março 20, 2016

Caro amigo. POR Equipe IMS (BLOG DO IMS)

PICICA: "Manifestações de pesar pela morte de José Carlos Avellar"

Caro amigo

POR Equipe IMS Cinema | 18.03.2016


Manifestações de pesar pela morte de José Carlos Avellar:

 

“Grande crítico de cinema, meu companheiro em muitas jornadas. Amigão. Cara unidimensional no bom sentido. Só tinha um lado: o lado bom. Tínhamos gostos cinematográficos bem diferentes, mas na essência éramos almas irmãs. A cinefilia carioca dos últimos 60 anos deve muito a 5 pessoas: Moniz Vianna, Ely Azeredo, Alberto Shatovski, Cosme Alves Netto e Avellar.” Sérgio Augusto, jornalista (pelo Twitter)

“Avellar foi um grande crítico, um embaixador incansável do cinema brasileiro junto aos organizadores dos festivais internacionais e um colaborador precioso do IMS. Mas para mim, ele será sempre a pessoa que, à frente da Rio Filme, deu a Coutinho a oportunidade de retomar a carreira. Sem Avellar não teríamos Santo Forte e, sem Santo Forte, Coutinho não teria realizado todos os filmes da segunda fase da vida dele. O que significa dizer que Avellar é responsável direto por uma das obras mais luminosas do cinema brasileiro. Para quem dedicou a vida a ajudar o nosso cinema, é difícil pensar num legado mais precioso.” João Moreira Salles, documentarista

“Se houve alguém que pensou o cinema em profundidade e compartilhou generosamente suas descobertas e intuições com o maior número possível de pessoas, esse alguém foi José Carlos Avellar, que morreu nesta sexta-feira (18/3), aos 79 anos. Como crítico, professor, gestor cultural (na Embrafilme, na Riofilme e, nos últimos tempos, no Instituto Moreira Salles), autor de livros fundamentais de cinema, mentor de gerações de jornalistas, estudantes e críticos da área, Avellar contribuiu como poucos para ampliar e aprofundar nossa cultura cinematográfica. Não há palavras para descrever o que sua perda significa para a cultura deste país.” José Geraldo Couto, crítico e colaborador do Blog do IMS

“Quando hoje pela manhã coloquei na lista de cineastas a notícia de que Avellar tinha partido começaram a chegar as manifestações. Eram tantas as mensagens de carinho, de admiração, que me deixou emocionada. Sabemos da importância dele como crítico, como ensaísta. São tantos os livros publicados, onde para sempre estará registrado sua paixão pelo cinema ao lado de um rigor teórico incrível. Tão difícil reunir a razão e o coração. E ele o fazia. Mas o que me deixou mais impressionada em todas as manifestações é que para nós, cineastas brasileiros, o Avellar foi antes de tudo alguém que via nossos filmes com um olhar generoso, procurando sempre o que de melhor nós podíamos oferecer. Conheci Avellar no copy do JB no início dos anos 80. Nesses mais de 30 anos ele foi aquele para quem mostrava meus roteiros, meus filmes, meus projetos. E ele sempre tinha alguma sugestão, alguma observação tão original que parece impossível fazer um novo filme e não poder ouvir sua opinião. Em um tempo tão destrutivo como o que estamos vendo, partiu hoje alguém que exerceu a afabilidade, a generosidade e que procurou ressaltar o que de melhor nós, brasileiros, temos. Ao nosso amigo. Muitas saudades.” Lucia Murat, cineasta

“Avellar era um mestre, e não apenas no cinema que ele tanto amava. Sua ação como crítico, pensador e incentivador do cinema brasileiro era sempre generosa, includente e extraordinariamente perceptiva. Era um homem de uma grande retidão moral e política, que fará muita falta. Como amigo e admirador do Avellar, estou muito triste. O mundo ficou menor hoje.” Walter Salles, cineasta (em depoimento ao Globo)

