fevereiro 20, 2016

o quão a imagem de Thom Yorke fala sobre arte. Por Matheus Morais (OBVIOUS)

PICICA: "Olhar para uma imagem que é destoante do que se é visto normalmente e achar estranho e também maravilhoso. Olhar no olhar estranho de Thom Yorke mostra mais que só uma silhueta de errada fala imperfeita, fala sobre arte e sensibilidade." 

o quão a imagem de Thom Yorke fala sobre arte 


Olhar para uma imagem que é destoante do que se é visto normalmente e achar estranho e também maravilhoso. Olhar no olhar estranho de Thom Yorke mostra mais que só uma silhueta de errada fala imperfeita, fala sobre arte e sensibilidade.

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Thom Yorke é um dos fundadores da banda inglesa Radiohead, formada em 1985 e que é considerada uma das melhores bandas de todos os tempos, ativa até hoje. Thom é o membro mais notório da banda tanto por ser um compositor formidável e a voz fina que atinge os ouvidos de uma forma não encontrada em outras vozes na música, mas também pela sua imagem estranha, destoante de uma normalidade aos olhos.

Ao olhar diretamente para o mesmo na primeira vez, um sentimento de estranheza sobe a língua e exala da boca, olhar aquilo que parece alguma obra faltando algo, mas ao que se vai olhando repetidas vezes, não só para o corpo mas todo o conjunto, olhos, voz, cabelos, mãos mexidas, corporeidade, dança, é visível que vê-se diante de uma obra de arte viva. Parece um ser humano esculpido com ferramentas antigas e extremamente valiosas.

Olhar os olhos de Thom passa um sentimento de expressão, expressão de uma melancolia, tristeza e algo taciturno que os olhos dos ditos seres humanos perfeitos, sem deficiência ou falhas, nunca teve a audácia de passar, tanto abertos – ou semi-abertos – quanto fechados. O peso das pálpebras diante do que os olhos fechados passam, nenhum ombro de Golias parece aguentar.

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A “Salamandra” como era chamado pelos amigos em sua infância me soa como aquele quadro que se não saltar com os pés ou com a cabeça, não consegue ver além-moldura. 

A pele envelhecida e com veias saltantes da face, os cabelos desengrenados, as expressões que são personificações das faces da tristeza, da insegurança, de assombros, do freak, do weirdo demonstra o quão humano se pode ser. Os desenhados pela mão de deus em sua imagem e semelhança me soam tão imperfeitos e inumanos frente aos seus olhos frios, risos frouxos e colunas eretas.

Quando dança é uma performática que define o que é corporeidade, dança com violência maravilhosa e mantém a sua estranheza, grita a mesma e grita um tipo de aceitar-se, ou pelo menos o que fazer em relação a si, os movimentos das mãos rápidos, desengonçados, cospem uma vida e uma expressão da linguagem que transpõe a fala. Os pelos arrepiados é que conseguem absorver isso. 


Novamente, é uma obra de arte para se usufruir nos cinco sentidos, olhar os olhos dos “estranhos” fala tanto mais sobre o ser humano. Grita e esperneia verdades imperfeitas. A imperfeição torna-se tão tênue com a perfeição quando visto. A salamandra é mais humana que eu ou você, é isso que soa a voz do meu olhar quando olha essa imagem.

Matheus Morais

Palavras escritas, letras gritantes de um meio poeta de quarto, criatividade extinta pela realidade e alimentada pelo surreal. Romantismo e revolta se unem a cabeça de elefante. Ainda..

Fonte: OBVIOUS

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