novembro 18, 2014

"Não pague mico. "Dicionário" para debates políticos na Internet." Author: Diego Felipe

PICICA: "Em debates e discussões políticas nas redes sociais é impossível não nos depararmos com determinados conceitos das ciências humanas. Recentemente o momento eleitoral e o fenômeno dos “spamers” da extrema direita poluíram o espaço virtual com diversos debates superficiais que dificilmente superavam o nível do senso comum. Muitas vezes estas argumentações fundamentadas sempre na opinião demonstravam erros grosseiro de conhecimento de política. Para contrapor tais absurdos da militância virtual de senso comum vale a pena apontar o significado de conceitos chaves para orientar uma discussão coerente e não esquizofrênica sobre política e sociedade."

Não pague mico. "Dicionário" para debates políticos na Internet.


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Em debates e discussões políticas nas redes sociais é impossível não nos depararmos com determinados conceitos das ciências humanas. Recentemente o momento eleitoral e o fenômeno dos “spamers” da extrema direita poluíram o espaço virtual com diversos debates superficiais que dificilmente superavam o nível do senso comum. Muitas vezes estas argumentações fundamentadas sempre na opinião demonstravam erros grosseiro de conhecimento de política. Para contrapor tais absurdos da militância virtual de senso comum vale a pena apontar o significado de conceitos chaves para orientar uma discussão coerente e não esquizofrênica sobre política e sociedade.

Esquerda X Direita:




A divisão de setores políticos entre esquerda e direita surgiu no período da revolução francesa. Quando os membros da Assembleia Nacional se dividiram em partidários do rei à direita do presidente e simpatizantes da revolução à sua esquerda. Desde então direita passou a significar posição da ordem, da conservação e poder constituído e esquerda da mudança e das reivindicações de espectro social atrelados aos lemas da transformação social. Na esquerda podemos incluir progressistas, ambientalistas, social-democratas, socialistas, democrático-socialistas, libertários socialistas, comunistas e anarquistas , enquanto na direita podemos inclui fascistas, conservadores, reacionários, neoconservadores, capitalistas, neoliberais, monarquistas, teocratas, nacionalistas e nazis.

O que normalmente se confunde: 

Muitas vezes erroneamente entende-se que ser de esquerda é ser oposição a governos e que de direita é estar no governo. No entanto, nem sempre esta associação é válida. Dependendo da situação grupos de esquerda podem estar no governo (como no caso do Governo de Allende no Chile ou mesmo no de Chavéz na Venezuela) e a oposição pode ser composta de grupos de direita (como no caso da oposição golpista que derrubou Allende e instalou Pinochet no poder).

Governo, Estado e poder:


Outra distinção necessária é entre governo, estado e poder.

Estado é um conjunto de instituições (governo, forças armadas, funcionalismo público etc.) que controla e administra uma nação (país soberano, com estrutura própria e politicamente organizado). O Estado Moderno é responsável pela organização e pelo controle social detendo o monopólio da violência legítima.

Governo é a parte administrativa do estado, ou seja núcleo diretivo do Estado, na democracia capitalista alterável por eleições.
Poder: é a capacidade de deliberar e dependendo do contexto, a faculdade de exercer a autoridade, a soberania, o império.

O que normalmente se confunde:

1) Quem está no governo está no poder? Muitas vezes determinados grupos políticos chegam no governo mas por conta dos mecanismos gerais de administração do Estado ou mesmo por conta do contexto e composição social não conseguem exercer poder. Exemplo: determinados grupos políticos elegem um presidente, mas o legislativo e o judiciário são controlado pela oposição. Ou ainda, determinado grupo político tem maioria no legislativo e no executivo. Mas grupos econômicos com o apoio da mídia sabotam e atravancam as ações do governo.

2) Ser contra determinados governos não significa ser contra o Estado. Ou seja, determinados setores políticos são críticos a governos, por conta da não concordância com a administração do Estado. No entanto, estes mesmos grupos não são necessariamente contra a existência do estado. Exemplo: Liberais e sociais democratas podem estar na oposição por discordarem da administração do Estado. Mas os mesmos não defendem o fim do Estado. Comunistas normalmente são oposição aos governos, também acreditam no fim do Estado, mas acreditam que o Estado deve existir durante o socialismo e só posteriormente deve ser extinto. Enquanto anarquistas são necessariamente contrários aos governos representativos e ao Estado.
Progressista, conservador e reacionário.

Esta é outra distinção é bem importante para debates e orientações políticas. Entende-se como progressistas aqueles que são favoráveis a mudanças que levem ao desenvolvimento e o progresso da sociedade. Enquanto conservadores são aqueles ligados ao tradicionalismo que em geral se contrapõem a mudanças abruptas. E reacionário são aqueles que defendem a manutenção da ordem social frente a propostas de mudanças. Inclusive propondo mudanças no sentido contrário para restaurar o que foi modificado socialmente.
O que normalmente se confunde:

Alianças políticas nem sempre são feitas entre grupos políticos de mesma ideologia ou recorte político. Frente algumas conjunturas são feitas alianças mais amplas. Um exemplo clássico na história mundial foi a aliança entre liberais, sociais democratas e comunistas para enfrentar o fascismo e nazismo. No período da ditadura militar no Brasil também uniram-se sociais democratas, comunistas e liberais. Todas estas frentes foram possíveis por conta da crença na oposição entre reacionários e progressistas.

Pelego, Coxinha e esquerdista.
 
As denominações coxinhas e pelegos são denominações recentes mais informais:

A palavra pelego origina-se do termo utilizado para pele ou o pano que amaciava o contato entre o cavaleiro e a sela. O termo se popularizou no Brasil a partir da era Vargas para denominar líderes sindicais e sindicatos que eram submissos aos interesses dos patrões. Recentemente podemos entender como pelego aquele que faz o jogo político dos patrões, dos governos e etc. Coxinha é um termo paulista utilizado para se referir a indivíduos conservadores, que é politicamente correto e que se preocupa em adotar comportamentos que são aceites pela maioria das
pessoas. “Acredita-se que o apelido surgiu para descrever os policiais que estacionavam em frente a locais que vendiam este salgadinho. Mais tarde passou também a descrever pessoas "certinhas", que seguem as regras a qualquer custo. Esquerdista é um conceito criado pelo líder comunista Lenin no texto “Esquerdismo: Doença Infantil do Comunismo” para descrever setores políticos de esquerda que ele considerava extremistas e prejudiciais ao desenvolvimento do comunismo global. 

Fonte: Linhas de Fuga

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