O evento avaliou a conjuntura e as ameaças que envolvem as populações e comunidades tradicionais, no intuito de construir perspectivas para a luta desses grupos no País. Participaram do encontro representantes das populações indígenas, quilombolas, vazanteiros, fundo e fecho de pasto e das comunidades pesqueiras do Brasil, além de assessores da CPT, Conselho Pastoral dos Pescadores (CPP), do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Cáritas e da FASE. Diversas situações de violências vividas pelos povos também foram denunciadas, como o caso do Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia, que sofre constante pressão da marinha brasileira. A articulação trabalha na construção de estratégias para que os grupos tradicionais criem formas de resistência diante dessa conjuntura adversa. (Fonte: Assessoria de comunicação do Encontro) 

 Pescadores protestam contra Belo Monte e fecham Transamazônica

Na noite do dia 12 de maio cerca de 150 pescadores das colônias de pesca de Altamira, Vitória do Xingu, Porto de Moz e Senador José Porfírio, no Pará, realizaram um grande protesto contra a falta de negociação e indenizações por parte do Consórcio Norte Energia, responsável pela usina Belo Monte. Na entrada do canteiro de obras da usina, segundo o presidente da colônia de Porto de Moz, Laércio Farias, os manifestantes foram recebidos pela Força Nacional com balas de borrachas e gás lacrimogêneo. Farias relatou que muitas pessoas ficaram feridas após a ação policial. Em retaliação, os manifestantes queimaram quatro ônibus da empresa. Os pescadores fecharam ainda a rodovia Transamazônica em vários pontos, interrompendo completamente o trafego de automóveis. (Fonte: Xingu Vivo Para Sempre)

 Munduruku são atacados com rojões por garimpeiros, comerciantes e prefeitura de Jacareacanga (PA)

No dia 13 de maio, cerca de 500 garimpeiros, comerciantes e membros do Poder Público de Jacareacanga, no Pará, atacaram 20 índios Munduruku, durante ação contra a presença dos indígenas no município. Dois Munduruku foram feridos nas pernas depois de serem atingidos por rojões lançados pelos manifestantes anti-indígenas. A Polícia Militar estava durante o ataque, mas nada fez. No dia 12, cerca de 200 indígenas Munduruku desocuparam a prefeitura de Jacareacanga após conseguirem um acordo com o Poder Público. Durante uma semana, os índios reivindicaram o retorno às aulas de 70 professores indígenas, que este ano não tiveram o contrato renovado pelo município. Entre os manifestantes anti-indígenas, os Munduruku identificaram o secretário de Assuntos Indígenas de Jacareacanga Ivânio Alencar e o vice-prefeito Roberto Crispim. (Fonte: Cimi)

 Sociedade civil encaminha representação contra relator do novo marco da mineração

Um grupo de organizações da sociedade civil, movimentos sociais e cidadãos comuns, encaminharam, no dia 6 de maio, à Secretaria Geral da Mesa da Câmara Federal, uma representação inédita, por quebra de decoro parlamentar, contra o deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), relator do Projeto de Lei do novo marco legal da mineração. É a primeira vez que uma representação popular, por quebra de decoro, é apresentada contra um parlamentar pelo fato dele relatar um projeto de interesse direto de seus financiadores de campanha. O Código de Ética da Câmara prevê que deputados não podem relatar matéria de interesse de financiadores de campanha, caso do peemedebista, que admite ser financiado pelo setor de mineração e o defende abertamente. (Fonte: ISA)

 Fazendeiro e capataz são condenados a 130 anos de prisão

Quase 30 anos após o crime, o fazendeiro Marlon Lopes Pide e seu capataz Lourival Santos da Rocha foram condenados a 130 anos de prisão pelo assassinato de cinco trabalhadores rurais, crime ocorrido em setembro de 1985, na fazenda Princesa, no município de Marabá, no Pará. O julgamento foi realizado no dia 8 de maio, na capital, Belém. Os jurados acataram a tese da acusação e consideraram que Marlon foi o mandante da chacina. E Lourival tendo participação nos crimes, por obedecer as ordens de Marlon e levar os pistoleiros até as casas dos posseiros, obrigando-os a se dirigirem à sede da fazenda, onde foram torturados e assassinados sob o comando de Marlon. O fazendeiro continuará em liberdade até que sejam julgados os recursos de sua defesa. Lourival está foragido e teve prisão preventiva revigorada. (Fonte: Nota dos movimentos sociais e órgãos)