“Avellar era para mim um modelo a seguir, uma pessoa de cinema que ficou conhecido como crítico, mas que era um escritor apaixonado sobre filmes e sobre a história do cinema, com um olhar moderno sempre, tão moderno que eu nunca tinha me detido sobre sua idade, e foi hoje que eu descobri que estava perto dos 80. Curiosamente, as maiores lembranças que tenho de Avellar são no Festival de Cannes, onde devo ter conversado ao longo de anos durante horas, sempre em filas, às vezes em almoços. E acompanhava seus escritos, tanto em arquivo como em textos novos, via internet. Avellar foi também uma das primeiras pessoas fora do meu circulo de colaboradores que viu O som ao redor, e me deu uma compreensão muito precisa do que ele achava que o filme era e de como seria recebido. Obrigado Avellar.” Kleber Mendonça Filho, crítico e cineasta (diretor de O som ao redor)

“Quando eu era jovem e tolo e engatinhava como repórter e crítico de cinema do Jornal do Brasil, no começo dos anos 90, José Carlos Avellar foi um farol e um grande incentivador. Pessoa generosíssima, adorava conversar sobre  cinema e as coisas do mundo, porque o cinema era para ele parte inseparável do mundo. Mais ou menos nessa mesma época, Avellar estava à frente da RioFilme, emprestando sua sabedoria e experiência para ajudar a colocar de pé o cinema brasileiro, combalido pela decadência da Embrafilme e nocauteado por Fernando Collor de Mello. A atuação de Avellar foi fundamental no processo de recuperação da auto estima dos profissionais de cinema do país e na lenta reconquista do público. Seu respeito e influência foram fundamentais para reposicionar a produção brasileira no cenário internacional. Avellar amava o cinema político e foi um homem de ação política, de ação precisa e eficaz. Mas foi sobretudo um crítico apaixonado, de um texto singular, que fazia o movimento contrário da crítica tradicional. Em seus textos, Avellar não mergulhava nos filnes, ele alçava vôos inesperados, poéticos, surpreendentes.” Pedro Butcher, crítico

“José Carlos Avellar é um nome referencial a mim desde antes de eu pensar em trabalhar com crítica de cinema. O olhar para a arte, a estética, o Brasil, a América Latina e sua articulação de palavras e pensamentos eram exemplares do que eu acreditava (e ainda acredito) na relação do crítico com a obra. (...) Nunca fomos próximos nem amigos, mas havia uma rara cordialidade, respeito e fino trato dele para com as gerações mais jovens que poucas vezes se sente de forma tão atenciosa. Mesmo de gerações distantes, ele se aproximava de toda e qualquer geração. Ler e ouvir Avellar, na prolífica produção textual e em registros de áudio e vídeo, continuará sendo um prazer e um eterno aprendizado. Sua obra e seu pensamento permanecerão infinitamente entre nós.” Marcelo Miranda, crítico e pesquisador 

“Um verdadeiro cavalheiro de primeira ordem. Um formidável crítico, sempre engajado com a história, mas também com o novo: novos filmes, novos artistas, novas ideias, nova tecnologia e novas gerações. Que eu saiba, foi um dos primeiros críticos que explorou na internet a crítica na forma visual – apenas uma indicação do quão progressista José era. Ele sempre tinha muito interesse no que eu estava fazendo, no que eu estava pensando, e, embora fosse uma das principais cabeças da crítica de cinema da América Latina, me tratava como um dos seus. Uma maravilhosa luz agora está extinta, mas o seu trabalho e seu legado continuam.” Robert Khoeler, programador de festivais e crítico de cinema

“Hoje partiu meu grande amigo e mentor José Carlos Avellar. Sou muito grata pelo seu profundo carinho e generosidade, pelas palavras sábias nos momentos de dúvida e angústia criativa, pelo estímulo constante, por me ajudar a descobrir meu caminho pelo cinema, por me ensinar tanto sobre o Brasil. Sem Avellar, o experimento que se tornou o filme Juízo jamais teria sido possível. Um "homem de cinema em todos os momentos da vida". Sentirei muitas saudades.” Maria Augusta Ramos, documentarista (diretora do filme Juízo)

“É com pesar que recebemos a notícia do falecimento do crítico, curador, fotógrafo e montador José Carlos Avellar. Seu trabalho como pensador e articulador de cinema no Brasil e exterior é incontornável, e entre 2009 e 2012 sua relação com a Cinética foi direta, viabilizando a realização da sessão Cinética, no Instituto Moreira Salles do Rio de Janeiro, onde ele era responsável pela programação geral do cinema. Por lá, fizemos 28 sessões ao longo de dois anos e meio, exibindo mais de 50 filmes, acompanhados de publicações de textos, debates com críticos da revista e eventuais convidados especiais – como Eduardo Coutinho e o próprio Avellar. Trabalhar ao seu lado foi sempre um prazer.” Revista Cinética.

