fevereiro 18, 2016

Exclusivo: “nósoutros”, o novo trabalho autoral de Bob Wolfenson (REVISTA ZUM)

PICICA: "“A ideia desta série me ocorreu em 2012, num passeio pela praia de Coney Island, nos arredores de Nova York. Ao iniciar o caminho de volta a Manhattan, observei com interesse os desconhecidos que aguardavam para atravessar a rua depois de um dia de lazer intenso sob o sol escaldante do verão nova-iorquino. A postura compartilhada de meros pedestres esperando o sinal abrir os tornava semelhantes, ao mesmo tempo que figurinos e tatuagens, anatomia, cor da pele e atitude (euforia ou introspecção) os distinguia. Fotografei-os com minha Leica de pequeno formato e guardei essas imagens como uma simples curiosidade de viajante. Mais tarde, ao revê-las em meu computador, surgiu a vontade de fotografar e organizar cenas como aquela mundo afora, ressaltando um dos mais marcantes paradoxos do ser humano, tão evidente naquele primeiro instante registrado: o de ser igual e diferente, o desejo de pertencer a um grupo e ao mesmo tempo querer se distinguir dele." 

Exclusivo: “nósoutros”, o novo trabalho autoral de Bob Wolfenson

Bob Wolfenson Publicado em: 23 de outubro de 2015
GALERIA é a seção do site da ZUM dedicada a ensaios e séries fotográficas. Abaixo, em primeira mão, uma prévia de nósoutros, o novo trabalho autoral de Bob Wolfenson.
Bob Wolfenson, Coney Island, 2013, da série "nósoutros"
Coney Island, 2013

Cidade do México, 2015
Cidade do México, 2015

Londres, 2012
Londres, 2012

Miami, 2013
Miami, 2013

Nova York, 2013
Nova York, 2013

Paris, 2014
Paris, 2014

“A ideia desta série me ocorreu em 2012, num passeio pela praia de Coney Island, nos arredores de Nova York. Ao iniciar o caminho de volta a Manhattan, observei com interesse os desconhecidos que aguardavam para atravessar a rua depois de um dia de lazer intenso sob o sol escaldante do verão nova-iorquino. A postura compartilhada de meros pedestres esperando o sinal abrir os tornava semelhantes, ao mesmo tempo que figurinos e tatuagens, anatomia, cor da pele e atitude (euforia ou introspecção) os distinguia. Fotografei-os com minha Leica de pequeno formato e guardei essas imagens como uma simples curiosidade de viajante. Mais tarde, ao revê-las em meu computador, surgiu a vontade de fotografar e organizar cenas como aquela mundo afora, ressaltando um dos mais marcantes paradoxos do ser humano, tão evidente naquele primeiro instante registrado: o de ser igual e diferente, o desejo de pertencer a um grupo e ao mesmo tempo querer se distinguir dele.

A ambição de criar painéis representativos de identidades humanas diversas porém genéricas me levou a vários países e populações. Um ano depois voltei a Coney Island, devidamente equipado com uma câmera de médio formato que tem como característica principal a excelente qualidade na definição das fotografias, pois a exposição ideal desse trabalho é em grandes ampliações, que permitam ao espectador passear os olhos pelas imagens e ver até o que o fotógrafo não enxerga quando dispara o obturador. Escolhi também fotografar grupos mais singulares, como os judeus ortodoxos de Crown Heights, os afro-americanos do Harlem, ambos em Nova York, bem como executivos engravatados chegando ao trabalho num típico dia de frio do inverno inglês, na City londrina. No mais, a maioria das fotografias foi feita a partir da procura fortuita de lugares onde o afluxo de transeuntes parecesse adequado ao meu intuito.

Nova York, 2013
Nova York, 2013

Santiago do Chile, 2013
Santiago do Chile, 2013

Los Angeles, 2013
Los Angeles, 2013

Marrakech, 2014
Marrakech, 2014

Ao postar a câmera numa travessia de pedestres e apontá-la para os que esperavam para cruzar, enfrentei uma desconfiança natural. Contudo, como esperava, reconheci manifestações da moda, transformações da vida urbana e a pluralidade étnica das grandes metrópoles – tudo emoldurado pelas cenas registradas e caracterizado pela condição climática de cada local, determinante para a escolha da roupa e para o estado de humor dos passantes.

O processo de realização das fotografias seguiu princípios rígidos: as tomadas foram sempre feitas em cruzamentos ou faixas de segurança, e as pessoas estavam de fato naqueles lugares, mesmo que não tenham sido fotografadas no mesmo momento em que as que aparecem a seu lado na cópia final. Fiz algumas montagens para ressaltar os pressupostos que me levaram a realizar esta ideia. Por mais racional que seja uma empreitada como esta, o imponderável estará sempre presente enquanto houver o instante fotográfico. Nos anos em que me dediquei a este trabalho, pude perceber claramente que quando se está com uma máquina fotográfica no meio da rua, mesmo que com um tripé e com conceitos específicos em mente, não se pode controlar muita coisa. A rua é viva e nos impõe essa vivacidade.” (BW)///

Lisboa, 2014
Lisboa, 2014

São Paulo, 2015
São Paulo, 2015

Barcelona, 2014
Barcelona, 2014

Paris, 2014
Paris, 2014

Fonte: REVISTA ZUM

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