 Trabalhadores do MST são assassinados no Rio Grande do Norte

Os sem terra Francisco Laci Gurgel Fernandes, de 34 anos, mais conhecido por Chacal, e Francisco Alcivan Nunes de Paiva, de 46 anos, foram executados no dia 6 de maio, após uma mobilização na qual se encontravam 500 trabalhadores acampados da região de Apodi, no Rio Grande do Norte. As mobilizações faziam parte da jornada de lutas do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Em uma moto preta e sem placa, dois homens abordaram os militantes e atiraram neles. Os trabalhadores residiam no acampamento Edivan Pinto, onde também está sendo construído o perímetro irrigado do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), área onde os sem terra sofrem ameaças constantes de jagunços armados e seguranças da empresa que realiza a obra. (Fonte: MST)

 Líder de assentamento do MST no Paraná é morto a tiros

Valdair Roque, de 38 anos, líder do assentamento do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) Sétimo Garibaldi, em Terra Rica, Paraná, foi morto no dia 4 de maio, em frente a casa onde morava. Segundo a Polícia Civil (PC), dois homens chegaram à residência de Roque e passando-se por compradores de galinhas. Quando a liderança saiu da casa para atendê-los, os suspeitos dispararam vários tiros contra ele. A polícia informou que acreditava que o crime não teria sido motivado por conflito agrário. Em nota, o MST lamentou a morte de Valdair e alegou que o crime foi uma emboscada, pois a o trabalhador se tornou alvo de latifundiários e de políticos da região por ter atuado intensamente em negociações pela Reforma Agrária. (Fonte: G1 Paraná)

 Semana da Terra Padre Josimo é encerrada com caminhada dos mártires

Após diversas atividades e celebrações entre os dias 10 e 18 de maio, a Semana da Terra Padre Josimo foi encerrada em Aragominas com uma caminhada e uma missa em homenagem aos mártires da terra. O evento foi realizado pela Diocese de Tocantinópolis, CPT e Movimento Juvenil Dominicano. Durante a caminhada final, a comunidade carregou uma faixa com o rosto de Josimo e levaram estandartes com imagens de pessoas que entregaram suas vidas em defesa dos desfavorecidos, como Irmã Dorothy Stang, Dom Oscar Romero, João Canuto, Raimundo Ferreira Lima, o “Gringo” e Oziel Alves Pereira. Ao longo desses dias, o evento também contou com a palestra de Frei Betto na Universidade Federal do Tocantins (UFT), em Araguaína. Com o tema “Como podemos mudar este mundo?”, cerca de 150 pessoas lotaram o anfiteatro para ouvir as experiências do dominicano. No dia 10 de maio, completaram-se 28 anos da morte de padre Josimo Morais Tavares. Ele foi assassinado em 1986, quando entrava na sede na CPT, na cidade de Imperatriz, no Maranhão. (Fonte: CPT Araguaia-Tocantins)

 Líder terena é baleado em Mato Grosso do Sul

Paulino da Silva Terena, 31 anos, um dos líderes dos índios Terena que reivindicam a demarcação da Terra Indígena Pillad Rebuá, foi baleado no dia 19 de maio, em Miranda, no Mato Grosso do Sul. O índio saía de casa, no acampamento Moreira, quando percebeu a aproximação de pessoas estranhas. Outros índios ouviram gritos e chamaram reforços. Os criminosos, ao perceberem a chegada dos indígenas, se esconderam e realizaram vários disparos de arma de fogo. Um dos tiros acertou a perna de Paulino. Outros dois tiros atingiram o carro do Terena. Paulino foi atendido em hospital da região e recebeu alta médica. A Polícia Civil registrou um boletim de ocorrência por tentativa de homicídio. Não é a primeira vez que Paulino é alvo de um atentado. Em 2013, homens encapuzados atearam fogo no carro dele. O índio estava dentro do veículo e sofreu algumas queimaduras. A comunidade terena atribuiu a produtores rurais a tentativa de homicídio. O processo de demarcação da Terra Indígena Pillad Rebuá se arrasta há mais de um século. (Fonte: Agência Brasil)

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