“Acabo de saber, com imensa tristeza, do falecimento de José Carlos Avellar. Impossível medir o tamanho de sua importância para o cinema não só brasileiro, mas latino-americano. Para mim, pessoalmente, é uma perda imensurável. Seu A Ponte Clandestina – talvez o melhor livro brasileiro sobre cinema já escrito (infelizmente esgotado) – teve uma importância decisiva na minha formação. Decisiva mesmo, a ponto de me fazer querer mergulhar na história do cinema latino-americano, algo que se transformou não apenas nos quatro anos do meu doutorado em curso, mas em uma escolha de vida inteira. (...)” Victor Guimarães, crítico

“Partiu hoje do nosso convívio o querido JOSÉ CARLOS AVELAR. Uma triste perda! Um importante interlocutor com os nossos filmes, sempre generoso, crítico, um homem que pensava o cinema brasileiro ao mesmo tempo que sua prática foi marcada pela abertura de espaços para exibi-lo, debate-lo, promovê-lo, seja na Cinemateca do MAM (onde o conheci no final dos anos 60), seja no Metropolitano, jornal da União Metropolitana dos Estudantes, braço do Cinema Novo, seja no Caderno B do Jornal do Brasil dedicado à crítica dos novos filmes, seja na Riofilme quando foi seu Diretor e responsável pelo apoio a importantes títulos do cinema autoral, seja como uma espécie de curador do Berlinarle - o Festival de Berlim, seja no IMS – cuja Curadoria promoveu a exibição pública de centenas de filmes nossos, da A. Latina, África, Europa – incluídas as mostras de cinema português contemporâneo. Um homem cordial, generoso e sério - que fará imensa falta! (...)” Luiz Carlos Lacerda, cineasta, no Facebook

“Disciplinado e metódico, José Carlos Avellar se autointitulava o ‘coração de pedra’, mas tinha uma sensibilidade rara, pouco visível a olho nu, mas logo notável com a convivência. Em alguns eventos internacionais de cinema, era capaz de ver mais de cinco filmes por dia, com uma aplicação zenbudista. Era difícil encontrá-lo contente com a "seleção oficial" de Cannes. Mais fácil vê-lo feliz com o programa principal da Berlinale, principalmente quando esta contemplava um filme brasileiro, geralmente uma recomendação sua. Respeitado como consultor de Berlim, a direção do festival o ouvia com muita atenção, em um alemão perfeito, língua que nunca contou muito bem como aprendeu. Um dia dos anos 80, entrou na minha sala na Embrafilme e disse, sem preâmbulos, que eu devia ir a Berlim com ele, levar nossos filmes para o "European Film Market". Berlim era para mim algo quase inalcançável, longe de passar por minha cabeça, mas, depois de sua convocação, fui 20 vezes seguidas ao Festival. Hoje, sabendo de sua partida, assaltou-me um grande sentimento de perda. A perda de um mestre, com quem aprendi muito. A falta de seu saber do cinema vai ser sentida nos quatro cantos do mundo e a lembrança de seu estilo único vai perdurar por muito!” Antônio Urano, produtor

"A crítica de cinema brasileira perdeu hoje seu maior expoente ainda vivo. José Carlos Avellar vai fazer muita falta. Foi um privilégio e um enorme aprendizado ter convivido com ele e com seus textos. Algumas das relíquias que escreveu podem ser encontradas aqui. Descanse em paz, mestre." Marcelo Janot, crítico, no Facebook

Fonte: BLOG DO IMS

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